Frozen Heart √H.S.√

XXVII- Loiro vs Moreno

Chego ao café atrasada, como sempre, e logo me deparo com o irritante Deus Grego com uma expressão preocupada no rosto.

  - Qual é o drama de hoje? - pergunto.

  - Aconteceu um imprevisto e a culpa foi toda minha! - ele confessa.

  - Desembucha, pá!

  - O Niall... Ele estava no meu telemóvel a ver umas fotos minhas quando viu prints de conversas nossas! E agora ele percebeu que se anda a passar algo entre nós e está trancado na sala a chorar!

Sinto o meu coração a acelerar descompensadamente. Eu sabia que já lhe devia ter contado das cenas, mas a verdade é que eu também não sabia como lhe contar.

Ignoro o facto de ter que começar a trabalhar e corro imediatamente para a última sala do corredor. Entro sem bater à porta e deparo-me com a criatura loira que eu mais adoro, sentado no chão a chorar compulsivamente.

  - Nialler! - avanço até ele com o coração despedaçado. Abraço-o e imediatamente ele deita a cabeça no meu ombro.

  - Eu não estou chateado por andares enrolada com ele... A vida é tua, tu és livre e eu percebo. O que me está a deixar neste estado é o facto de não me teres contado. Somos melhores amigos, é suposto eu saber do que se passa na tua vida.

Coloco a minha mão por baixo do seu queixo e forço-o a olhar para mim.

  - Eu não sabia como te dizer... Porque na verdade nem eu sei ao certo o que se anda a passar. Tudo bem que ele mexe comigo, mas eu não estou apaixonada por ele nem nada do género, eu não sei explicar logo também não sabia como te dizer.

Ele assente, mas continua com uma expressão triste.

  - Não fiques assim. Tu sabes que sempre serás como um irmão para mim, o meu melhor amigo, aquele em que eu mais confio.

  - Mas a questão é essa! - ele fala, indignado. - Eu não queria ser como um irmão para ti! Eu queria que me olhasses como eu te olho, mas isso não é e pelos vistos nunca será possível! É tão frustrante, Martha, não tens noção...

Suspiro, desanimada e sem mais argumentos. Abraço-o e rapidamente ele me coloca no seu colo, beijando o meu pescoço consecutivas vezes.

  - Desculpa... Eu adoro-te tanto, Niall. - sussurro.

  - E eu amo-te tanto, Martha. - ele sussurra de volta.

O meu coração dói por ele.

POV Harry

Paul manda-me ir chama-los, pois estão a chegar demasiados clientes para eu e ele darmos conta do recado sozinhos. Contrariado e um pouco nervoso com que o que posso vir a encontrar, dirijo-me ao fundo do corredor.

A porta encontra-se encostada e eu empurro-a levemente. Espreito e vejo que eles estão sentados no chão da pequena sala, abraçados. Ela está ao colo dele e isso incomoda-me profundamente.

Entro, mas eles encontram-se tão envoltos no abraço que nem sequer dão pela minha presença.

  - Eu adoro-te tanto, Niall. - ela diz-lhe, baixinho.

  - E eu amo-te tanto, Martha.

O meu coração aperta dolorosamente. Sinto ciúmes, admito. Ele está com ela ao colo, está a beijar-lhe o pescoço e ainda lhe disse que a amava.

Sinto um nó na minha garganta, mas também não vou dar parte fraca.

Tusso forçadamente e logo eles se viram para mim. Niall coro e baixa de novo a cabeça, mas Martha, como sempre, quer esconder o que sente e mantém uma expressão neutra.

  - O Paul pediu para vos dizer que têm que voltar ao trabalho. Estão a chegar clientes e nós não estamos a dar conta do recado.

Após dizer o que tinha a dizer, viro costas e volto ao trabalho. Dentro de minutos, eles os dois também já estão a trabalhar e o dia corre normalmente.

