XXXII- Preciso de tempo

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POV Harry

Procuro desesperadamente pela Martha, mas não a vejo em parte alguma. Porra, eu nunca pensei que ela fosse ficar tão afetada assim, não devia ter dito o que disse.

Finalmente avisto-a encolhida a um canto nas traseiras do jardim. Corro até ela e ajoelho-me à sua frente.

  - Martha! Martha, fala comigo. Eu peço desculpa pelo que disse, eu não te queria magoar, por favor não fiques assim.

O facto de eu ter quase a certeza de que ela está a chorar perturba-me. Acho que só a vi chorar uma vez e não foi uma sensação agradável vê-la sofrer. Mesmo que estas lágrimas signifiquem que ela tem sentimentos por mim, isso não me faz sentir bem, muito pelo contrário.

  - Eu não quero falar contigo... - a sua voz chorosa confirma as minhas suspeitas. Ela está mesmo a chorar!

  - Martha, por favor olha para mim!

Ao ver que ela não pretende aceder ao meu pedido, coloco a minha mão por baixo do seu queixo e forço-a a encarar-me. Pequenas lágrimas escorrem pelo seu rosto e a sua maquilhagem está ligeiramente borrada.

  - O que é que foi? - ela questiona com maus modos, visivelmente incomodada por eu a estar a ver chorar. Eu sei o quão ela detesta dar parte fraca...

  - Tu tens que me ouvir! - exclamo.

Ela limpa as lágrimas com as costas das mãos, poe-se de pé e, por fim, volta a olhar-me.

  - Então fala o que tens a falar. Mas rápido!

Levanto-me também, com o objetivo de ficar ao seu nível.

  - Eu não te quis magoar, ok? Na verdade, eu só te disse aquilo para te provocar ciúmes, nunca pensei que fosses ficar nesse estado. Eu só te queria irritar, não fazer-te sentir mal! Ela até pode ser bonita e ter um bom corpo... Mas sabes qual é a melhor coisa que pode acontecer a um rapaz? Sentir uma atração física e mental pela mesma pessoa e acredita que isso eu só tenho contigo!

Rezo interiormente para que as minhas palavras surtam o efeito desejado. No entanto, vejo nos seus olhos que não foi o suficiente...

  - Harry, eu não estou chateada contigo, mas isto fez-me perceber muita coisa. Fez-me perceber que eu estou demasiado confusa e que preciso de um tempo para pensar...

  - Não, por favor. Diz-me que não te vais afastar de mim!...

Começo a ficar nervoso com esta conversa. Ela não se pode afastar de mim, não agora que nós estamos a começar a construir algo!

  - Eu preciso disto! Eu estou a deixar-me afetar demais por tudo isto e eu não sou assim! Eu não quero ser assim!

  - Mas porquê? Qual é o teu problema em teres sentimentos por mim?

  - O meu problema é que isso só me vai trazer preocupações e sofrimento! E disso eu já tive e tenho a mais na minha vida! - ela grita-me.

  - Nada na vida é fácil, mas acredita que o meu objetivo não é fazer-te sofrer, mas sim fazer-te feliz!

As palavras saem da minha boca sem eu ter sequer tempo para pensar nelas. No entanto, não me arrependo, pois estas exprimem exatamente quais são as minhas intenções com a Martha.

Ela suspira e baixa os olhos.

  - Para de insistir, a sério... Eu preciso mesmo de me afastar para perceber se quero realmente arriscar e sujeitar-me a um monte de preocupações e discussões. Peço-te mesmo que respeites a minha decisão.

Suspiro e lá tenho que me render. Não a posso obrigar a nada...

  - Tudo bem, tu é que sabes...

- Acho que está na hora de irmos embora. Vou avisar o Liam e chamar o Sam.

Ela vira-me as costas e caminha elegantemente. Engulo em seco e tento que o meu coração se acalme, pois está a bater a uma velocidade alucinante.

Não sei o porquê de ela mexer tanto comigo, mas sei que já não consigo ser feliz no meu dia-a-dia sem ela.

POV Martha

Quando finalmente me consigo deitar na minha cama já passa da meia noite. Estou estafada, física e psicologicamente.

O pior de tudo isto é que amanhã tenho que trabalhar até à hora de almoço. Ainda por cima, com o Harry lá...

Sei que o Niall me tinha combinado para sair, mas terá que ficar para domingo, porque amanhã do que eu preciso mesmo é de ir falar com a Joanna. Ela é a única pessoa que me percebe nestes momentos e estou mesmo a precisar dos seus conselhos. Apesar de sermos bastante diferentes, ela é a pessoa com quem me sinto mais à vontade para falar de certos assuntos.

Após tomar esta decisão, aconchego-me debaixo dos lençóis, na tentativa de adormecer, mas esta tarefa revela-se bastante complicada. A minha conversa com o Harry não abandona os meus pensamentos.

Eu sei que o Harry não me fez nada de extraordinário... Apenas me provocou, mas o impacto que essa provocação teve em mim fez-me perceber que preciso de parar e organizar a minha cabeça.

Estou a deixar afetar-me demais por ele e eu não quero, eu nunca quis nada disto. Sempre me esforcei por ser fria, para que nada nem ninguém me afetasse. Criei uma barreira para que nunca me apaixonasse e, assim, nunca me magoasse por nenhum rapaz.

No entanto, o Harry chegou e destruiu todas as minhas barreiras. Por muito que me custe admitir, ele sempre mexeu comigo. O meu ódio inicial por ele, todas as nossas discussões, todas as nossas provocações... Tudo isso fez com que, aos poucos, eu fosse criando sentimentos por ele.

A minha cena com o Harry sempre foi diferente de tudo, a prova é que nunca chegamos a ter relações. Ele sempre fez questão de marcar a diferença e esse foi um dos caminhos que ele encontrou: provar-me que sexo não era tudo.

Neste momento, eu não sei o que fazer à minha vida. Não sei se me distancie definitivamente do Harry ou se arrisque.

Preciso mesmo de falar com a Joanna... Ela é a única pessoa que saberá como me ajudar.

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora