Capítulo 15

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Adam

Hospital de Base do Distrito Federal, 5 de agosto

Com o tratamento com antibióticos fortes, Amélia saiu do isolamento depois de uns dias após acordar, sendo transferida para um quarto normal. Seu corpo ainda sentia dores, mas, como a mulher teimosa que era, não dizia nada. Sua expressão denunciava qualquer esforço para conter as dores dentro de si. Seu respirar ainda era difícil e o mover-se era um sacrifício enorme. Estar sem trabalhar a deixava com um humor soturno. O trabalho era uma de suas razões de ser, percebi quando murchou um pouco com a notícia de que ficaria mais um tempo no hospital.

- Uma semana? – suspirou ela impaciente assim que o médico saiu e nos deixou a sozinhos.

- E com uma visita do governo por dia... – completei lembrando impedimento do médico (na verdade, foi um acordo feito comigo e com dona Sônia) para que ela não se forçasse a trabalhar e estressar antes do tempo.

- Absurdo! Isso é censura! – e ficou em silêncio por lhe faltar um pouco o ar, o que acontecia quando ficava agitada.

- Isto é a medicina querendo curá-la, meu amor – segurei seu rosto e beijei de leve seus lábios – Você fica ainda mais bonita quando está brava...

- Você é um homenzinho mau, sabia? – como sempre fazia ao dizer isso, ela tinha um riso provocante nos lábios e me deu um tapa no braço que mal doeu.

- Não sou mau, você é. Ficou doente e está me privando de tê-la... – cruzei os braços com um semblante sério – Sabe o quanto é difícil estar aqui livre e disponível e não agarrá-la? Isso é maldade, Amélia.

- É o meu troco por não me deixar trabalhar – cruzou os braços como uma criança a ser contrariada.

- Boba... – ri balançando a cabeça e, me aproximando dela, ainda sentado no seu leito, a abracei trazendo para perto de mim. – Estou cuidando para não ter mais a sensação de que vou perdê-la.

- Bobo é você... – respondeu a atrevida deitando sua cabeça no meu ombro – Que acha que irá se livrar de mim tão fácil assim – e senti ela aspirando meu pescoço numa vontade de sentir-me de alguma forma, demonstrando tanta necessidade de estar perto quando eu tinha. - O que somos agora, Adam? - ouvi sua voz baixinha enquanto sua cabeça repousava em meu ombro.

- Você já é minha mulher, se isso te consola - afaguei-lhe os cabelos enquanto falava - Mas se quiser podemos oficializar as coisas...

- Isto não é um pedido de casamento muito decente vindo de um cavalheiro inglês, sabe? - ironizou divertida mordiscando meu pescoço de leve provocando arrepios - Mas não seria adequado me casar agora.

- Quando você melhorar, faço todo o circo... - resmunguei pouco me importando com protocolos matrimoniais - Por que não seria? Não que me importe com coisa muito oficiais...

- Porque você é um ex-chefe de governo estrangeiro e eu ainda estou no exercício de tudo...- explicou com a voz abafada enquanto roçava seu rosto em meu pescoço. - Não quero causar mais problemas para nós... - e ela voltou a me olhar e pude perceber que aos poucos aquele brilho nos olhos dela voltava a irradiar a alma de raposa que tinha.

- E isso nos reduz...- estava intrigado com o que se passava na cabeça da raposa.

- Bem. ..- a travessa encolheu os ombros e deixou um sorriso brincar nos seus lábios. - Já passamos da fase do flerte....agora nos resta o bom e velho namoro. - disse-me com um ar tímido e depositou um beijo nos meus lábios enquanto distraia-me com o olhar de raposa selvagem.

A diplomacia do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora