Misaki (My fragile heart)

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Acordei com o meu celular vibrando.

Despertador 4:30

Tomar Remédio N° 4

Liguei a luz e procurei, com cautela, o remédio na minha bolsa. Acontece que ter cautela não é minha melhor qualidade e acabo derrubando meu celular e o livro no chão.

-Merda. –Murmuro.

-O que está fazendo? –Bato a minha cabeça com tudo na mesinha de apoiar a comida. Gemo de dor.

Mary da uma risada gostosa.

-Você me deu um susto! –Falo com uma careta passando minha mão no local onde provavelmente nascerá um galo.

-Desculpa. –Disse ela tentando segurar o riso. –Quer que eu peça gelo?

-Quero. –Disse e ela chamou a aeromoça.

-Boa noite, você poderia me dar um copo com gelos? –Perguntou Mary para a elegante moça com roupas sofisticadas e o lenço indispensável.

-Claro, só um momento.

-Achei que estivesse dormindo. Estou procurando meu remédio. –Começo a tirar todas as cartelas de remédios jogados dentro da bolsa e finalmente o acho.

-Nossa, quanto medicamentos! –Diz surpresa –Aposto que tem remédio para dormir também.

-humm, deixa eu ver –Começo a procurar e acho a cartela, mas vazia. –Está vazia.

-Ah –Suspira decepcionada –Tudo bem.

-Aqui está o gelo. – Diz a Aeromoça.

-Obrigada. –Mary agradece e a moça se retira. –Aqui, pegue alguns cubinhos. –Estende o copo de plástico.

-Obrigada. – O pego. – Você está com insônia né? É um saco mesmo. –Digo abrindo minha garrafinha de água e pondo o medicamento goela a baixo.

-Sim, sempre tenho, mas acabei esquecendo na bolsa maior. –Olha para a cartela do meu comprimido –Você tem problema de coração?

-É...Bom, tenho. Preciso tomar remédios controlados, mas nada muito sério. –Digo com um sorriso tímido.

Não gosto de falar sobre meus problemas de saúde, e ao falar a frase: "nada muito sério" estava dizendo uma grande mentira. A verdade é que não estou indo para Portugal somente para passear, e sim para fazer um tratamento de coração.

Não temos muito dinheiro e eu só podia fazer o tratamento correto fora do país. Meus pais pesquisaram muito e até que encontraram um hospital muito bom em Portugal, o que foi ótimo já que minha irmã e uma amiga muito próxima minha moram lá. Eles começaram a trabalhar muito duro, fazendo horas extras e até mesmo deixando de comer, durante meses para pagar o hospital e minha passagem. Eu brigava para que me deixassem trabalhar também, mas falavam que era muito arriscado já que a qualquer hora meu coração pode resolver parar.

Quando minha irmã ligou para minha mãe falando que o dinheiro que eles haviam mandado foi o suficiente para pagar por 6 meses o hospital com o tratamento completo, foi uma alegria só. Como os pais da Emily são muito ricos, ajudam meus pais com as contas de água e energia, resolveram que pagariam todas as despesas na Europa. Meus tios querem ajudar mais com os custos do hospital e da casa, porém meus pais não acham certo que eles ajudem mais do que deveriam. Meu pai e minha mãe perceberam que não poderiam vir comigo por conta do emprego, mas quando conseguirem o dinheiro suficiente irão para Europa também. Por conta disso, os pais de Emily compraram uma passagem para ela para que eu não viesse sozinha.

O destino ao nosso lado(Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora