IX-Afetado de mais com isto...

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POV Harry

Pela milésima vez nesta noite dou voltas e voltas na cama. Não há maneira de conseguir adormecer. Desisto daquilo que parece ser impossível e levanto-me.

Passa das cinco da manhã e percebo que não vou conseguir dormir mais (na verdade não dormi grande coisa). Tomo um duche gelado e demorado, regressando ao quarto.

Visto uns boxers brancos, uns calções de desporto pretos, uma t-shirt branca e uns ténis de corrida da Nike. Meto no bolso o meu telemóvel ligado aos fones e ponho a música em reprodução aleatória.

Desço as escadas silenciosamente e saio à rua. Já começa a amanhecer, mas ainda não há ninguém nas ruas. Gosto de sentir que isto é tudo meu.

Começo a minha corrida.

Desde que saí da prisão que ainda não tinha vindo correr.

Aquele momento não me sai da cabeça. Não sei o que me passou pela cabeça para a beijar! E ela empurrou-me. Rejeitou-me. Não é hábito uma rapariga rejeitar-me. Não estou habituado a isso. Foi a pior sensação que alguma vez tive.

Mas eu não entendo. Se ela correspondeu ao beijo de imediato, porque me empurrou no fim como se tivesse... nojo?

Preciso de falar com o Louis e a Joanna. Entro às nove no café, mas o Louis deve estar a sair de casa às 8, por isso é melhor dar meia volta, tomar um duche e ir falar com eles!

Nem dois quilómetros corri... Esta rapariga dá cabo de mim!

(...)

A Joanna abre-me a porta com uma expressão surpresa e ensonada.

  - Harry? O que fazes aqui às 7:30 a.m.?

  - Preciso de falar contigo e com o Louis. 

  - O Louis dormiu em casa da mãe... Mas entra. 

Sento-me no sofá e esfrego as mãos nervosamente nas minhas coxas.

  - É sobre o teu beijo com a Martha? 

Sinto-me corar até à raiz dos cabelos.

  - Sim... - suspiro. 

  -   Queres que te dê um conselho como tua amiga ou como amiga da Martha? 

  - As duas, se possível.  

  - Bom... Harry, sinceramente acho que tu és bom demais para a Martha. Eu acho que tu mereces alguém que dê valor a essa tua maneira de ser adorável, simpática e romântica. E a Martha é uma pessoa fria. Muito fria mesmo. Nunca a vi apaixonada por ninguém e nem sequer consigo imaginar isso. Ela é o tipo de rapariga que se envolve com um rapaz por mero prazer. Mas atenção! Ela nunca enganou ninguém! Ela é sempre sincera com os rapazes com que se envolve! Eu adoro a Martha. Ela é a irmã que eu nunca tive, mas no início a nossa amizade foi mesmo muito complicada. Eu não conseguia perceber se ela tinha sentimentos ou não. Às vezes chegava mesmo a perguntar-me se ela seria um ser humano ou um robô! Mas eu lá acabei por perceber... Dadas as circunstâncias da vida, a Martha construiu uma fortaleza à volta dela onde muito poucos conseguem entrar. Eu, o Liam, o Sam, o Louis, o Niall e o Paul conseguimos, mas nenhum de nós conseguiu que ela voltasse a ser a Martha que era antes dos pais dela morrerem. E agora é a parte difícil. Se eu não a conhecesse, eu dir-te-ia para jamais, em circunstância alguma te apaixonares por ela. Mas acontece que conhecendo a Martha como conheço eu sei perfeitamente que tu não és apenas mais um rapaz para ela. A maneira como ela insiste em gritar aos sete ventos que te odeia quando não tem razões para isso, a maneira como ela olha para ti mas logo a seguir tenta disfarçar, a maneira como os olhos dela me garantiam que ela me estava a mentir quando ontem me disse que vosso beijo foi apenas "um beijo"... Não é normal nela. Tu despertas algo nela. O Niall é apaixonado por ela há anos e tu conseguiste mais do que ele em apenas três semanas... Tu neste momento tens duas hipóteses: ou continuas a aproximar-te dela, tendo a plena noção que há mais probabilidades de saíres magoado disto do que teres algo com ela ou então afastas-te antes que o teu sentimento aumente. A escolha é tua. 

(...)

Já estava na minha hora de almoço. Hoje eu tinha ficado ao balcão e a Martha na cozinha, por isso mal nos cruzamos. Das poucas vezes que ela passou por mim, pareceu-me que estava com vontade de falar, mas nenhum de nós quebrou o gelo.

É a pior sensação. Cada vez que passamos um pelo outro e fingimos que não nos conhecemos é como se algo se quebrasse dentro de mim. Estou a ficar demasiado afetado com esta situação...

De repente, sinto alguém a sentar-se à minha frente. Levanto os olhos do prato e deparo-me com dois olhos azuis fixos em mim.

  - Olá. - ela fala timidamente. 

  - Olá. - não consigo evitar sorrir. Não estava nada à espera que ela tomasse a iniciativa de vir falar comigo. 

  - Bom, eu vou ser muito direta contigo! Eu não quero que as coisas entre nós fiquem estranhas depois daquilo de ontem... Antes odiavamo-nos e logo agora que estávamos a ter uma relação civilizada não quero que isso se quebre. Não que me faças falta eu apenas...  - a sua expressão atrapalhada é simplesmente hilariante! 

  - Sim, sim, já entendi! Eu também não queria que ficássemos afastados... - sinto-me a corar ligeiramente com a minha confissão. 

  - Ainda bem que estamos de acordo estão! Mas não voltes a repetir a brincadeira, Harry. Não sou muito dada a amizades coloridas. Eu apenas como por uma noite e deito fora! 

A sua sinceridade esmaga algo no meu peito.

  - Está bem, então... - estou a tentar não demonstrar que estou afetado, mas tenho a sensação que não estou a ser bem-sucedido!

  - Sabes? Hoje a nova namorada do Liam vai jantar lá a casa. Acho que ele está verdadeiramente caidinho por ela! - os seus olhos brilham intensamente ao mencionar o irmão. 

  - Admiro muito a tua relação com os teus irmãos. - confesso. 

Vejo um toque de comoção no seu olhar. 

  - Sim... Eu também gosto. Mas tu também tens uma irmã, não é? 

  - Sim. Chama-se Gemma e já tem 26 anos. Vai casar-se dentro de três meses e muito sinceramente ainda não me conformei que não a vou ter lá por casa... 

  - É... Eu também não consigo imaginar o dia em que irei estar longe dos meus irmãos por mais do que algumas horas. 

Ela faz um sorriso triste e eu juro que a única vontade que tenho é agarra-la e beija-la até não poder mais!

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora