POV-Lourenço
Seco as mãos na toalha depois de as lavar. Oiço uma porta bater com força, por isso saio da casa de banho.
-Credo! O que é que aconteceu? - pergunto à Juliana, que vai para o lavatório tinha a camisola. Ela põe detergente e esfrega furiosamente.
-Um imbecil entornou café em cima de mim e sujou-me a camisola. - ela explica. Quer dizer, podias ter tirado a camisola na casa de banho, mas preferiste tirar á minha frente?
-Lourenço a mancha não sai!!! - wow, ela está desesperada.
Ela vira-se com a camisola na mão e eu arregalo os olhos em surpresa ao ver a parte da frente do soutien que suporta as... Desvio o olhar e penso em alguma coisa.
-Porque é que não tomas um banho e vestes alguma coisa enquanto eu trato da mancha? - pergunto com os olhos postos no chão.
-Ok. - ela respira fundo, larga a camisola e entra na casa de banho.
Aliviado, vou buscar a camisola e levo-a para a ultima porta do corredor que é um quarto... Quer dizer, não é um quarto. É tipo uma área de serviço.Tem uma máquina de lavar, um estendal, uma tábua de passar roupa, etc. Comprei material de limpeza e isso tudo, mas a comida tenho de ir comprar com a Juliana.
Atiro a camisola para a máquina de lavar, ponho detergente em pó e ligo-a. Volto para a sala e sento-me no sofá ligando a televisão.
A Juliana sai da casa de banho enrolada numa toalha com as calças e o soutien nas mãos. Ai Jesus Cristo!! Deixo a cabeça cair para trás encostando-me ao sofá e levo as mãos aos olhos tentando esquecer o facto de ela estar nua por de baixo da toalha.
Vá lá Lourenço. Imagina que ela é um rapaz. Melhor. Imagina que ela é a Maia. Aquela psicopata, que ando atrás de ti durante meses. Oh sim... Está a resultar.
(...)
Deve ser 17h. Já fomos ás compras e compramos tudo o que era preciso. Estamos agora sentados a ver televisão. Temos os olhos focados na publicidade de natal. Lembro-me da camisola, por isso vou até a área de serviço onde ela está a secar e vejo que a mancha desapareceu. Vou para a sala com um sorriso nos lábios e vejo uma Juliana muito séria a olhar para a TV.
-Hey! - chamo e ela olha para mim - Surpresa! - mostro-lhe a camisola e um enorme sorriso cresce-lhe no rosto. Ela salta do sofá e abraça-me.
-Obrigada. És o melhor amigo de sempre. - as suas palavras deixam-me chocado. Nunca tinha parado para pensar nisso, mas se calhar ela também é a minha melhor amiga...
POV- Juliana
Ele foi um querido. Apesar de apenas se ter lembrado de pôr a camisola na maquina. E de eu saber que ele só sugeriu aquilo para me fazer vestir qualquer coisa, porque estava a fraquejar com a imagem do meu soutien. Ai Lourenço!! Tu não devias ter reagido daquela maneira. Eu juro que quando tirei a camisola, não me lembrei dele. Só pensei em tirar a nódoa. Mas eu sou o tipo de gaja que gosta de provocar. Adoro a maneira como as pessoas tentam perecer normais. E a forma como elas explodem de repente é hilariante.
Enfim. Decido ser eu a cozinhar. Mais ou menos às 20h30 começo a fazer a massa com queijo. A cozinha fica abafada e aproveito isso para iniciar as minhas provocações. O Lourenço está a ver o jogo de não sei quem contra não sei quem e não repara quando eu tiro a t-shirt. Sorte a minha que o apartamento está a temperatura ambiente.
Depois de pôr a mesa, chamo o Lourenço que desliga a televisão e olha para mim surpreendido. Ele senta-se ao meu lado no balcão muito desconfortável. Começamos a comer silenciosamente. Desta vez eu sou a concorrente e ele é o jurado. Uma das suas garfadas fica suspensa no ar.
-Veste alguma coisa! - ele pede calmamente.
-Porquê? - finjo-me de inocente.
-Veste! - pego na minha t-shirt e ponho-a no meu corpo. Ok, chega. Por hoje...
-Gostas da massa? - mudo de assunto.
-Sim. Está muito boa. - sorrio com a resposta - Onde é que aprendeste a cozinhar? - o meu sorriso desaparece com a lembrança.
-A minha mãe... Ela... Ensinou-me...
-Disse alguma coisa de errado? - fizeste-me lembrar da minha mãe. Idiota.
-Não. Está tudo bem. - minto.
(...)
Ao acordar, pego no meu telemóvel para ver as horas. São 11h43. Levanto-me e olho para as minhas malas abertas no chão. Tenho de arrumar as roupas, mas estou cá com uma preguiça. Saio do quarto diretamente para a casa de banho, escovo os dentes e vou para a cozinha ter com o Lourenço, onde ele prepara os seus cereais.
-Bom dia. - digo.
-Bom dia. - pego numa taça e junto o leite e os cereais.
Ao fim de comer, o Lourenço oferece-se para lavar a louça enquanto eu tomo um banho. Sempre gostei da sensação da água quente no meu corpo. A maneira como ela relaxa os meus músculos. Sinto-me tão bem. Quando saio, seco o meu corpo e visto as minhas leggingns pretas. Estou quase a vestir a camisola até que me lembro das minhas pequenas provocações.
Calço as pantufas e saio da casa de banho com apenas com apenas o soutien e leggingns. Deixo a camisola no quarto, pego no meu telemóvel e volto para a sala sentando-me no sofá ao lado do Lourenço. Ele revira os olhos já sem paciência, mas não diz nada.
-Está calor hoje. Não está? - pergunto-lhe enquanto me abano com a mão. Ele olha para mim desconfiado.
-Se tu o dizes. - o olhar dele. Ele já percebeu que eu estou a fazer de propósito. A sua expressão muda e parece que teve uma ideia. Uns dois minutos depois, ele resolve ir tomar banho. O que é estranho é que ele tem uma casa de banho no quarto, mas veio para a casa de banho do corredor, que tecnicamente é a minha. Eu estou a sentir.
Ele está a tramar alguma...
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Amor E Pesadelo
ChickLitJuliana é uma adolescente que aos 16 anos é expulsa de casa pela própria mãe. Depois de uma noite na rua Juliana acaba por aceitar a ajuda de um desconhecido. Mais tarde ela descobre que esse homem é mafioso e que não tem outra opção a não ser torn...