Johnny dirige em silêncio até em casa, aperta o volante de tal maneira que deixa as pontas dos dedos brancas, observo em silêncio, resolvi deixar ele digerir seja lá o que estiver sentindo.
Ao chegarmos em casa ele da a volta no carro, abre a porta e me ajuda a descer, como sempre faz.
Andamos em silêncio, lado a lado..._Você não vai subir?
_Não, preciso arrumar umas coisas no estúdio, não precisa me esperar.
Resolvo deixá-lo em paz, amanhã é o grande dia, ele vai voltar ao normal. Tomo um banho rápido e me deito, o sono me domina e eu apago.
Acordo procurando por Johnny, que não está na cama, olho meu celular e já passa das três da madrugada.
Desco atrás dele, mas encontro a porta do estúdio trancada com a luz vermelha da porta acesa, não adiantaria bater, me sento de frente à porta, encostada na parede...já devem ter se passado mais de 40 minutos e nada da bendita luz se apagar.Subo de volta ao quarto, frustrada e angustiada, ele está me evitando, mas por que? Ciúmes? Por que ele não brigou comigo então?
A luz do sol nascente já invade as frestas da cortina quando consigo dormir novamente.
_Anne! Anne acorda!
Vai acabar perdendo a hora da consulta.Meus olhos custam a se abrir, ainda ardem com a necessidade de descansar.
_Nossa, é sério? Tô com muito sono ainda.
_Ok, então durma e depois remarque a consulta.
_Tá brincando né? Você dormiu no estúdio?
_Não, mas passei a noite lá, nós vamos ou não?
_Claro que sim, me arrumo em 10 minutos.
Ele termina de calçar e sapato e sai do quarto, não acredito que ainda está chateado comigo.
Tomo um banho apressado, e coloco um vestido branco e longo, acinturado abaixo dos seios e de alcinhas finas com um decote em "V". Desço com o cabelo molhado mesmo, Johnny já está impaciente.
_Bom dia Clair! Me serve um café bem rápido? Por favor!
_Johnny termina seu último gole na xícara e se levanta.
_Anne, pega uma fruta e vamos, tô esperando no carro.
Eu fico pasma com a atitude dele, Clair me olha sem entender, e já pegando um guardanapo, embrulha um pedaço de bolo e me entrega junto com uma maçã.
Chego na garagem e ele já está no carro, entro e jogo minha bolsa no banco de trás, logo trato de abrir o embrulho onde está o bolo e ele me interrompe.
_Eu falei para pegar um fruta Anne, vai encher meu carro de farelo!
_Ok, eu como uma fruta então...
Embrulho de volta o bolo e pego a maçã, tento puxar assunto durante o percurso, sem sucesso.
Chegamos na hora marcada, a secretária foi avisar de nossa chegada e logo retornou nos mandando entrar no consultório.
Me levanto com as mãos suando frio, meu estomango revirando de ansiedade e minha bexiga quase explodindo._Johnny, vamos?
_Acho que vou esperar aqui...
_O QUE? -Falo indignada- Olha eu entendo que esteja com raiva de mim, mas você vai perder esse momento por orgulho?
Estendo minha mão e ele a segura, se levanta e entramos juntos no consultório.
Faço toda a rotina de trocar a roupa pela que me é fornecida e deito na maca.
O Médico expõe minha barriga e apalpa, mede e coloca uma boa quantidade do gel indutor.Olho para Johnny, que permanece inexpressivo até o médico lhe perguntar se vai querer saber o sexo.
Ele me olha e nós dois acenamos positivamente com a cabeça, um esboço de sorriso se forma no canto de sua boca.O médico começa a ultrassonografia e nos mostra cada detalhe que encontra, eu estou radiante, as lágrimas já descem pelo meu rosto.
Johnny observa os detalhes na tela...(M) _Olha, vou pedir que você mude de posição, deitando de lado, estou tendo dificuldades de ver algo no exame.
Meu coração quase para ao ouvir isso, olho para Johnny em busca de conforto, mas ele parece aflito.
Me deito de lado e o médico começa tudo de novo, ele apalpa minha barriga como se quisesse virar o bebê, o que me gera muito encomodo.
(M) vamos ver agora se tem alguém se escondendo aí...
Ele encosta o aparelho em minha barriga e solta uma gargalhada, instintivamente rimos junto, mas sem ao menos saber porque.
(M) Peguei você danadinho!
_Danadinho? É um menino? -Johnny não se contém-
(M) Bom papai, se você queria um menino, pode ficar feliz!
Johnny tem o sorriso mais largo que já vi em seu rosto...
(M) E mamãe, se você queria uma menina, pode ficar feliz também!
Encaramos o médico sem entender o que ele estava dizendo, com toda paciência do mundo e como se nós fôssemos dois idiotas, ele voltou a explicar.
(M) São dois bebês! Um menino e uma menina!
_Doutor, está me dizendo que tem dois bebês dentro de mim?
_Anne, acho que foi exatamente isso que ele disse.
O resto do exame foi muito emocionante, vimos os pezinhos, e mãozinhas, ainda muito pequenininhos, as cabecinhas e o médico mostrou os rostinho se formando, mas ficou na nossa imaginação, porque não vimos nada.
Eu saí do consultório com um misto de alegria, medo, ansiedade...Johnny parecia feliz, mas nem toda essa felicidade fez ele voltar ao normal.
Assim que cheguei em casa liguei para Kim e dei a notícia, ficamos muito tempo ao telefone, quando finalmente nos despedimos fui de encontro ao Johnny, era hora de contar para as crianças e para a mãe dele.
Ignorei a porta do estúdio dessa vez e bati insistentemente até ele abir...
_Está tudo bem?
_Sim, então vamos ligar para as crianças! -digo com uma animação quase infantil-
_Eu já liguei, já contei para todos não se preocupe.
Minha animação se transformou em indignação instantaneamente.
_Você só pode estar de brincadeira!
_Não, não estou! Porque?
_Escuta Johnny, eu te dei espaço para você digerir o que está sentindo, mas você já passou do limite, se tem alguma coisa te incomodando e você vai descontar em mim, eu tenho o direito de saber o que é.
Ele sorri com ironia...
_Você sabe o que é Anne, você sabe o que faz, se tem alguém aqui que precisa ser informado de alguma coisa, esse alguém sou eu!
_Do que você está falando?
_Eu quero ver até quando você vai mentir para mim! Até quando Anne?
Sim, eu já cheguei à conclusão de que ele sabe ou desconfia do que houve no apartamento do Henrique.
_Johnny... Meu amor... Me escuta!
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UM CONTO SEM FADAS
FanficAnne nunca viu o mundo como ele realmente era, acreditava nas pessoas e acreditava que tinha sorte, sempre foi pé no chã, nunca precisou de muito para ser feliz, apesar de não precisar, ela tinha um emprego, amigos simples e gostava de divertimen...