*Sem Correção...
PRÓLOGO
Alexandrina,
- Não! – Supliquei sentindo meu corpo desfalecer diante daquela cena que me obrigavam a assistir. Meu amor... Meu grande amor. O homem que jurou me amar e estar comigo até que... Até que a morte nos separasse. Agora estava indo. Tão jovem. Apenas vinte nove anos.
Meu sogro mal se aguentava nas próprias pernas e tentava me amparar. Minha sogra já estava lá, sobre o corpo frio e sem vida. E meu coração ainda resistia em acreditar. Mas quando o vi ali... Imóvel, diante de mim, eu não aguentei. Passei a mão sobre seu rosto e estava frio. Feito pedra.
- O que fizeram com você meu querido? O que fizeram? – Minha voz falhou. – Não podia ir agora? Não chegou a saber se teremos uma menina ou um menino, eu sei que você disse que seria menina novamente, mas... Precisamos de você.
- Filha... Sente-se! – Olhei a cadeira e só me sentei por pena do homem que acaba de perder o filho. Mas trouxe minha cadeira para perto do caixão e fiquei tocando seu rosto. Pensei pela primeira vez que eu devia ter ido mais a igreja, assim poderia ter a certeza de que Deus o ressuscitaria. Agora não fazia diferença, porque embora todos falassem de Deus, eu mesma nunca o tinha visto pessoalmente. E aí estava a prova... Como ele deixava acontecer uma tragédia com um homem como o Bruno?
Desde quando nos conhecemos na escola, ele sempre disse que seria construtor. Amava o ramo da construção e embora fosse um ótimo construtor, entendesse tudo de projetos e até mesmo chegasse a desenhar suas próprias construções, jurando que um dia as levantaria, não teve dinheiro o suficiente para fazer a tão sonhada faculdade de engenharia. Por isso, durante muito tempo foi explorado por várias empresas que usavam suas ideias com as assinaturas de outros engenheiros, mesmo assim nunca reclamou.
- Meus sentimentos! – Um homem segurou minha mão, e eu encarei seus olhos. – Eu trabalho, quer dizer... Trabalhava com o Bruno. Sentimos muito sua perca. A gente também perde um grande companheiro. – E se afastou secando as lágrimas.
Minha amiga Débora veio e sentou-se ao meu lado segurando minha mão. Ela estava me ajudando muito desde que recebi essa terrível notícia. Havia cuidado do funeral e de todos os trâmites necessários.
- E agora amiga? O que será de mim? Como eu vou criar duas crianças sem o pai. – Aquilo não estava em nossos planos. Era tantos planos, meu Deus! – Descansei minha cabeça à beira do caixão.
- Alex, estaremos aqui com você. Jamais te deixaremos e lembre-se que ainda tem sua família e seus direitos principalmente. Depois te conto... Não vai ficar desamparada. Pode ter certeza. Não vamos deixar.
- Você não entende Deby. Meus pais mal dão conta de pagar suas próprias contas com suas aposentadorias. Vira e mexe o Bruno e eu tínhamos que emprestar do pouco que tínhamos.
- Mas tudo por causa da folgada da sua irmã e de suas sobrinhas não é meu bem. Se não fosse isso... Mas deixa que iremos te ajudar.
O financeiro era o de menos, assim que eu pudesse voltaria ao trabalho e... O choro tomou conta de mim novamente. Tudo doía. O meu corpo, meus pensamentos, e olha que nunca tinha ouvido dizer que pensamentos doíam, mas agora eu sentia na pele. Mas o que mais doía era meu coração.
Faríamos quatro anos de casado semana que vem. E todos os anos planejamos viajar e nunca sobrava o bendito dinheiro, mas esse ano... Este ano estava sendo diferente. Ele havia feito horas extras no trabalho. Pegado serviço por fora aos sábados e domingos para que tivéssemos como viajar. E agora... Não iríamos. Não... Não podia ser verdade.