Depois de um banho demorado, onde conversamos sobre como seria nossa vida com os gêmeos, fizemos planos sobre a educação, divisão de tarefas, tudo parecia perfeito em nossos planos... Nos deitamos e dormimos abraçados sentindo o cheiro da pele um do outro.
Por volta das três da manhã eu simplesmente despertei, abri meus olhos e me sentia disposta como se tivesse dormido a noite inteira., tentei voltar ao sono, mas sem obter sucesso me levantei e coloquei a camisola que acabei não vestindo depois do banho.
Fui até o quarto das crianças para olhar mais uma vez, eu não me cansava daquilo... andei até a janela e pela primeira vez pude apreciar a vista noturna da janela do quarto deles, a Lua estava linda e assustadoramente grande, andei até o bercinho da Ninna e sorri ao imaginá_la dormindo nele, depois fiquei entre os dois bercinhos e cheguei a conclusão de que poltrona de amamentar havia ficado longe dos berços, então resolvi puxar a mesma...Ouvi um barulho abafado, como um "clock" e uma pequena pressão... logo um liquido quente escorre por minhas pernas, na mesma hora eu soube o que era, apenas pedi calma a mim mesma em pensamento.
_Ok Anne, você só precisa acordar o Johnny e ele cuida do resto...
Falo comigo mesma e tomo o rumo do nosso quarto onde ele dorme tranquilamente, meus pés estão molhados e escorregadios então ando devagar apoiada na parede, chego na porta do quarto e tiro os chinelos pisando no carpete, o que me dá mais segurança...
_JOHNNY!
Ele se vira devagar me procurando na cama, ainda de olhos fechados...
(J)_ Que foi amor? está tudo bem?
_Está, mas você precisa levantar agora...
Ele abre os olhos com dificuldade e me olha, parada do lado oposto da cama.
(J)_ Está na hora?
_Sim...
(J)_ Como você sabe?
_Ah Amor, a bolsa estourou... você lembra o que tem que fazer?
Ele salta da cama e pega o celular...
(J)_ Claro, avisar ao hospital, eles vão chamar os profissionais que você escolheu...
Johnny eu eu já havíamos conversado exaustivamente sobre quem estaria no parto, queríamos muito o parto humanizado, mas devido a tudo que passei na gestação, não seria possível, mas a família estaria presente, no meu caso Kim estaria presente.
_Eu aviso a Kim e as crianças!
Noéli nos auxiliou com as malas, que já estavam prontas a mais de um mês, mas perdi as contas de quantas vezes eu as desfiz e fiz novamente... Fomos para o Hospital e a família já estava de sobre aviso, Noéli avisaria quando eles poderiam de fato vir para o hospital...
Um andar inteiro foi disponibilizado para evitar curiosos, e os seguranças cuidariam disso...já faziam algumas horas que estávamos no hospital, já eram dez da manhã e eu sentia muita fome, só me deixaram tomar água e chupar picolé, no início eu rejeitei mas com a fome que estava os picolés estavam quebrando um galho.
Eu estava surpresa por não sentir dor alguma, Johnny estava preocupado, mais ansioso que eu... a toda hora perturbando as enfermeiras que vinham medir minha dilatação.
depois de horas de espera sem sentir nada, comecei a me preocupar, Ninna e Antony estavam muito quietos, comecei a desejar sentir a dor e todo aquele drama que assistia no Discovery H&H... mas nada acontecia.
_Johnny... eu não deveria estar sentindo dor? contrações?
(J)_Eu vou procurar o médico.
Não dá tempo, o médico entra no quarto e vem em nossa direção.
(Dr) Então como está s sentindo?
Pergunta enquanto coloca uma luva cirúrgica...
_Bem, mas não sinto dor alguma, isso é normal?
(Dr) Normal não é...mas é comum... você não está dilatando, parou nos três centímetros, e pelo que vejo não teve nenhuma contração.
(J)_ E o que acontece agora?
(Dr) Podemos dar uma medicação para induzir a contração e esperar por mais algumas horas, mas se dentro de três horas o quadro não mudar, teremos que partir para uma cesária ou os bebês entraram em sofrimento.
_Doutor, faça isso logo, não consigo imaginar que eles estejam sofrendo...quero que saiam logo.
(Dr)_ vou mandar que adicionem ocitocina no soro e vamos aguardar.
Ele sai do quarto e logo uma enfermeira vem com uma seringa e aplica a medicação no soro, Johnny me ajuda a caminhar pelo espaço e vez ou outra ele me abraça como se quisesse me confortar, mas sinto que ele precisa mais do abraço do que eu.
Depois de uns quarenta minutos começo a sentir uma leve cólica nas costas, como quando estava para menstruar, em minutos essa leve cólica se torna insuportável, estou sentada em uma bola azul, e Johnny massageia minhas costas com os polegares...
Uma enfermeira entra animada no quarto e toda sorridente avisa que chegaram visitas...
_ Eu não quero ver ninguém! manda todo mundo embora...
digo em um folego...
(J)_ Anne! são Lily...Jack...Kim...lembra? nossa família...
_Você não te ideia de como isso dói... ahhh
(J)_ Não... não tenho, mas nós te amamos e queremos dividir esse momento com você.
_AHHHHH CALA A SUA BOCA INFERNOOOO
Johnny arregala os olhos surpreso e fica em silêncio...
(X)_ Não leve para o lado pessoal, é assim mesmo... ela está com muita dor, qualquer coisinha que você fizer vai irritá-la, deixa ela quieta, apenas faça...não fale.
(Dr)_ Vamos ver como está a dilatação?
Me deito com a ajuda da enfermeira e de Johnny, o médico coloca aquela maldita luva... não aguento mais levar dedada de médico, enfermeira, parece que todo mundo entra aqui apenas para colocar os dedos em mim...
_E então?
(Dr)_ Está completamente dilatada... já podemos começar!
Olho para Johnny, ele está com um grande sorriso nos lábios e apertando minha mão com mais força do que eu gostaria.
(X)_ Posso mandar as visitas entrarem?
Sim! respondemos em uníssono.
Kim entra primeiro e vem ao meu encontro, eu tento corresponder ao seu sorriso, mas sinto que outra contração está chegando e a vontade que tenho é de segurar nos cabelos dela e arremessa-la contra a parede...
Lily e Jack apenas sorriem e me cumprimentam a distancia, tenho certeza de que apesar de desejarem ver logo os irmão, não estão afim de me ver sendo partida ao meio...
Os três se sentam no sofá enorme de couro localizado em um canto do quarto, Johnny permanece ao meu lado, segurando minha mão e me fazendo cafuné. Posso contar mais de sete pessoas entre médicos e enfermeiras, minhas pernas são colocadas na beirada cama, uma em cada extremidade, o médico está sentado de frente para mim... se esse não fosse o momento mais importante da minha vida, com certeza seria o mais constrangedor.
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UM CONTO SEM FADAS
FanfictionAnne nunca viu o mundo como ele realmente era, acreditava nas pessoas e acreditava que tinha sorte, sempre foi pé no chã, nunca precisou de muito para ser feliz, apesar de não precisar, ela tinha um emprego, amigos simples e gostava de divertimen...