Mal estaciono em frente à moradia branca, ela sai disparada do carro e entra em sua casa, ignorando-me completamente. Ignoro o seu ato grosseiro e sigo-a, fechando a porta de entrada atrás de mim. Vejo que ela subiu disparada para o seu quarto e decido entrar na sala, onde vejo que o Sam ainda se encontra a ver televisão.
- Hey, puto. Então, onde está o Liam?
- Já foi para cima. Mas sempre conseguiste traze-la, hein? És o meu herói, Hazza!
- Conseguir, consegui, mas ela ainda não me dirigiu a palavra. Vou tentar conversar com ela agora.
- Sim, vais ver que consegues.
- Vá, puto, não te deites muito tarde. Vou indo para a minha missão impossível.
Pisco-lhe o olho e subo as escadas o mais silenciosamente, para que a consiga apanhar desprevenida. Abro a porta e deparo-me com um dos cenários que não esperava ver.
Ela já não se encontra com a sua antiga roupa. Está agora com uns calções curtinhos e uma t-shirt larga e comprida que aposto que não é dela (de certeza que ou é do Liam, ou do Niall). Encontra-se encolhida a uma canto da cama, com o rosto escondido no meio das suas pernas.
Aproximo-me lentamente dela e acabo por me sentar na cama, ao seu lado.
- Hey. - tento chamar a sua atenção. - O que se passa, miúda?
A minha mão começa a afagar os seus cabelos encaracolados e sinto os seus músculos relaxarem um pouco.
- Martha, preciso que olhes para mim para te explicar as coisas.
Ela lá acaba por levantar a cabeça e olhar-me nos olhos. Parte-me o coração ver os seus lindos olhos azuis inchados de ter estado a chorar.
- Fala. - a sua voz está tão rouca que se torna apaixonante. Deve dever-se à quantidade de álcool ingerido e ao facto de ter chorado.
- Eu sei que o Liam me viu de mão dada com uma rapariga... Mas ela não é minha namorada, somos apenas amigos de infância. Ela sempre gostou de mim, é verdade, mas nós nunca tivémos nada, nem vamos ter.
- No entanto andas de mão dada com ela... - ela murmura, desviando o olhar.
- E daí, Martha? Somos só amigos. Eu não gosto dela como gosto de ti. Ela não mexe comigo como tu mexes.
- Mas é uma amiga especial...
- Tu és mais especial que ela. Não te preocupes com isso, fogo! Foi à tua procura que eu andei durante horas, não foi? Então foca-te nisso.
Com o silêncio a pairar no ar, pego nela e coloco-a no meu colo. Imediatamente ela esconde o seu rosto na curva do meu pescoço e eu começo a fazer círculos nas suas pernas com o indicador.
- Mas por que é que isto te afetou tanto? - questiono, em voz baixa.
- Eu posso ser fria, mas tenho sentimentos.
- Eu sei que tens. Mas se tens porque não os demonstras?- Porque não me quero magoar... - a sua voz está a ficar mais rouca ainda, o que me dá a indicação que o melhor é parar a conversa por aqui, antes que ela comece a chorar.
- Se calhar está na altura de dormires... - sugiro.
- Não te vás embora. - ela pede, agarrando com força o colarinho da minha camisola.
- Tudo bem, eu posso ficar até adormeceres.
- Não estás a perceber! - ela resmunga, desencostando-se de mim.
- Explica-te.
- Eu quero que durmas aqui comigo. - ela pede, olhando-me nos olhos.
O meu coração dispara. Ela está a demonstrar importar-se comigo, ela está a pedir-me para ficar. No entanto, tenho plena noção que só mo está a pedir porque bebeu e saber disso custa-me imenso.
- Como assim?
- Não te estou a pedir para fazeres sexo comigo, idiota. Estou a pedir-te para dormires comigo.
- Queres mesmo isso? - tento confirmar, com um pequeno sorriso a desenhar-se nos meus lábios.
Ela acena com a cabeça, confirmando. Sorrio mais ainda e coloco-a delicadamente no colchão. Levanto-me e descalço-me, dispo as minhas calças e por fim a camisola, ficando apenas de boxers.
Apesar de estar de costas, sinto o seu olhar a percorrer o meu corpo quase nu, o que faz com que um nervoso miudinho se apodere de mim.
Quando me volto para ela, a mesma estava com o olhar fixo em mim tal como eu esperava. Na verdade, ela parece quase hipnotizada.
- Vamos dormir? - pergunto, a medo.
Ela lá parece acordar para vida e levanta-se num ápice, puxando os lençóis para trás. Martha deita-se e eu sigo-lhe o exemplo, apesar de estar com o coração a mil.
Abraço-a e rapidamente ela se posiciona por cima de mim, deitando a cabeça no meu peito. O facto de ter a certeza que ela está a ouvir o meu coração a bater deixa-me ainda mais nervoso do que já estou.
Ela surpreende-me, ao começar a dar leves beijos no meu peito. O seu ato de carinho faz com que eu ganhe coragem e coloque um dedo por baixo do seu queixo, forçando-a a olhar para mim.
- Posso beijar-te? - a minha voz é quase inaudível.
Ela sorri abertamente e responde-me de forma surpreendente:
- Estava a ver que nunca mais perguntavas.
Retribuo-lhe o sorriso e puxo-a para mim, juntando os nossos lábios.
Este beijo é diferente de todos os outros. Porque para além de todo o desejo e atração há também carinho e necessidade. Só eu sei a falta que senti disto ao longo desta semana e o medo que tive de que isto nunca mais voltasse a acontecer.
Quando nos separamos, ela torna a voltar a aconchegar-se no meu peito e abraça-me com força.
- Obrigada por gostares de mim. - murmura, antes de fechar os olhos e adormecer.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Frozen Heart √H.S.√
FanfictionA vida dela não é fácil. Órfã de pai e mãe teve que abandonar a sua escola e o seu sonho pelos irmãos mais novos. Ele também não tem uma vida fácil. Esteve preso 3 anos por roubar e sofreu violência doméstica por parte do seu pai. Eles odeiam-se...