Adam
Londres, 01 de junho
Windsor sempre é um castelo que vai me impressionar, passe o tempo que passar. Não há nada mais bonito do que o parque que rodeia aquela propriedade, uma massa verde tão brilhante num dia de sol que chega doer os olhos. Logo atrás a grande e milenar massa robusta de pedra se ergue como um lembrete de que tudo na Inglaterra é perene e feito para durar.
Naquela manhã preguiçosa, parece que a presença de Amélia trouxe o sol dos trópicos para a velha ilha e brindou a todos com uma visão menos cinza de Windsor. Céu limpo e uma temperatura bem agradável com uma brisa fresca a fazer as árvores balançarem serenamente. Enquanto esperava a chegada da comitiva brasileira, imaginava o quão difícil seria manter a fachada de inglês discreto como a raposa desfilando tão perto. Por outro lado, controlava certa ansiedade de tê-la.
Logo, meus devaneios foram quebrados ao ver o inconfundível carro com uma bandeira do Brasil tremulando. Seguia calmamente na direção onde eu e as demais autoridades britânicas estávamos. Quando o carro parou diante nós, um guarda abriu a porta e a realeza e o mundo puderam se deslumbrar com a figura belíssima de Amélia, que parecia se vestir para me provocar. Usava um simples vestido lavanda que a fazia parecer como uma das musas gregas, leve, fluida e tão linda quanto minha saudades poderia lembrar. A expressão era relaxada, mas ainda havia aquele quê de autoridade encerrado num movimento gracioso das sobrancelhas.
Depois da execução dos hinos nacionais e a revista da guarda, a rainha guiou Amélia para cumprimentar os presentes e, como eu era o primeiro da fila, também fui o primeiro a dar as boas vindas.
- Acho que a senhorita já conhece nosso bom senhor Crawford, não, Excelência? – disse a velha monarca com o que me pareceu ser um sorrisinho discretamente sugestivo para Amélia.
- Sim, tenho o prazer de tê-lo com um bom amigo pessoal, Majestade – respondeu educadamente estirando a mão para que eu a cumprimentasse. O toque foi elétrico. É impressionante como algo tão rápido e fugaz tenha gerado tal eletricidade, a ponto de que, durante rápidos segundos, os nossos olhares se corresponderam em silêncio.
- E digo o mesmo sobre a senhorita Carvalho, senhora. Seja bem-vinda ao Reino Unido, Excelência. – quebrei o silêncio usando toda formalidade que meu cargo requeria.
- Obrigada, obrigada, meu caro... – assentiu e logo seguiu para cumprimentar os demais que sorriam feito bobos pelo chefe de Estado mais agradável de se ver desde... sempre. E assim, os demais protocolos se seguiram sob os aplausos dos turistas e moradores dos arredores de Windsor.
Amélia
Castelos. Guardas de honra. Uniformes. Carruagens. Presentes. Os ingleses sabem como receber um chefe de Estado de forma memorável com pompa e mimos. Aquela foi uma visita de Estado da qual nunca me esqueço. Tanto pela importância quanto pelo meu reencontro tão desejado com Adam. A primeira vez que o vi senti uma enorme vontade de atirar-me em seu pescoço, sorvei seu cheiro e deixar ficar em seus abraços até que a eternidade chegasse ao seu termo, mas usei toda a compostura e me comportei exemplarmente. Ainda assim, usei o momento do pequeno passeio de carruagem ao lado da rainha e seu marido, o duque de Edimburgo, para me acalmar um pouco.
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A diplomacia do amor
RomanceEsta poderia ser aquelas histórias onde dois estranhos se encontram numa ocasião qualquer, jantam, se conquistam e se apaixonam loucamente, mas não é. Algumas dessas coisas, talvez, aconteçam com Adam e Amélia, mas vocês vão entender que nada é tão...