VIII-Beijando o Cabeça de Cachos?

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E novamente já é segunda-feira.

Para ajudar à festa o meu carro foi para a oficina ontem, o que significa que por enquanto o Liam e o Sam têm que ir de autocarro para as respetivas escolas e eu tenho que vir a pé para o trabalho (são mais ou menos 15 minutos).

Entro no café já a transpirar e sou recebida pelo meu chefe ao balcão.

  - Bom dia! 

  - Bom dia? Só se for para ti que vieste de carro, Paul. 

  - Acontece aos melhores! - Gosto tanto quando ele goza comigo... - Bem, hoje eu fico por aqui, o Niall a servir às mesas e tu na cozinha com o Harry, combinado?  

  - Ok. - concordo simplesmente, surpreendendo o Paul por não estar a reclamar. 

Preparo-me na minha salinha e entro na cozinha, encontrando o irritante Deus Grego encostado ao balcão, no telemóvel.

  - Isto aqui é para trabalhar, Styles! Toca a largar o telemóvel! - repreendo-o. 

Ele levanta os olhos e ao estes irem ao encontro dos meus, ele sorri largamente e mete o telemóvel no bolso.

  - Peço desculpa, chefe. Mas isto está um bocado parado. 

  - Estás desculpado, empregado. - entro na brincadeira e ele ri-se. 

Coitado... Está tão iludido se pensa que algo mudou por causa daquela madrugada...

Ele coloca um braço por cima dos meus ombros e beija-me a bochecha.

  - Não abuses! - reclamo, empurrando-o. 

  - És mesmo bipolar... Fogo... Haja paciência para te aturar! - ele bufa. 

O Paul grita para dentro da cozinha três pedidos e rapidamente pomos mãos à obra, quase sempre em silêncio.

(...)

Já tinhamos começado o turno da tarde, quando o irritante Deus Grego decide quebrar o silêncio.

  - Ontem quando estava a sair de tua casa, a tua vizinha da moradia cor-de-rosa, aquela loira dos caracóis, sabes?  Ela veio pedir-me o número. 

Sinto todo o meu corpo a pegar fogo. Aquela atiradiça da Victoria não tem mesmo emenda! Aposto que nunca o tinha visto na vida, mas mesmo assim foi pedir-lhe o número só por ele ser podre de bom!

Ok, é impressão minha ou acabei de elogiar mentalmente o idiota do Harry? Bem, adiante.

  - E tu? - questiono, bruscamente. 

  - E eu o quê? - ele olha para mim, confuso, enquanto acaba de grelhar uma espetada. 

  - Deste-lhe? 

  - Achas? Não a conheço de lado nenhum... Se quiser curtir com uma gaja recorro às minhas amigas coloridas, não a uma desconhecida. 

Amigas coloridas... Idiota! Bom, seria pior se ele fosse para a cama com qualquer uma...

Já que ele decidiu falar das amigas dele, que tal contar-lhe dos meus planos para esta quarta-feira? Não me parece nada mal...

  - Esta quarta-feira vou sair com um amigo, um velho amigo, que é um verdadeiro pão. 

  Ele arqueia uma sobrancelha e engole em seco.

  - E o que é que eu tenho a ver com isso? - a sua voz está mais rouca do que o habitual e o seu olhar está fixo em mim, embora pareça distante. 

  - Nada. Estou apenas ansiosa e precisava de partilhar isto com alguém. - esforço-me por esconder a minha satisfação ao ver a sua expressão perturbada. 

  Ele retira a espetada do grelhador e coloca-a num prato, preenchendo o mesmo de salada e batatas fritas. Coloca tudo num tabuleiro juntando a bebida, talheres e guardanapo. Aproxima-se da janela que dá acesso ao café e passa o tabuleiro ao Paul.

Vira-se para mim repentinamente e vai-se aproximando perigosamente.

  - Tens mesmo a certeza que queres ir sair com esse teu amigo? - a sua voz sai num murmúrio sedutor que faz com que um arrepio me percorra toda a espinha. Tento responder-lhe, mas algo na minha garganta me impede. 

Ele encosta o seu corpo ao meu, fazendo-me estremecer. Fecho os olhos ao sentir o contraste do seu corpo quente com o meu subitamente gelado.
  - Responde-me. - os seus lábios encostados ao lóbulo da minha orelha enviam ondas de eletricidade para todo o meu corpo. 

  - N-não s-sei. - gaguejo. Calma aí! Eu gaguejei? Mas eu nunca gaguejo! Que raio se está aqui a passar? 

  - Então deixa-me ajudar-te a decidir. 

As suas mãos agarram na minha cintura e colam ainda mais os nossos corpos, quase fazendo o meu coração saltar-me do peito.

Os seus lábios atacam os meus de uma maneira selvagem, mas ao mesmo tempo calma; bruta, mas ao mesmo tempo carinhosa. Um beijo doce e ao mesmo tempo salgado.

Para minha enorme surpresa correspondi de imediato, como se o meu corpo fosse um robô e ele o comando. Foi a sensação mais estranha que alguma vez senti na minha vida...

Parou tudo! É impressão minha ou estou a beijar o Cabeça de Cachos? Que raio me passou pela cabeça?

As minhas mãos empurram o seu peito, quase fazendo com que ele se desequilibre. Cuspo para o chão e passo a mão na boca, de maneira a retirar todos os vestígios da saliva dele.

  - Mas estás estúpido ou quê? - grito-lhe, antes de sair disparada para a casa-de-banho. 

Acho que preciso de desinfetar a boca.

(...)

Eu e o beijador-de-bocas passamos o resto da tarde em absoluto silêncio. Um silêncio bastante constrangedor diga-se de passagem.

Quando finalmente acabamos de fechar o café, envio uma mensagem ao Liam a avisar que só devo chegar daí a cerca de uma hora e peço-lhe para encomendar uma pizza.

Não estou com paciência nenhuma para cozinhar.

Atravesso a estrada e toco à campainha da casa da minha melhor amiga. Rapidamente oiço o clique da porta e entro num passo apressado. Nem sequer me digno a esperar pelo elevador, subindo as escadas até ao terceiro andar.

Quando lá chego, a porta já está aberta e sou recebida com um sorriso carinhoso por parte da minha morena favorita.

  - Olá!  

  - Olá. - atiro-me para o seu sofá sem sequer me dar ao trabalho de me descalçar. 

  - Já vi que o teu dia não foi lá muito bom...  - ela senta-se na ombreira do sofá.

  - O meu cunhado? - questiono, referindo-me ao Louis. 

  - Foi jantar a casa da mãe. - ela esclarece. 

  - Ainda bem. Por muito que goste dele hoje preciso mesmo de falar só contigo...

  - Então? O que aconteceu? - os seus olhos brilham de curiosidade. 

  - Eu e o Harry beijamo-nos.  

A sua boca abre-se, os seus olhos ficam arregalados e vejo que está com vontade de me fazer mil e uma perguntas, mas controla-se, pois sabe que quanto mais me perguntam, menos eu respondo.

  - E... gostaste? 

A sua cara de casamenteira está a irritar-me profundamente.

  - Tipo... Foi apenas um beijo. 

"O melhor beijo que alguma vez alguém te deu... "

Maldito subconsciente!

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora