XXIII- Eu não te estou a usar!

40 4 0
                                    

POV Martha

Quando acordo sinto a minha cabeça super pesada e todo o meu corpo dorido. Espreguiço-me e sinto o espaço na cama ao meu lado vazio.

Ei! Onde está o Harry? Será que eu sonhei? Será que nada daquilo aconteceu esta noite? Não... Não pode ser. Foi tudo demasiado real.

Levanto-me com muito esforço e dirijo-me à casa-de-banho. Lavo a cara e rapidamente troco o meu "pijama " por uns calções de ganga e uma camisola de manga cava simples. Limito-me a prender o meu cabelo num coque feito à balda e desço, com o objetivo de tomar o pequeno-almoço.

Quando entro na cozinha deparo-me com a visão mais bonita que alguma vez vi em toda a minha vida.  Harry, Liam e Sam encontram-se os três encostados à bancada, em tronco nu, a rir às gargalhadas. Penso que qualquer rapariga que entrasse aqui e se deparasse com estes três rapazes lindos em tronco nu iria ficar no sétimo céu!

  - Bom dia para vocês também! - falo, após me aperceber que nenhum deles dá pela minha presença.

Eles saem do seu transe e olham para mim. Liam rapidamente se dirige para mim, abraçando-me, e Sam despenteia-me propositadamente e sorri, desejando-me um "Bom dia ". No entanto, Harry permanece sério, como se estivesse à espera que eu desatasse a falar mal com ele ou que fosse fria.

  - Bom dia, Cabeça de Cachos. - falo para ele, sorrindo. Imediatamente vejo os seus músculos relaxarem.

  - Bom dia, Miss Mau feitio. - ele dá-me um sorriso trocista e eu reviro-lhe os olhos.

  - Dormiste bem? - Liam pegunta-me enquanto eu começo a fazer as minhas torradas.

  - Sim e tu?

  - Também. - ele responde, encolhendo os ombros. - Olha, hoje vou estudar para casa de um amigo, mas janto em casa.

  -  E eu vou estar com a Sarah durante a tarde, mas também venho jantar! - Sam informa-me.

Acabo de preparar o meu pequeno-almoço e dou-lhes indicações sobre as horas a que têm de chegar a casa. Durante todo esse tempo, o Harry mantém-se calado a um canto, o que me deixa bastante intrigada.

(...)

Durante todo o almoço apenas eu e o Sam falámos. Mais uma vez o ser de cabelos encaracolados manteve-se no seu mundo. Aliás, dá-me até a sensação de que ele está a tentar evitar-me.

  - Bem, eu vou andando. - Sam grita do Hall de entrada, enquanto eu ainda estava a acabar de arrumar a cozinha.

  - Namora muito! E quero-te em casa às 7 p.m. - grito-lhe de volta.

Oiço a porta bater e termino rapidamente a minha tarefa. Dirijo-me à sala, onde sabia que encontraria quem eu procurava.

Ele encontra-se sentado no sofá, a trocar mensagens com alguém.

  - Estás a falar com a tua amiga? - não consigo evitar perguntar.

Ele levanta os olhos do dispositivo e olha-me com uma expressão séria.

  - Por acaso até estou. Problemas?

Ele atira o telemóvel para o outro lado do sofá e cruza os braços sobre o peito. Eu sei perfeitamente que ele me está a tentar provocar e o que mais me irrita é que está a conseguir!

  - Mas porque é que me estás a falar assim? És estúpido ou quê? - pergunto, já irritada com o facto de ele estar tão estranho.

  - Pois, realmente eu sou bastante estúpido! Principalmente quando andei feito maluco à tua procura e tu estavas entretida a comer um gajo qualquer! - ele atira, mas logo de seguida os seus olhos ficam imensamente vermelhos e o mesmo fixa o olhar no chão.

Posso estar a ter alucinações, mas tenho quase a certeza que ele está à beira das lágrimas.

Aproximo-me dele e coloco o seu rosto entre as minhas mãos, forçando-o a olhar para mim.

  - O que é que se passa? Explica-me, eu não estou a entender. - sussurro, tentando manter a calma.

Os nossos rostos encontravam-se demasiado próximos, o que tornava difícil olhar para os seus olhos, em vez de para os seus lábios.

  - Parece que sou um objeto nas tuas mãos... - ele resmunga, encostando-se para trás.

Aproveito o seu gesto para me sentar no seu colo, o que o parece surpreender bastante.

  - Como assim? - questiono, enquanto começo a mexer nos seus cabelos.

Os seus músculos relaxam um pouco e os seus olhos fecham-se, o que me dá a entender que ele gosta que lhe mexa nos caracóis.

  - Sei lá... Tipo tu chateias-te, falas-me mal à toa, vais sair com outros gajos... Mas a verdade é que no fim de tudo cá está o tonto do Harry sempre a correr atrás de ti.

  - E porque é que o "tonto do Harry " faz isso? - faço-lhe a pergunta que já há muito se encontrava na minha cabeça.

  Ele abre os olhos, focando o olhar no meu.

  - Porque gosto de ti como nunca gostei de ninguém e nem sequer sei ao certo como é que isto me foi acontecer.

Não encontro palavras para lhe responder. O que ele acabou de dizer foi demasiado bonito para eu conseguir verbalizar algo. Por esse motivo, a única resposta que lhe dou é a junção dos nossos lábios.

Ao início, ele parecia um pouco sem reação, mas rapidamente corresponde ao beijo, puxando-me mais para ele.

  - Eu não te estou a usar, Harry. - murmuro, entre o beijo.

POV Sam

Saímos do cinema de mãos dadas e imediatamente Sarah começa a reclamar comigo:

  - Não me deixaste prestar atenção nenhuma ao filme, Sam. És uma peste!

  - Vá lá, bebé. Admite que gostaste de passar o tempo todo a beijar os meus maravilhosos lábios... - sorrio-lhe de forma provocadora, o que a faz corar um pouco.

  - Tudo bem, posso até ter gostado. No entanto, eu posso beijar-te sempre que quiser e vir ao cinema não venho todos os dias! - ela continua a reclamar.

Sentamo-nos no banco da paragem do autocarro e imediatamente a puxo para mim, beijando-a.

  - Sam, controla-te. Olha as pessoas. - ela adverte.

  Ignoro o seu pedido e beijo-lhe o pescoço.

  - Sam! Controla-te imediatamente! - ela rosna nos meus ouvidos.

Acabo por me dar por vencido, largando-a.

  - Chata. - reclamo, cruzando os braços e fazendo beicinho.

  - Deixa de ser idiota. Amanhã podes vir passar a tarde a minha casa, mas agora tens que te controlar, sim amor?

  Os meus olhos arregalam-se com o nome que ela utilizou para se dirigir a mim. Eu passo a vida a trata-la por "babe" e "bebé ", mas a palavra "amor" nunca esteve no nosso dicionário. Pelo menos até agora...

  - Sim, amor. Tudo o que tu quiseres. - respondo-lhe.

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora