Amélia
Base Militar de Aratu, 1 de janeiro
Meu querido Adam,
Enquanto o mundo se acaba em ressaca nesse novo ano por todo o extenso litoral brasileiro, cá estou acordada na cama amargando a falta que você me fez nessa passagem de ano. Isso é ruim? Sim, mas hei de superar. Como está a Escócia? Por favor, me diga que você exibiu as suas pernas consideralvemente bonitas num kilt no baile da sua tia? Oh, querido, como queria ter apreciado isso pessoalmente!
Você perguntou quando minhas férias terminam. Oficialmente, ficaria até o fim dessa semana aqui, mas quero encurtá-las e me preparar para uma pequena batalha que irei travar no Congresso em fevereiro. Portanto, volto para Brasília amanhã para uma semana de reuniões ministeriais e com minha base parlamentar.
Ainda não pude agradecer, os mimos de Natal que enviou aos meus sobrinhos menores por meio do Paulo. Eles ficaram encantados e já são seus fãs. Mamãe ficou ainda mais envaidecida com os brincos que enviou e papai adorou os CDs. Você está comprando minha família, senhor!
Bem, estou sem o que escrever. E me repetiria em dizer que sinto sua falta. Ah lembrei de uma coisa! Baixei Honeysuckle Rose para ouvir no celular. Fui pega suspirando por alguém do meu staff enquanto ouvia essa música. Culpa sua!
Sinto sua falta,
Sua Amélia
Adam
Aberdeen, 6 de janeiro
Scott foi a ideia perfeita. Não foi uma ideia minha, mas foi adequado como presente de Natal para Amélia. Era fofo, era felpudo e, se ensinado, poderia morder minha concorrência. O fato de que ele só me foi entregue para que eu o repassasse a "quem quer que estivesse me fazendo sorrir mais" não era tão adequado assim. Afinal, é de se supor que um homem de certa idade não precise de uma tia escocesa se metendo na vida amorosa. Mas quando se tem uma matrona escocesa sem filhos como parente próxima, é quase certo que isso acontece e foi o que se passou durante minha temporada com tia Eileen naquele ano.
Observou-me como uma águia e assim que sentenciou que só poderia estar apaixonado, ofereceu-me um filhote de sua Betsie, uma West Highland Terrier branco com ordens expressas para ser entregue a responsável pela minha boca cara. Sem afirmar ou negar, enviei o pequeno Scott em missão diplomática ao Brasil por meio de John. Aproveitei que ele foi visitar uma irmã no Brasil e pedi que entregasse a figura felpuda para Amélia em Brasília.
Dois dias e meio depois, a resposta desse estratagema veio por um telefonema.
- Adam! - disse Amélia com a voz risonha assim que atendi a ligação, pude ouvir latidos atrás e soube que meu presente havia chegado em mãos - Que coisinha adorável! Scott, pára quieto!
- Gostou do seu presente de Natal atrasado? - inquiri divertido enquanto ouvia Scott latir e resfolegar junto ao fone, ignorando os protestos de sua nova dona.
- Ah, ele é uma belezinha. Tão fofo. Acredita que não descola de mim desde que John me deu? - revelou e pude imaginar os olhos verdes iluminados dela quando viu a pequena bola de pêlos.
- Lembra que quando ficamos juntos a primeira vez e eu não pude me desgrudar? É o mesmo efeito que você tem sob o pequeno Scott, dona raposa. - enquanto falava ouvia o som inconfundível do resfolegar do cachorro perto do fone novamente - Scott, quieto! - ordenei com firmeza fazendo ela soltar um daqueles risos felizes.
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A diplomacia do amor
RomanceEsta poderia ser aquelas histórias onde dois estranhos se encontram numa ocasião qualquer, jantam, se conquistam e se apaixonam loucamente, mas não é. Algumas dessas coisas, talvez, aconteçam com Adam e Amélia, mas vocês vão entender que nada é tão...