XV-O convite

56 4 0
                                    

Levanto-me atrapalhada e ajeito as minhas roupas, juntamente com o meu cabelo.

- Bem, acho que está na hora de eu ir andando. - falo, numa tentativa falhada de me mostrar indiferente ao que acabou de acontecer.

Ele levanta-se, passando a mão pelo cabelo e aproxima-se mais de mim.

- Eu não quero mesmo que fujas mais de mim, Martha.

Fico com o olhar preso no seu e por mais que eu tente não consigo desviar!

- Harry, pára com isso... Estás a deixar-me atrapalhada! - confesso.

Ele ri levemente e sinto-me ainda mais envergonhada.

- Eu queria fazer-te um convite. - ele diz, ficando subitamente sério.

- Um convite? - pergunto.

- Sim. Amanhã à noite eu vou jantar com a minha irmã, o noivo e a irmã do noivo dela, que é uma miúda de 14 ou 15 anos que eu ainda não conheço, e eu gostava muito que tu fosses também.

Arqueio a minha sobrancelha, estranhando a situação.

- Mas que sentido é que faz eu ir a esse jantar? - questiono, sem entender patavina da situação.

Ele cora e parece até atrapalhado.

- Eu falei de ti à minha irmã e ela gostava muito de te conhecer, então eu acho que é uma boa oportunidade, só isso.

Sinto-me um pouco dividida, mas a verdade é que estou tentada a aceitar.

- Eu preciso só de falar com o Liam e o Sam e depois digo-te alguma coisa, Ok?

Ele parece entusiasmado com a minha resposta.

- Tudo bem. Mais logo diz alguma coisa então.

Assinto com a cabeça e sigo até ao carro. Não sei que raio se está a passar comigo, mas a verdade é que até estou a gostar!

(...)

Mal entro em casa dou de caras com o Liam de mochila às costas, aparentando que se está a preparar para sair da casa.

- Onde é que vais? - questiono, um pouco ríspida.

- Vou passar o fim-de-semana a casa da Cynthia! - ele conta, com um sorriso radiante.

- E avisaste-me disso, por acaso? - pergunto, fazendo com que o seu sorriso se esmoreça um pouco.

- Não... Esqueci-me. Mas porquê? Faz diferença?

- Óbvio que faz diferença, Liam Payne! Eu marquei um jantar para amanhã porque achava que vocês iam ficar os dois em casa!

Ele engole em seco.

- Desculpa, é que eu pensei que...

- Tu não pensaste nada, Liam! - interrompo-o. - Tu não pensaste nada porque desde que tu namoras com a Cynthia parece que não pensas! Teres namorada não significa que tenhas que morrer para o resto do mundo, muito menos para os teus próprios irmãos! - Paro para largar um suspiro e depois continuo - Este fim-de-semana vai lá à tua vida, mas que seja a última vez que sais sem me avisares! Podes já ter 19 anos, mas enquanto viveres debaixo do teto da casa que eu sustento tens que me pedir autorização para este tipo de coisas, Liam Payne! Bom fim-de-semana!

Viro-lhe as costas e entro na cozinha, encostando-me à parede para respirar. Poucos segundos depois oiço a porta da rua a bater e percebo que ele já saiu. O que se está a passar com o meu irmão sensato?

Encostei-me à bancada a tentar digerir um dos únicos desentendimentos que tive com o Liam.

Não estar bem com o Liam é talvez das piores coisas que me podem acontecer. O Liam sempre foi o meu confidente, com quem eu desabafei os meus problemas e com quem discuti estratégias para que tudo corresse pelo melhor. Quando os nossos pais morreram,  o Liam tinha perfeita noção do que estava a acontecer, enquanto o Sam não entendeu ao certo. O meu Batman, como lhe costumo chamar, foi sempre o meu maior apoio, e ele estar a ausentar-se assim de repente acaba por me deixar desamparada.

Sou surpreendida pela entrada do Sam na cozinha. Ele vem de cabeça baixa e percebo que ouviu tudo lá de cima.

- Discutiste com o Liam... - a sua voz é baixa.

- Teve que ser, Sam. Ele não pode simplesmente mal parar em casa sem sequer me dizer nem "ai", nem "ui".

- Eu sei, eu percebo. Mas e que história é essa de teres marcado um jantar para amanhã?

Sinto-me corar com a sua pergunta.

- Eu tinha marcado um jantar com o Harry, a irmã dele, o noivo e a cunhada dela, mas assim já não sei... não te quero deixar sozinho.

- Oh Martha, nem penses! Tu vais a esse jantar e acabou-se a conversa!

Rio-me na sua cara e ele olha-me furioso.

- Deves pensar que mandas, pirralho! Eu só vou, se te puder levar... - informo-o, desbloqueando o telemóvel para ligar ao Harry.

- Mas porquê? Que sentido faria eu ir a esse jantar? - ele questiona, confuso.

- Pelo que percebi, a cunhada da irmã dele tem mais ou menos a tua idade.

Ele encolhe os ombros e eu ligo rapidamente ao Harry, que alinha rapidamente na ideia.

Estou mais nervosa para este jantar do que para qualquer outro que já tive!

POV Sarah

Já estava deitada, mas não conseguia largar o telemóvel. O Sam tinha posto uma foto no Instagram (foto na multimédia), em que a legenda era "Não vale a pena querer de volta, aquilo que não quer voltar". Estava a olhar para a foto há quase meia hora e não era capaz de bloquear o telemóvel.

Dezenas de raparigas lá da escola comentaram a foto, coisas como "Lindo", "Meu miúdo", "Ui ui olha só o Sam" e por aí... A verdade é que ele não respondeu a nenhuma, o que não é hábito dele.

Não consigo deixar de pensar que aquela frase era para mim... Ele já tentou falar comigo, mas eu não posso...

Eu sempre achei piada ao Sam! A minha melhor amiga, Carol, conhece-o desde sempre e o irmão gémeo dela é o melhor amigo dele, mas ele nunca me tinha dado importância.

O Sam é o tipo de rapaz que todas as raparigas querem - giro, simpático, engraçado, social -, portanto eu era só mais uma entre tantas. Acontece que este ano ele começou a meter-se comigo e sem darmos conta disso tornamo-nos verdadeiramente amigos.

Um mês antes dos anos dele, ele beijou-me e por mais que eu quisesse resistir e não ser mais uma, acabámos por nos envolver numa amizade colorida. Óbvio que para mim foi muito mais do que isso, foi estar com o rapaz que eu sempre quis, mas para ele não sei... Ele com as outras estava no máximo duas semanas e comigo esteve mais de um mês, mas toda a gente diz que eu fui só mais uma e que ele me estava a usar...

Chegou a um ponto que não aguentava mais. Decidi afastar-me e sou egoísta ao ponto de nem amiga dele ser, mas a verdade é que isso só dificultaria a minha tarefa de ter de o esquecer!

Os meus pensamentos são interrompidos quando vejo que tenho uma mensagem no WhatsApp. Entro na aplicação e vejo que é do Sam:

*"Não quero saber o quão esta porra desta mensagem parece gay! Só quero ter a certeza que sabes que tenho saudades tuas e que cada vez que me deres com os pés,  eu vou atrás de ti para te dizer as vezes que forem precisas que não és nem nunca foste só mais uma!
Eu não vou desistir, Sarah!
Tem uma boa noite... Beijos de um. player idiota que gosta muito de ti."*

O meu coração acelera descompensadamente! Ele está a dizer que sou diferente e que não vai desistir! Será que estou a ter alucinações?

Por muita vontade que tenha de o ignorar, não consigo! Decido responder-lhe:

*"Sam, tu sabes que eu também gosto muito de ti, mas as coisas não são assim tão simples. Eu preciso de pensar, mas nós depois falamos. Eu prometo.
Boa noite. Beijos."*

Bloqueio o telemóvel e coloco-o na mesa de cabeceira. Aconchego-me na almofada e fecho os olhos.

Por mais que eu negue e por mais que eu fuja, este rapaz mexe comigo duma maneira que não devia mexer! E eu não sei como me livrar deste sentimento perigoso. Ou melhor... Será que eu me consigo livrar dele?

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora