05. BENJAMIN

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Bato a porta do carro com força. Respiro profundamente, afundando meu rosto entre as mãos.

Pego meu celular e ligo para Lauren. Ela me atende no terceiro toque e não lhe dou chance de terminar o "oi".

— Péssima ideia, Megera. Péssima ideia! Onde eu estava com a cabeça quando resolvi acatar uma ideia sua, Lauren? — Ralho, sentindo meu sangue ferver.

— Ui, ele tá estressadinho. — Posso apostar que ela está revirando os olhos do outro lado da linha.

— Ela odiou! Foi uma péssima ideia pedi-la em casamento em público. E eu ainda usei o anel da mamãe, conforme você sugeriu.

— Você aceitou a ideia porque quis. Além do mais, provavelmente você executou a ideia do seu jeito e não da forma romântica e gentil, como eu sugeri.

— Não fode, Lauren!

— Todo esse mal humor é por que vai ter que me dar um carro? — Ela ri.

— Por que eu te daria um carro?

— A gente apostou ontem, lembra? Se você encontrasse o amor da sua vida, me daria um carro.

— Katherine não é o amor da minha vida.

— Isso pode mudar.

— Se isso mudar, eu te dou um jatinho.

— Você está muito ferrado, Ogro.

Jogo o celular no banco do passageiro, enquanto balanço a cabeça em negação. Não estou assim porque Katherine me detesta, estou assim porque ela feriu o meu ego e, pior que isso, fez pouco caso do anel que era da minha mãe.

Ela não sabia disso, obviamente. Porém, fez pouco caso de toda e qualquer investida de aproximação minha. Eu sei que eu pisei na bola com algumas brincadeiras, só que eu nunca saí com uma mulher como ela. Katherine é recatada e cheia de princípios, o que me faz sentir como se estivesse pisando em ovos quando estou perto dela.

E isso também me faz questionar o porquê de ela ter me feito a contra proposta que culminou em nosso noivado. Ela parece ser boa demais para aceitar se casar por dinheiro sem ter um bom motivo.

Percebo que seu carro ainda está no mesmo lugar. Talvez ela esteja me xingando mentalmente ou dizendo para si mesma que me conhecer foi a pior coisa que aconteceu na vida dela.

— Eu tô ficando louco.

Ignoro toda e qualquer parte sã em mim e sigo Katherine discretamente. O trânsito não está tão caótico, então não demora muito para chegarmos a Bay Village. O bairro residencial é composto por casas pequenas e acolhedoras, mas também contrasta com alguns hotéis mais requintados.

Katherine estaciona, mas não deixa seu carro. Após se passarem quase vinte minutos, tenho certeza de que há algo errado.

— Isso não é problema seu. — Digo a mim mesmo, tentando me convencer a ir embora e deixar para lá o que quer que seja.

Meu corpo parece não obedecer meu cérebro e só me dou conta disto quando já estou saindo do carro. A rua está pouco movimentada, o que me leva a questionar o que ela está fazendo aqui.

Aproximo-me devagar e bato no vidro. É inevitável não rir ao vê-la dar um pulo, assustada. Entretanto, o sorriso some de meu rosto ao perceber que Katherine está enrolada em um cobertor, com os olhos levemente inchados.

Ela abre a janela e me encara com um misto de fúria e confusão.

— Qual o seu problema?

— Eu é que te pergunto. O que está fazendo aqui? — Crispo os olhos.

Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora