Nostalgia. (Mary)

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Não sei exatamente o que me deu na cabeça para chamar Misaki para sair, ela claramente deve estar me achando uma psicopata. Mal consegui dormir noite passada pensando nela, mas principalmente pensando em como eu precipitei as coisas. Merda, por que diabos eu fui fazer isso? Eu sou uma burra, idiota, sonsa, lesa...

Enquanto xingava-me, andava pelo o meu quarto de um lado pro outro, conseguia ouvir o chão ranger já gasto. Para esquecer a burrada que eu fiz, resolvo tomar um banho e depois aceitar o pedido de minha mãe para irmos a um passeio.

Em baixo do chuveiro, apenas conseguia pensar nela.

Sua risada.

Seu abraço acolhedor.

Seu carisma.

Sua doçura.

Se aquele banho era para me fazer esquece-la, estava tendo o resulto totalmente inverso.

Depois de sair da água quente, olhei pela a janela e vi que o dia estava frio, então optei em usar uma calça com pano grosso preta, um moletom justo marrom, cachecol preto e botas de cano alto.

Olhei em meu relógio de pulso. 09:14 am.

O Ano Novo estava chegando juntamente com a neve, seria o meu primeiro ano sem papai e longe de Ribeirão da Ilha depois de muitos anos. Lembro-me que ano passado passamos esta data em seu barco, somente eu, ele, os fogos de artificio e o mar. Naquela noite, apesar de estar somente com meu pai, me senti em família, protegida, amada e valorizada. Não que eu já não sentisse esses sentimentos , mas era como se eles tivessem chegado 100% e todos ao mesmo tempo. É uma sensação boa. Porém agora, só de lembrar que não irei mais sentir isso novamente, só de lembrar que não verei meu pai preparando o jantar de ano novo, pulando as 7 ondas e guardando os caroços da uva na carteira para dar sorte, me dá um vazio imenso.

Enquanto terminava de ajeitar o meu cabelo e enxugar as lágrimas que haviam molhado o meu rosto, Amélia entra no quarto super animada.

-Está ansiosa para sairmos? –Pergunto.

-Estou, mas o motivo de eu estar assim é por ter conhecido uma garota super legal. –Sorri franzindo o nariz.

-É mesmo, e qual é o nome dela? –Coloco o pente em cima da estante e sento-me na poltrona. Amélia rapidamente fica em meu colo fazendo-me começar uma carícia em seus cabelos, ela ama isso.

Fez uma cara pensativa tentando se lembrar do nome.

-Eu não consigo lembrar, mas era um nome estranho. Incomum.

-E onde você a conheceu? –Indago.

Minha irmã fez uma cara de culpada e prontamente falou:

-Prefiro não comentar.

Antes que eu pudesse rebater, ela pulou do meu colo e saiu correndo do quarto. Mas que garotinha esperta, o que será que ela anda aprontando?

....

Passeamos pela cidade. Visitamos o Palácio Nacional da Penha e a belíssima Biblioteca Joanina. Quando passava do horário de almoço, fomos até uma cafeteria que, segundo Dona Glória, estava fazendo grande sucesso. Sentamos em uma mesa do lado de fora do estabelecimento com vista para a Ponte D. Luís, depois de fazermos nossos pedidos.

-O que estás achando da cidade filha? Faz tempo que você não vem aqui. –Pergunta minha mãe olhando para os barcos que navegavam pelo o rio.

-Estou feliz por ter voltado, bateu-me uma nostalgia quando entramos na biblioteca, quase choro.

O destino ao nosso lado(Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora