Sem correção...
Dias depois...
Subi cada degrau com dificuldade. O médico me disse que seria assim. Até tentei ser mais rápido, mas devo ter gasto no mínimo uns vinte minutos para subir quarenta degraus. Não pode ser normal como o médico disse que seria.
Parei. Deixei aquela dor incómoda passar e olhei o que faltava, uns quatro ainda. Mal acabei de apoiar-me novamente nas muletas de alumínio para voltar a subir quando me deparei com uma multidão.
- Assassino! Covarde! Assassino! – As pessoas se aproximavam de mim de tal forma e me desequilibrarem das porcarias das muletas e por pouco eu não caí. Por pouco e por duas mãos que me ampararam.
- Pessoal... Pessoal, deixem o Marcus passar. Pelo amor de Deus! – Era o Rick... Ele quem tomava conta de várias obras que eu tinha espalhadas aos arredores da cidade.
- Obrigada Rick. – Mas aquelas pessoas que estavam ali, continuavam gritando e mostrando cartazes. Não sei de onde mais até mesmo uma rede de TV estava cobrindo o circo que aquilo tudo havia se tornado.
O Cansaço tomou conta do meu corpo e assim que as portadas da recepção foram fechadas eu me desabei no primeiro banco que vi a minha frente.
- Tudo bem Marcus? Devia ter pedido mais tempo. – O Rick me serviu um pouco de água. E eu que pensava que ele estivesse do lado das pessoas que quisessem me matar também. – Não pensa como seus amigos? – Olhei para fora ao fazer a pergunta.
- Claro que não senhor. Sabe que estamos juntos há anos e para mim nem precisávamos estar aqui. – Ele parecia sincero.
- Eu tentei um acordo, mas a viúva não quis me receber. Nem mesmo aos advogados.
- Me desculpa Marcus, eu penso que o Bruno deve estar revirando no túmulo ao ver esse mal-entendido. Mas eu tentei falar com a Alex, mas a família dela está dificultando muito o acesso a ela.
- Imagino. – Vejo meus advogados vindo em minha direção.
- Graças a Deus! Estamos atrasados e a acusação começa a pedir que lhes deem ganho de causa por sua falta.
- Vamos lá! – Fiquei de pé, a dificuldade era tremenda. Mas era necessário.
Quando o advogado abriu a porta da sala do fórum ainda pude ouvir uma mulher dizendo.
- Irresponsável com a audiência, assim como foi com a construção levando a morte do marido de minha cliente. – Se calou no momento em que nos viu.
Praticamente me arrastei até a cadeira onde meu advogado indicava e fiquei frente à frente pela primeira vez com a viúva.
Seu olhar me consumia por dentro. Era como se ela gritasse silenciosamente: "Assassino". Mesmo que as palavras não saíssem de sua boca eu podia ouvi-las queimando meus ouvidos.
- Acho que podemos começar. – A Juíza impaciente colocou seus óculos e começou a ler o documento. – Dou aberta a sessão. A família de Bruno Soares contra o empregador Marcus Muller.
Enquanto a mulher lia tudo o que eu estava cansado de saber... "No dia vinte de julho de dois mil e dez o mestre de obra Bruno Soares saiu de casa para o trabalho as seis da manhã e não retornou. A esposa soube por volta de vinte horas, duas horas depois que seria o horário de chegada do Marido, que ele estaria soterrado sobre escombros do difícil o qual trabalhava." – Imaginei como teria sido duro para ela receber essa notícia. – "A morte do marido veio se confirmar no dia seguinte, dia vinte um de julho. O Funcionário deixa esposa, sendo essa gestante, e uma filha de três anos." – As informações estão corretas senhora... Alexandrina Audrey Soares. Isso?