Quando olhei Dona Beatrice e Seu João –Meus pais –na porta do quarto de hospital, senti-me ainda mais perdida e debilitada. A aparência deles era horrível, mamãe estava com enormes olheiras, suas mãos com várias cicatrizes, o que não é de se estranhar – Já que ela trabalha como costureira em um departamento de vestidos de noivas – Meu pai estava bem abatido, ele tem somente 35 anos, mas parecia estar com 50. Cabelos grisalhos e corpo frágil. A culpa de todo aquele sofrimento que eles estavam passando era minha, por conta disso e muitos outros motivos eu comecei a chorar pela quarta vez em um único dia. Meus pais entraram no quarto em um desespero e me abraçaram enquanto ambos também choravam, o ato fez com que Mary se levantasse da cama.
-Oh minha querida, tudo vai ficar bem, estamos aqui agora. –Minha mãe afagava meus cabelos enquanto eu soluçava.
-Pode chorar pequena, derrame todas as tormentas que estás sentindo, não guarde para si mesma.
Seu João formou-se em psicologia, tinha sua própria clínica, mas teve que vender para pagar 3 anos de tratamento logo no início quando descobriram minha insuficiência. Depois ele começou a fazer bico de mecânico e foi contratado em uma mecânica que pagava 1\2 salário mínimo, o que é muito pouco para sustentar-nos.
-Eu estou com tanto medo. –Eu disse já olhando diretamente para os olhos de meus pais.
-Não precisa ter medo, vai dar tudo certo, você fará o transplante em breve, tenha fé nisso. –Dona Beatrice tentava consolar-me, fazia carinho em meus cabelos enquanto meu pai alisava minhas bochechas.
Pelo o canto do olho, eu vi Mary afastada em um canto nos observando, ela chorava silenciosamente.
-Mãe, pai, essa é Mary. –Olho para ela. –É uma amiga, filha da minha médica, que conheci no avião.
A garota de olhos verdes aproximou-se.
-Oi, prazer Mary. –Minha mãe a cumprimentou –Eu sou Beatrice.
-Eu sou João. –Apertaram as mãos.
-Prazer em conhecê-los, vocês têm uma filha encantadora. –Sorri para mim –E não se preocupem, ela está em boas mãos aqui no hospital.
-Obrigada querida, fico feliz por Misaki já ter feito amizades tão rapidamente.
-E sabemos que ela está em ótimas mãos. –Meu pai conclui.
-Vocês chegaram agora do Brasil? –Pergunto.
-Sim, viemos direto para cá, nossas malas estão na recepção com a sua irmã.
-Se vocês estão aqui, isso significa que conseguiram dinheiro suficiente para ficarem aqui comigo durante o tratamento, não é? –Dei um enorme sorriso. Mas logo o desmanchei ao ver a cara de desolação deles. –O que houve? –Franzi o cenho.
-Querida, é melhor contarmos depois. –Mamãe faz carinho em minha mão.
-Acho melhor eu ir, vou deixar vocês a sós para terem mais privacidade, tudo bem? –Mary se aproxima e deixa um beijo molhado em minha testa. –Vai ficar tudo bem. –Ela sussurra em meu ouvido e, em seguida, sorri para meus pais e retira-se do quarto.
-Me falem, por favor, eu preciso saber.
-A verdade filha, é que –Papai limpa a garganta antes de continuar. –Eu perdi o emprego, só conseguimos comprar a passagem de vinda.
-C-como? M-mas, como iremos sobreviver? Não t-tem como. –Eu não estava conseguindo falar. O nó na garganta veio, meus olhos começaram a ficar vermelhos e cheios de água e logo as lágrimas rolaram novamente pelo meu rosto.
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O destino ao nosso lado(Romance Lésbico)
RomansaMary é uma encantadora garota de olhos verdes que está tentando esquecer o passado, seguir em frente. Dócil. Prática. Responsável. Cautelosa. Segura. Misaki, uma garota sonhadora e persistente.Divertida e criativa. Proporcione para ela uma tarde co...