XXIX- Anemia

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Entro no meu local de trabalho e deparo-me com o Paul ao balcão e o Harry já a servir às mesas. Não acredito que isto me está a acontecer...

  - Hoje ficas com o Niall na cozinha.  - o meu patrão ordena e eu reviro-lhe os olhos.

Parece que faz de propósito! Ontem que eu e o Harry estávamos chateados meteu-nos a fechar o café, mas hoje que eu queria falar com ele enfia-me na cozinha com o Niall! Que raiva...

Arranjo-me na minha sala e dirijo-me à cozinha. Mal entro, deparo-me com o rapaz loiro já a trabalhar.

  - Bom dia! - ele sorri-me e vejo-me obrigada a retribuir, afinal ele não tem culpa de nada.

  - Bom dia.

Deposito um beijo na sua bochecha e começo a trabalhar.

  - Está tudo bem? - ele questiona, após alguns minutos de silêncio.

  - Sim. - minto.

Ele parece convencido e acabo por me sentir um pouco culpada. Eu não gosto de lhe esconder as coisas, mas a verdade é que se eu lhe contasse que estou mal por ter discutido com o Harry ele ficaria magoado e tudo o que eu não quero é isso.

Para melhorar o meu dia, ainda me estou a sentir um pouco mal-disposta. Era só o que me faltava!...

(...)

A minha hora de almoço terminou, portanto regresso à cozinha. Eu bem que tentei falar com o Harry, mas ele parece que está a fugir de mim.

Raios do rapaz! Também não facilita nada...

Tenho uma tontura e encosto-me ao balcão. O meu estômago está completamente às voltas e sinto-me fraca.

  - 'Bora voltar ao trabalho?

A voz animada do meu melhor amigo irrompe pela divisão.

  - Estás bem? Estás tão pálida...
 

  - Eu... Eu não sei. Estou mal disposta e tive uma tontura. - confesso.

A sua expressão evidencia alguma preocupação.

  - Não te preocupes. Fica aqui, que eu vou buscar-te um comprimido e ficas bem num instante! - ele garante.

Sai a correr e rapidamente volta com um comprimido na mão. Enche um copo de água e entrega-me ambos os objetos.

Tomo o minúsculo comprimido branco e agradeço-lhe. De seguida, esforço-me por voltar ao trabalho, afinal seja o que for que se está a passar comigo ficar parada não resolve nada.

Passam-se uns vinte minutos em silêncio e eu juro que me tentei esquecer da minha má-disposição, mas não estava a dar. Sentia-me cada vez mais fraca e zonza.

A dado momento, o meu corpo começa a tremer. Literalmente a tremer. Tentei controlar-me, mas não tinha força nas mãos para agarrar em nada, não estava à conseguir disfarçar.

  - Martha! Estás bem??- Niall praticamente grita no meu ouvido, quando se apercebe do meu estado.

Levo as mãos à cabeça, para tentar diminuir a dor que o seu grito provocou.

  - Oh meu Deus! Tu não estás nada bem! Vou avisar o meu pai e o Harry, algum deles deve saber o que fazer. - oiço-o falar.

Sinto-o sair da divisão.

Uma tontura forte atinge-me, fazendo-me perder as forças e cair redonda no chão. Para além de todas as dores, de estar a tremer e de me sentir sem forças, ainda tenho a visão embaciado pelas lágrimas que começam a escorrer pelo meu rosto.

Eu já não sinto o meu corpo e admito que estou com medo.

  - Martha! - uma voz rouca conhecida faz-se ouvir.

Sinto-o sentar-se perto de mim e rapidamente sou puxada para o seu colo, para o seu abraço.

  - Calma, por favor tem calma. O Paul já está a chamar uma ambulância e tu vais ficar bem. Não te preocupes. - Harry murmura no meu ouvido.

Fecho os olhos, numa tentativa de parar as tonturas.

Sinto os seus dedos a secar as minhas lágrimas e o mesmo beija-me a testa.

  - Tenta dormir, talvez assim fiques melhor. - ele aconselha. - Eu prometo estar lá quando tu acordares.

A sua voz acalma-me e reconheço que talvez o seu conselho não seja mau de todo. No entanto, eu preciso dele, estou assustada.

  - Bei-Beija-me. - arranjo forças para lhe pedir.

Nesse mesmo instante um beijo carinhoso é depositado nos meus lábios.

  - Dorme. Descansa que vai ficar tudo bem. - são as últimas palavras que oiço antes de cair num sono atribulado.

POV Harry

Estávamos todos no hospital há já algumas horas. Eu, Sam, Liam, Louis, Joanna e Paul. Apenas Niall tinha ido para casa, acho que ele se sente intimidado com a minha presença.

Para um simples desmaio isto estava a demorar tempo demais, o que nos estava a deixar nervosos a todos.

  - Mas eles nunca mais dizem nada porquê? - Joana questiona, preocupada.

  - Mesmo a sério! Já me estou a passar! - Sam resmunga.

  - Vá lá, vamos ter calma. - Paul intervém. - Não vale a pena estarmos assim.

Apesar de estar calado, encontro-me bastante nervoso e confuso ao mesmo tempo. Por mais que ela me tenha magoado ontem, não consegui conter-me ao vê-la naquele estado. Ela estava tão frágil, tão vulnerável. A minha reação imediata foi agarra-la e abraça-la. Era inevitável, porque no fundo eu sabia que ela precisava de mim.

  - Familiares de Martha Payne?- um médico aproxima-se de nós.

Todos nos levantamos e Paul chega-se à frente.

  - Sim, os próprios. Já sabem o que se passou com ela?

  - Sim. Após algumas análises e exames, chegámos à conclusão de que a paciente sofre de anemia.

  - Mas é grave? Isso vai afeta-la em quê? - Liam questiona.

  - Bom, - o médico continua - não é grave pelo simples facto de que ainda é algo muito recente, logo vamos conseguir controlar este desequilíbrio muito facilmente. A Martha apenas terá que tomar medicação, alterar um pouco a sua alimentação e tem que ter cuidado com os esforços. Apenas isto.

  - Ela já acordou? - pergunto.

  - Sim e eu já lhe expliquei o que ela tem. Ela pediu para ver os irmãos, se possível.

Uma pontada de desilusão atinge-me. Eu prometi-lhe que estaria com ela quando ela acordasse, gostaria de ter cumprido a minha promessa.

Frozen Heart √H.S.√Onde histórias criam vida. Descubra agora