21. KATHERINE

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Nunca imaginei que minha vida seria capaz de dar uma guinada em praticamente um mês. Aconteceu tanta coisa que caberia em um livro extenso ou uma série da Netflix com algumas temporadas. Ao longo desses dias, pude experimentar os mais variados sentimentos. Eu senti medo, desespero e tristeza, mas também senti alegria, emoção e paixão.

Devo admitir que a última semana foi intensa por muitos motivos. Benjamin e eu estamos falando apenas o necessário. É estranho, pois eu sinto sua falta. Sinto falta de nossos trocadilhos bobos e de como eu cabia perfeitamente em seu abraço. Apesar disso, entendo que estamos respeitando o nosso espaço. Precisamos de um tempo para assimilar tudo o que está acontecendo em nossas vidas.

Comecei a terapia nesta semana e tem sido ótimo. É bom falar com alguém sobre meus traumas e buscar tratá-los de forma correta. Mamãe tem me ajudado muito nisso também. Estamos orando juntas todos os dias, reservando algum tempo para buscarmos a Deus e lermos Sua Palavra. A cada dia que passa, mamãe está melhor e isso me deixa muito contente.

Benjamin também está fazendo terapia. Ele trabalhou no escritório de casa a semana inteira. Rick e ele passam horas enfurnados naquela sala. Vez ou outra, Bruce ou Will aparecem para tratar algum assunto relacionado à Construtora.

Nós não tocamos mais no tópico Robert Thompson — exceto nas minhas sessões de terapia. Não quero falar sobre ele em casa. Ocupo minha mente com outras coisas, quando estou fora do consultório da Drª. Elena. Pela tarde, passei a trabalhar com Lauren em seu ateliê e tem sido ótimo. Estou lidando com a parte do marketing da sua marca e criando alguns conteúdos para suas redes sociais. É claro que a Underwood tinha pessoas mais especializadas para isso, mas ela gostou das minhas ideias e entendeu que através disso poderíamos alcançar outro tipo de público, além do que ela já possui.

Após um delicioso café da manhã, decidi que fazer uma caminhada pela propriedade seria ótimo. Mamãe saiu com Judith e Jeff para reabastecer a despensa. Olga está cuidando de alguns assuntos pessoais e Benjamin está trabalhando no escritório.

É incrível como o jardim contrasta com o resto. Fora dele, há muito verde, a grama é bem cuidada e não preciso nem mencionar o quanto a área da piscina é bonita. Todavia, ao voltar os olhos para o jardim, é impossível não suspirar frustrada. Lamento que Benjamin ainda não consiga lidar com tudo o que este lugar representa. Espero que um dia ele seja capaz de deixar este jardim florescer. Seria linda alguma celebração neste jardim, com luzes e uma decoração minimalista em tons terrosos.

Balanço a cabeça em negação. Acho que estou passando muito tempo com a Lauren.

Sento-me no chão do jardim e minha mente voa longe, imaginando como seria se as roseiras tivessem vida, as estátuas estivessem limpas e os dois bancos não fossem cobertos por ervas daninhas. A estufa também seria um lugar muito aconchegante para tomarmos café no verão ou para algum almoço de domingo.

— Talvez um dia... — murmuro comigo mesma, suspirando em seguida.

Katherine.

Eu congelo ao ouvir sua voz, sentindo todo meu corpo tencionar. Encaro seus olhos negros, à medida que ele se aproxima. Como é possível sentir tanta falta de uma pessoa e ao mesmo tempo desejar estar à milhas de distância?

— O Benjamin está no escritório — ponho-me de pé.

— Não vim falar com ele. Você tem um minuto?

— Desculpe, mas tenho um compromisso.

Paro para analisar seu rosto. Ele parece mais magro do que a última vez que o vi; suas olheiras são profundas e há uma grande parcela de tristeza em seu olhar.

Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora