XI-Ele é-me indiferente!

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  - Ouve, Harry, se há coisa que eu não quero é que te iludas. Tudo bem que já nos damos melhor, que até nos beijamos e isso tudo, mas não tens propriamente o direito de me estar a fazer esta cena de ciúmes. Harry, eu não quero nada contigo. Nem contigo, nem com ninguém, por isso aconselho-te a não te apegares a mim. 

Nota-se perfeitamente que ele está tão confuso quanto irritado.

  - Eu sei que não sou só mais um. Se fosse já tinhas ido comigo para cama e ter-me-ias despachado logo na manhã seguinte. Eu sei que já consegui mais do que o Niall em apenas algumas semanas, enquanto ele anda atrás de ti há anos! Não sou burro, Martha! 

Engulo em seco.

  - Harry, eu nunca disse que eras só mais um, mas também nunca te disse que eras especial de corrida. Eu não quero que te apegues a mim ou algo do género. Primeiro, porque não quero criar um ambiente estranho no café e segundo, porque não quero estragar as coisas logo agora que estávamos a ter uma relação civilizada.

Ele bufa de frustração.

  - Mas porque é que tu estás a falar como se eu te tivesse pedido em casamento? 

  - Não me pediste em casamento, mas demonstraste que eu mexia contigo.

É a vez dele de engolir em seco.

  - Então e vais afastar-te de mim por causa disso? 

  - Não me vou afastar se tu souberes separar as coisas! 

  - Não há nada para separar, porra! - o seu tom de voz aumentou significativamente. 

  - Há sim! Harry, eu não quero nada contigo! Eu não quero nada com ninguém! Mete isso na tua cabeça! 

Todo e qualquer vestígio de raiva desaparece do seu rosto e dá lugar ao que parece ser... tristeza?

  - Tudo bem, eu não misturo mais as coisas então. - Suspiro de alívio. - Mas antes tens de me olhar nos olhos e garantir-me que te sou indiferente.

Sinto o chão a fugir-me debaixo dos pés. Porque é que ele tinha que me pedir isto?

Abro a boca para aceder ao seu pedido, mas não sai um único som. Engulo diversas vezes em seco à medida que ele se vai aproximando perigosamente de mim.

  - Diz, Martha. Diz-me que te sou indiferente e eu nunca mais me tento aproximar de ti. 

Sinto-me completamente congelada. Não me consigo mexer, nem sequer falar.

Surge uma pressão no fundo da minha barriga à medida que ele se encontra mais próximo. Uma sensação bastante agradável que nunca havia sentido antes.

A sua mão vai para a minha bochecha, acariciando-a e eu quero afasta-lo, dizer-lhe que não podemos e que ele me é completamente indiferente. Mas não consigo. A única coisa que consigo fazer é fechar os olhos e sentir o seu toque em mim.

As nossas testas juntam-se e sinto que o meu coração me vai saltar do peito a qualquer momento, de tão acelerado que está.

  - Eu sei que não te sou indiferente. - ele murmura antes de juntar os nossos lábios. 

Sinto todos os pelos do meu corpo eriçar-se ao entrelaçar das nossas línguas. Envolvo os meus braços à sua volta e puxo-o para mim, como se fosse possível juntar ainda mais os nossos corpos.

Eu não consigo reagir. Eu queria rejeita-lo, mas não consigo. É impossível não corresponder ao seu beijo.

Sinto o meu corpo embater numa superfície dura que calculo ser a parede. As suas mãos descem até às minhas coxas, subindo-as e entrelaçando-as à volta da sua cintura. As mesmas mantêm-se no cimo das minhas coxas, enquanto as minhas se dirigem para os seus caracóis.

Puxo-os com força e ele tenta falar, mas o som sai mais como um gemido. Ele separa as nossas bocas e dá-me um pequeno beijo na bochecha, pousando-me lentamente no chão de seguida.

Abro os olhos e deparo-me com duas lindas esmeraldas a encarar-me. Retiro os meus braços do seu pescoço e fixo o meu olhar no chão, tentado esconder o tom rosado que aposto que neste momento preenche o meu rosto.

  - E-eu a-acho melhor vol-voltarmos ao tr-trabalho. - gaguejo, correndo de seguida para fora daquela sala. 

Volto ao trabalho e agradeço ao Niall a ajuda.

Acho que nunca estive tão confusa em toda a minha vida!

(...)

Na minha hora de almoço, faço questão de ficar sozinha. Para além de ter que pôr a minha cabeça, também tenho que enviar algumas mensagens.

*Para: Etan
Etan, desculpa avisar em cima da hora, mas hoje não vai dar para jantarmos. Fica para outro dia. Desculpa e beijos.*

*Para: Joanna ❤
Jo, hoje preciso urgentemente de ti! Tu e Lou vão jantar lá a casa, Ok? E se não for pedir muito dá-me boleia... Ainda não fui buscar o raio do carro! Beijos! *

* Para: Batman
Liam, eu afinal janto em casa e o Louis e a Joanna em princípio também. Beijos. *

E agora é hora de voltar ao trabalho e continuar empenhada em evitar o Harry...

(...)

Entro em casa embrenhada na conversa com a Joanna e o Louis. Na sala, apenas se encontra o Liam, deitado no sofá.

  - Chegámos! - anuncio.  

  Ele endireita-se rapidamente e levanta-se para me abraçar, surpreendendo-me.

  - Ainda bem que finalmente chegaste! - ele suspira. 

  - Mas o que é que aconteceu? Onde está o Sam?

  - Ele chegou da escola mais cedo e trancou-se logo no quarto. Quando lhe pedi para abrir a porta disse-me para ir chatear a minha namoradinha! Eu simplesmente não sei mais o que fazer!

Demoro alguns segundos a digerir toda a informação.

  - Ele disse mesmo isso? 

  - Disse, Martha. Tu tens que falar com ele. Deve ter acontecido alguma coisa! 

  - Ok... Eu vou lá acima tratar disto, enquanto isso vocês podem ir pondo a mesa e isso tudo. 

  - Sempre às ordens, cunhadinha! - O Louis goza e eu reviro-lhe os olhos, começando a subir as escadas.

Bato à porta do quarto do meu irmão mais novo, mas não obtenho resposta.

  - Samuel Payne, é bom que abras a porcaria da porta neste preciso momento ou então não terei problemas nenhuns em arromba-la!
 
Alguns instantes depois a porta abre-se e eu entro de rompante. O Sam encontra-se de costas para mim.

  - Samuel Payne, o que é que te aconteceu? Porque voltaste da escola mais cedo, porque te trancaste no quarto e porque respondeste mal ao teu irmão? 

E foi nesse momento que se virou para mim. Olho esquerdo negro, boca arrebentada e pescoço todo arranhado.

Sinto os meus olhos quase a saltarem-me da cara e a minha boca formar-se num "o".

  - Sam, o que é que te aconteceu? Tu andaste à porrada? Por favor, conta-me!

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora