CAPÍTULO 66. VIM BUSCAR PESSOALMENTE

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Depois da conversa com a Kim fiquei cismada, será que a Amber ainda não desistiu? O Henrique parecia ter voltado ao normal, mas já vi o lado estranho dele e não posso mais confiar.

Mike me arrumou um contador que trabalha com administração de casas e condomínios, ele vai cuidar dos pagamentos de impostos e remuneração dos funcionários. Mike já me deixou de sobre-aviso, caso meu pai me procure quando perceber os gastos, devo pedir que trate tudo com ele.
Agora tenho uma empregada, carro com motorista e em breve uma babá, quero conhecer ela bem, antes dos bebês nascerem, então ela vai me ajudar com o enxoval, assim passaremos bastante tempo juntas.

Tenho saido todos os dias, uma arquiteta está fazendo a reforma de um dos quartos, os bebês ficarão no mesmo quarto, para minha comodidade e porque a privacidade é algo que só se deseja na adolescência, assim eles sempre terão um ao outro até que se odeiem e queiram seu próprio espaço.

Meus dias tem sido assim, saio com uma lista, entro em milhares de lojas, os vendedores me mostram coisas que não faço idéia do que sejam ou para que servem, então voto para casa perdida e sentindo pena dos meus filhos.

Sento exausta no sofá e abro meu Notebook, um email me chama a atenção, é do laboratório.
Meu coração aperta e um arrepio percorre minha espinha ao pensar que Johnny deve ter recebido o mesmo email.
O resultado está em anexo, este não me enteressa, eu já o conheço...será que ele já leu?
E novamente tudo em que eu tenho evitado pensar invade minha cabeça.
Ele já terminou as gravações, já deve estar na cidade, durante todo esse tempo não recebi um telefonema se quer...
Pronto...agora até saber notícias dele eu não me darei paz.

Já estou de quase cinco meses, ainda não senti os bebês mexerem, o médico diz que são pequenos e que é normal por serem dois. Minhas costas doem e doem muito, as vezes Noéli precisa me ajudar a levantar da cama, Noéli é minha empregada, um amorzinho de pessoa.
****

Na manhã seguinte ela me acorda com uma xícara de café com leite, ela diz que poucas coisas na vida não se resolvem com um cafézinco bem quente, eu acho graça mas tenho concordado com ela...Me levanto muito mais disposta depois de tomar o café.

Tomo meu banho animada, tenho conversado muito com os bebês, saio com a toalha enrolada na cabeça e pego o celular, que toca insistentemente em cima da cama.

_Alô!

_Bom dia.

E o inevitável acontece...

_Bom dia.

_Ah...eu recebi o resultado dos exames.

_Eu também.

_Anne, eu não vou me desculpar por nada!

_Me ligou para dizer isso?não era necessário.

_Não, liguei para dizer que estou muito feliz e que quero participar de tudo.

_Vai ser meio complicado participar de tudo, já que você não está aqui.

_Anne... Me avisa da próxima consulta ok?

_Sim, aviso sim... ah johnny! Você viu os dois resultados?

_Como assim?

_ São dois bebês, dois exames...vai que um deles não é seu!

Desligo o telefone e tudo que eu consigo sentir é raiva, como ele pode ser tão frio?
Como vou lidar com isso agora? Ter que ver ele, isso vai acabar comigo.

Chega uma mensagem:
"Quando é a próxima consulta?"

Ignoro a mensagen e decido ir ao escritório da arquiteta que está fazendo o quarto dos bebês.

Ela me mostrou um livro gigantesco com papéis de parede, a cada página que eu virava ficava ainda mais indecisa, escolhi as cores amarelo e cinza e estampa Chevron, a mulher achou aquilo tudo muito excêntrico e fiquei desanimada.
Ela me mostrou o projeto dos móveis em 3D, me pareceu tudo muito lindo, me tranquiliza o fato de ela ser mãe, ela me explicou a necessidade de ter um trocador, e como uma poltrona bem confortável ajudava na hora do mamar.
Apesar de me sentir um fracasso, eu amava dedicar meu dia a fazer coisas para eles dois...a única parte ruim é ter que se esquivar das preguntas "e o pai o que acha? " "nossa o pai deve estar todo bobo" "como vão se chamar?" A resposta para todas era "Não sei!" O que deixava as pessoas muito constrangidas, mas não mais do que eu.

Fui almoçar com a Kim e contei para ela do contato de Johnny.

_Como foi ouvir a voz dele?

_Ah...eu me odeio por me sentir assim, mas... ah amiga, aquela voz me arrepia até a alma, por isso tenho que evitar ele, como vou encarar ele? Não vou poder tocar, beijar e...você sabe...

_Quem disse que não? Ele tá te tratando assim porque tem medo, tá te afastando porque sabe que não conseguiria dizer não.
Se eu fosse você ia bem gostosa nessa consulta e deixava ele doido...

_Bem gostosa? Tá esquecendo de um pequeno detalhe, na verdade dois...

_Ah Anne! Ele é homem...quem liga pra essas coisas somos nós.

_Amiga sua sugestão é tentadora, mas eu não quero uma transa com ele, na verdade eu quero, quero muito! Mas como eu iria me sentir depois? Ele vai ser frio comigo de novo e eu vou desejar a morte.

_Eu acabo com ele se ele fizer isso!

_E você, com o Henrique ainda?

_Acho que sim, parei de procurar por ele e ele parou de me procurar, só nos vemos na Personalité, lá nós somos namorados, mas é uma coisa estranha.

_Ai Kim, só você para continuar com isso.

Terminamos nosso almoço, Kim segue para o trabalho e eu para casa.
Assim que chego em meu prédio sou abordada pelo porteiro, que me alerta sobre uma visita que me aguarda no Hall, já que os únicos autorizados a subir direto são meus funcionários e a Kim.

_O que você está fazendo aqui?

_Vim buscar minha resposta pessoalmente, já que ela não chega nunca pelo telefone.

Ele está tão, mas tão sexy que minha intimidade pulsa de desejo, ele se levanta e anda até mim, tira a mão do bolso da calça e a coloca no meu rosto, depositando um beijo do outro lado.
Posso sentir o calor da boca dele e sua respiração na minha face...meu cérebro já começa a trabalhar com a hipótese de implorar para ser fodida por ele.





UM CONTO SEM FADASOnde histórias criam vida. Descubra agora