O único aspeto anormal é o facto de eu e a Martha nos estarmos praticamente a ignorar. Pronto, depois da noite de ontem algo tinha que acontecer para nos afastar novamente.

Parece que sempre que damos um passo para a frente, damos dois para trás. Que raio de ciclo vicioso em que eu me estou a meter!

POV Sam

Encaminho-me até casa da Sarah com o objetivo de lhe fazer uma surpresa. Quando chego em frente à moradia, toco à campainha, mas ninguém me abre a porta. Estranho! Ela não me disse que ia sair...

Pulo o muro branco e reparo que a janela do seu quarto está aberta. Com alguma dificuldade, trepo até lá e entro.

O quarto está vazio. Chamo por ela por toda a casa, mas ninguém me responde. Onde será que ela foi? Regresso ao seu quarto e sento-me na cama, a pensar se fico à sua espera ou se volto para casa.

Sou desperto dos meus pensamentos por o barulho de uma porta a abrir. Porra! Alguém está a entrar em casa e pelo andar não me parece ser a Sarah!

  - Sarah? Estás em casa? - uma voz grave soa e assusto-me no mesmo instante.

É o pai dela! Merda! Pelos passos consigo perceber que ele está a vir para o quarto e escondo-me no primeiro sítio que me aparece à frente: o armário dela.

O seu pai entra no quarto e eu encolho-me no escuro do guarda-roupa.

  - Vai sair e deixa a janela aberta... Sempre a mesma. - ele fala e logo a seguir oiço o barulho da janela a fechar. - E a mania que ela tem de deixar o armário só encostado! O que é que custa fecha-lo à chave?

Ele aproxima-se do meu esconderijo e sinto uma chave do lado de fora a trancar-me aqui. Porra! Nem sequer sabia que isto tinha chave!

Pressinto-o a sair da divisão e apresso-me a tentar sair deste minúsculo espaço, mas é em vão! Esta treta está mesmo trancada, ou seja, estou preso num guarda-roupa de rapariga e apenas tenho o meu telemóvel comigo!

Bonito! Só espero que a Sarah me atenda ou responda às mensagens, para me vir tirar rapidamente daqui!

POV Harry

O Niall esteve o dia todo em baixo, logo o Paul colocou-me a mim e à Martha a fechar o café. Como sempre faz quando estamos chateados. Que raiva!

Começo a colocar as cadeiras por cima das mesas de uma forma irritada e sei que ela já reparou nesse pormenor.

  - Achas que tens razões para estares a agir assim? - ela cruza os braços sobre o seu peito e eu reviro os olhos.

  - Não, claro que não. Apenas entro naquela sala e vi-te ao colo dele, a declararem-se como dois pombinhos apaixonados. A mim não dizes tu que me adoras, não...

  - Eu digo o que eu quiser a quem quiser e tu não tens absolutamente nada a ver com isso! - ela atira, limpando o balcão, visivelmente irritada também.

  - Então depois não me venhas dizer que não queres que eu ande de mão dada com a Mia!

Ela olha para mim com a raiva estampada no seu rosto e os seus olhos fulminam-me.

  - Olha, queres saber? Faz o que tu quiseres, com quem quiseres, que eu não tenho nada a ver com isso!

Ela vira-me as costas e eu apresso-me a puxa-la pelo braço, forçando a olhar para mim.

  -  Mas tu não percebes que eu apenas tenho ciúmes do Niall? - revelo. - Eu tenho medo de te perder para ele, tenho medo que o prefiras a ele.

  - E prefiro! Preferia mil vezes estar a viver com ele o que estou a viver contigo, porque ele é mil vezes melhor que tu!

As suas palavras atingem-me e pisco os olhos várias vezes para não desatar a chorar em frente a ela. Isso seria humilhar-me demais.

  - Então porque não estás com ele? - questiono, com a voz um pouco tremida.

  - Porque não mando nos meus sentimentos.

Após estas palavras ela vira-me as costas, deixando-me entregue aos meus pensamentos.