XXXIII- Estou decidida a arriscar

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Finalmente chego ao shopping e apresso-me a procurar pela minha melhor amiga.

Avisto-a junto ao McDonald's e corro para a mesma, abraçando-a. Sei que já tenho mais do que idade para me saber comportar cada vez que vejo a minha melhor amiga, mas  simplesmente não consigo. Nós somos assim.

  - Finalmente chegaste, estava cheia de saudades tuas! - Joanna fala, alegremente.

  - Desculpa o atraso, mas tive que ficar a fechar o café com o Niall. - justifico-me.

  - Tudo bem, não há problema. Mas vá, agora vamos comer, que temos de pôr a conversa em dia!

Dirigimo-nos ao balcão e fazemos os nossos pedidos. Opto por um BigTaste e Joanna escolhe o McChicken.

Sentamo-nos e começamos a comer. A refeição é feita quase totalmente em silêncio, provavelmente devido ao facto de ambas estarmos esfomeadas.

  - Então... Conta lá o que te traz aqui. - a minha melhor amiga pede, quando terminamos de comer.

  - Eu... Eu pedi um tempo ao Harry.

  - Um tempo?! - ela grita.

  - Fala baixo, Jo. Estás num centro comercial!... Mas sim, um tempo. Porque tipo eu já me estava a deixar afetar demais por esta situação toda... Acreditas que eu comecei a chorar só porque ele estava a comentar que uma rapariga de quem já gostou era gira?! Isto não é normal, muito menos em mim.

  - Claro que é normal, Martha... Estás apaixonada...

O meu coração acelera após ser mencionada a palavra "apaixonada". Engulo em seco e sinto-me corar.

  - Eu não sei se estou ou não apaixonada... Mas acredita que se não estou, para lá caminho... - admito.

  - A sério? A sério que já admitiste isso a ti própria? Oh Deus, estou orgulhosa de ti, Martha!

Fico intrigada com toda a euforia expressada pela minha melhor amiga.

  - Orgulhosa? Mas porquê?

  - Porque já não estás em negação! Tu já admites para ti própria o que sentes pelo Harry... Agora é só aceitares isso e deixares esse sentimento crescer e crescer! Para poderes descobrir o quão bom é amar alguém.

  - Amar? Eu não quero amar! - riposto - Não quero amar ninguém para além dos meus irmãos e dos meus amigos...

  - Não mintas a ti própria, Martha... É óbvio que queres amar, todos queremos amar. Tu só tens que perder esse medo que tens de te magoar... Porque acredita, mesmo que te magoes, amar alguém é a tua melhor sensação do mundo... Principalmente quando se é correspondido, como é o teu caso.

Fico uns momentos calada, a pensar nas palavras de Joanna. Isto tudo é muito novo para mim, mas não posso negar que afastar o Harry da minha vida neste momento, tirar-lhe-ia grande parte da sua cor.

Bom, talvez e apenas talvez ela tenha razão... Talvez eu não tenha que ter medo deste sentimento que está a crescer dentro de mim.

  - Então e agora? O que é que eu faço? - questiono.

  - Agora, tu vais sair daqui e vais direitinha a casa do Harry dizer-lhe aquilo que sentes e aquilo que queres.

  - Mas eu nem sequer sei ao certo o que quero...

  - Claro que sabes. Tu queres arriscar, queres dar asas àquilo que sentes por ele. É isso que tu queres. Estou certa?

Rolo os olhos para a sua cara de casamenteira.

  - Sim... Quer dizer, acho que sim...

(...)

A minha mão treme ao carregar no botão da campainha. Nem acredito que tomei coragem para fazer isto...

Uma senhora com os seus quarenta e tal anos morena aparece. O seu sorriso é parecidíssimo com o do Harry e sinto o arrepio percorrer a minha espinha quando percebo que se trata da sua mãe.

  - Posso ajudar-te em alguma coisa, querida? - a sua voz carinhosa soa.

  - Hm... Eu queria falar com o Harry...

  - Ah, tu é que és a Martha! É um prazer enorme conhecer-te, minha querida.

Sou surpreendida por um abraço afetuoso da sua parte.

  - O prazer é todo meu, Dona...

  - Trata-me por Anne. Não sou assim tão velha!

  - Pronto, Anne. Eu precisava de falar com o Harry...

  - Fizeste muito bem em vir. Ele está muito em baixo. Mas entra! Sobe as escadas e o quarto dele é na segunda porta à esquerda!

Sigo as suas indicações e paro em frente à porta de madeira. Estou nervosa porra.

Bato à porta e a sua voz rouca pronuncia um "entre". Faço isso mesmo e quando entro deparo-me com o Harry deitado na cama de bruços.

  - O que foi agora, mãe? Eu disse que queria estar sozinho. - ele diz.

O mesmo ainda não se apercebeu que sou eu que me encontro aqui devido ao facto de ainda não ter levantado a cabeça para me olhar. Sento-me na beira da cama e levo a minha mão aos seus caracóis.

Imediatamente ele levanta a cabeça  e arregala os olhos assim que me vê.

  - Martha? - ele interroga, surpreendido.

Ele senta-se na cama e posso sentir o seu nervosismo.

  - Eu... Eu vim falar contigo.

  - Estiveste a manhã toda a ignorar-me e agora é que vens falar comigo? - ele questiona, visivelmente confuso.

  - Hm... Eu estive a falar com a Joanna e ela ajudou-me a organizar a minha cabeça. - revelo.

  - Hm... Certo. E então, o que me tens para dizer?

  - Eu... Eu vim dizer-te que... - gaguejo.

Ele solta uma leve risada com a minha atrapalhação.

  - Não precisas de estar assim tão nervosa.

Assinto com a cabeça e tento acalmar-me. Isto não é nenhum bicho de sete cabeças, logo não necessito de estar neste estado de nervos...

Respiro fundo e decido falar tudo de uma vez:

  - É assim... Como tu já sabes, tu mexes comigo. E eu gosto de ti. Gosto de ti de uma maneira que até hoje nunca gostei de ninguém. Admito que fiquei assustada quando me apercebi disto, porque sei que da maneira como me afetas há uma enorme probabilidade de me vir a magoar, mas estou decidida a arriscar. Estou decidida a confiar em ti para me mostrares o que significa estar com alguém. Por isso, por favor, não me desiludas.

Mal termino de falar os seus lábios estão colados aos meus e o meu corpo cai sobre o colchão.

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora