Sem correção
Marcus Muller
- Deixa que tentar me explicar. – Ele não disse nem que sim, nem que não. Estava sentado diante a mim, e com certeza esperava minha explicação.
Desde ontem tenho pensado no que dizer ao Rick. Não que eu deva satisfação de minha vida, mas... Como amigo da Alex, achei melhor esclarecer o que ele viu.
- Bom... – Só que não tinha palavras para descrever o que se passava entre nós. – Não sei como te dizer. Não sei o dia, nem a hora que isso aconteceu. Estava focado em sair da vida delas depois do fórum nem mesmo quis contato, deixando meus advogados por conta. Mas elas apareceram. Primeiro uma amiga. E depois ela veio pessoalmente.
Ele continuava com um semblante indecifrável. Hora eu pensava que ele estava tentando não pular sobre mim e me socar até a morte, hora eu pensava que ele não estava entendendo minha explicação e hora em pensava que não precisava estar passando por isso, porque o Rick não era nada além de que amigo. Mas continuei... Por ela. Quando saí de lá ontem, ela estava transtornada. Chorosa. Dizendo que o Rick nunca a perdoaria por tal traição ao amigo. Só por isso, estou falando com ele.
- Comecei a perceber que quando ela está por perto não sinto as dores que incomodam meu corpo. E eu te juro que quando percebi isso, eu tentei me afastar. Até cheguei a falar com meu terapeuta sobre. Meu maior medo é de que estando com ela, minha mente achasse que não precisava sofrer mais.
Ele se contorceu sobre a cadeira e depois voltou a fixar os olhos em mim.
- Eu a beijei no fim do jantar. Se você não tivesse ido embora primeiro que eu com certeza não teria acontecido. Mas aconteceu. Ao contrário do que pensa, eu não voltei a procura-la. Fiquei totalmente perturbado e desequilibrado, mas resistir procura-la. Mas quando soube que ela havia estado aqui no escritório querendo falar comigo e pouco depois saído sem esperar, eu não pensei duas vezes. Deixei o que tinha para fazer e fui vê-la. Precisava tirar a limpo que o estava sentindo não era só de minha parte. E eu acredito que não seja. Mas ela disse que está carente, sente solidão, e que talvez não seja uma boa no momento, porque ainda se encontra de luto. E foi quando você chegou... Não pense mal de sua amiga. Se tiver algo para falar ou para perguntar e estou aqui. Aproveite o momento...
- Então doutor Marcus. Quando o senhor pediu para eu vir a sua sala hoje, eu vim achando que falaria comigo sobre aquela obra que precisa ser revisada na Barra. Os moradores querem se mudar essa semana e precisamos de sua vistoria. – Será que ele tinha ouvido o que eu tinha dito nesses vinte minutos passados? – Achei também que fosse me entregar os documentos de férias dos dois funcionários que precisam sair essa semana. – Ele parou e se levantou.
- Eu pensei que...
- Eu pensei que fosse isso. Quanto a Alex, embora eu ache não se passou muito tempo que o Bruno tenha falecido. Não espero que ela viva sozinha o resto da vida. É jovem e bonita, e muito atraente, como o senhor já percebeu. Mas não ache que eu irei dar palpite na vida dela, porque entendo que cada um tem um tempo diferente e eu torço muito para que ela encontre uma pessoa boa na vida, que goste e respeite minhas afilhadas, como um pai e que faça minha amiga feliz, como ela sempre mereceu. Hoje passei logo cedo na casa dela e disse a ela o que estou dizendo ao senhor. Se existir uma chance de serem feliz... – Balançou a cabeça. – Não serei eu a colocar empecilho na relação. Ao contrário doutor. Conheço-a e o conheço também. Nunca se passaria por minha cabeça vocês formarem um casal. Mas depois de vê-los achei que combinam. – Pegou o documento sobre a mesa e se afastou. – E quando o senhor não estiver com a cabeça tão ocupada, poderia me acompanhar na inspeção da obra e assinar a férias dos rapazes. – Abriu a porta e sorriu brincando comigo. – Só o que faltava o senhor dando satisfação de sua vida a um funcionário. – E assim ele se foi.
