Sem correção...
Marcus- Está tudo bem doutor? – Há dias meu corpo caminhava pela obra, mas minha mente vagava entre a preocupação com a segurança da Alex, o desejo de que pudéssemos um dia viver em paz e o medo de que ela não estivesse correspondendo meu sentimento.
Não havia dúvidas... Juntos, na cama, não existia casal melhor que nós. Mas... Quando contei a ela sobre o irmão e a pedi novamente que viesse ficar em minha casa a resposta dela foi à mesma.
"Não. Não vou deixar que ninguém me prive de viver minha vida. Muito menos meu irmão ou sua mãe... Ou seja lá quem for".
Eu gostei de ouvi-la sobre minha mãe e a conversa que tiveram. E pela irritação da minha mãe quando eu a fui visitar naquele mesmo dia, deixou bem claro que a Alex, não havia deixado se intimidar.
Mas, quanto à teimosia dela em enfrentar o irmão... Isso sim era preocupante. Sem que ela soubesse, deixei seguranças de plantão diante sua casa, e fiz uma denúncia no distrito cinquenta e um. Eles chegariam a poucos minutos caso meus homens ligassem.
Graças à Deus duas semanas haviam se passado e nada do homem aparecer. Nem mesmo para pedir o dinheiro novamente.
- Nada não Rick...
- Soube que o Alexandre andou aprontando, mas se o aquieta... Ele não aparecerá tão cedo. – Parei e esperei que me contasse o porquê. – Está sendo acusado de agressão sexual contra uma garota da zona sul de quinze anos.
- Miserável. – O cara não tinha noção do que era certo ou errado. Como respeitaria a irmã? Só podia ser doente.
- Ele vai ser preso Marcus, pode ter certeza, o Alexandre nunca foi o mais inteligente da casa. Sempre aprontava e era pego.
- Mas enquanto não é... – Foi como se minha boca tivesse profetizado o mal.
Atendi o celular que tocava para descobrir que ele estava rondando a casa da Alex.
Dei todas as orientações e alarmei a polícia sobre o individuo.
- Eu vou com você.
- Não Rick! Preciso que alguém esteja aqui quando a inspeção for feita e obra entregue ao proprietário.
- Mas há o engenheiro que...
- Mas você é meu homem de confiança. – Bati no ombro dele. Não mentia... Ele era a pessoa em que eu mais confiava ali.
Depois que saí da obra e cheguei ao bairro dela, uma pequena confusão se formava na rua. Desci apressado clamando que nada tivesse acontecido. Mas era tarde.
- Marcus... – Ela correu ao meu encontro. – Ele levou a Carol. – Senti o chão faltar debaixo dos meus pés.
- Como assim? – Uma das vizinhas vinha com Olivia no colo. – De onde ele a levou?
- Da escola. – Um dos seguranças se aproximou. Estávamos em frente à instituição e não teve como ele passar pela entrada principal. Mas o vigia do lugar disse que há um portão pelos fundos. – A Alex chorava quando um taxi parou com algumas pessoas que ela começou a chamar de mãe e pai.
- Viram só? Era isso que eu temia todas as vezes que o Xandy fazia algo e vocês acobertavam e nos faziam ajuda-lo.
- Filha...
- Não mãe. Não tem explicação... Eu sei que é duro encararmos a verdade, mas meu irmão é um criminoso.
- Não fala assim com sua mãe Alex. – Ela olhou para o homem parado à sua frente.
- Falta de pulso firme pai... Se tivesse dado a ele a mesma correção que dava a nós.
- Vocês eram mulheres...
- E ele podia fazer tudo porque era homem? Então agora se se entenda com a justiça, porque eu mesma dei queixa e se algo acontecer... – Respirou fundo... – Se algo acontecer com a Carol mãe... Que Deus proteja o Alexandre, porque eu mesma farei justiça com minhas próprias mãos.
Mesmo com a falha na equipe de segurança, logo eles descobriram que ele não havia saído da escola. Ainda estava lá e mantinha a Carol com ele, trancada na sala de informática.
- Como ela está? – Ela se dirigiu ao segurança.
- Parece tranquila brincando ao computador, mas ele está armado e quer falar com a senhora. – Ela tomou a Olivia nos braços e entrou em casa novamente. Dois minutos depois estava diante de mim. Entramos no carro e nos dirigimos ao local.
Ele não queria a policia por perto, não queria minha presença... Só ela.
- Não! – Protestei. – Irei com você. Posso falar com ele e dar o dinheiro que ele tanto almeja.
- Não digo eu Marcus. Não vai dar dinheiro algum a esse malandro. Já obteve mais do que devia. E... Nunca tive medo do Xandy... Nós vamos conversar e eu vou sair de com minha filha. – Entregou-me a Olivia. – Cuida delas pra mim? – Quando segurei a Olivia nos braços ela ficou na ponta dos pés e beijou meus lábios.
- Só pode estar brincando...
- Promete.
- Só até você voltar. – O que ela queria dizer com essas palavras? Não conseguia processar claramente.
E ela entrou.
Meu coração estava dilacerado. Se acontecesse algo, eu nunca mais me perdoaria. Devia ter dado o dinheiro ao desgraçado. Mas não houve contato e agora eu sentia que a culpa era minha.
Era agoniante esperar. Mas a polícia disse que não podiam fazer nada. Caso tentassem entrar ele poderia ferir a Alex.
- Marcus... – Olhei para frente e vi a pequena Carol correndo em minha direção.
- Oi minha querida. – Abaixe-me e recebi seu abraço. Olhei buscando a imagem da Alex, mas não estava atrás da filha. – Onde está a mamãe?
- A mamãe disse que você vai cuidar de mim e da Olivia. – Ela abraçou meu pescoço e meu coração que estava aos frangalhos, começou a bater enlouquecido dentro do meu peito.
- Preciso ir até lá. – Me levantei e entreguei as crianças para a avó que estava logo atrás.
Aconteceu tão rápido... Um som horrível vindo do corredor por onde Alex tinha ido e a Carol havia vindo há pouco. Não me restou outra opção a não ser esquecer que tinha uma perna ineficiente e correr... Como vários policias faziam...
Não fui o primeiro a chegar... Nem o primeiro a vê-la caída. Mas fui o primeiro a desmoronar ao seu lado.