Capítulo Onze

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Sem correção...


Marcus

- Doutor... Aquela senhora novamente. – A quem ela se referia? Olhei no relógio e na agenda e não esperava por ninguém. Principalmente por...

- Oi sou eu. – Ela apareceu atrás da secretária que sacudiu a cabeça reprovando seu aparecimento sem autorização. Mais uma vez.

- Alexandrina. – Fiz sinal para que a secretária nos deixasse. Eu me levantaria para recebê-la, mas, hoje a dor transpassava o que era chamado normal.

- Desculpa eu vir assim sem avisar é que... – Esfregava as mãos e parecia muito abalada.

- Sente-se. – Apontei a cadeira próxima a ela. – Em que posso ajuda-la?

- Parece brincadeira, mas precisarei mexer em boa quantia do dinheiro. – Era como se ela não entendesse que o dinheiro era dela. – Não deve saber, mas ontem sobremos um... Atentado, desculpe, mas não tenho outra palavra para definir o que aconteceu. – Atentado? Isso me preocupava.

- Como assim? – Endireitei-me na cadeira.

- Minha família. Como eu disse eles estavam se beneficiando do dinheiro e quando souberam que eu havia vindo devolver praticamente estão tentando me obrigarem ao que eles pensam... Pedir o dinheiro novamente.

- Ainda não entendi o que isso tem haver com um atentado.

- Meu irmão incendiou nossa casa. – Ela bem que parecia forte, mas agora havia desabado diante de mim. Fiz um esforço e me levantei dando a volta sobre a mesa e me sentando à sua direita.

Peguei o telefone e pedi à secretária que trouxesse água.

- Tem certeza de que foi seu irmão?

- Sim. Infelizmente sim. Os vizinhos o identificaram. A sorte é que nem minhas filhas, nem eu estávamos lá no momento. Não posso nem pensar no que poderia ter acontecido.

- Como disse, se for mesmo sua família, estão só querendo te assustar, te obrigar a pegar o dinheiro e assim usufruírem o que acham que é direito deles.

- Não está certo. Isso não está certo. – Minha secretária entrou com uma garrafa de água e um copo e colou a nossa frente.

Entreguei o copo à ela e percebi que tremia. Eu a entendo. Se estivesse em seu lugar também estaria me sentido traída.

- Aquela casa significava muito para mim. Ele... O Bruno. Ele projetou aquele lugar. Era pequeno, mas era nosso, construiu durante seu tempo de folga, aos domingos. E agora, é como se estivéssemos sozinhas. Não temos nada. Nada. Nem fotos, nada...

Pelo jeito o prejuízo havia sido muito maior do que eu poderia imaginar, não era só matéria, mas o sentimental. Uma vida ali, e agora... A mulher estava perdendo tudo o que havia ganhado na vida. E mesmo assim não se corrompia. Estava diante de mim querendo ouvir de minha boca que tinha permissão para gastar o dinheiro.

Lembro-me a limpa que minha ex havia feito em meu apartamento logo após terminar comigo. Foi justamente quando ela soube que mesmo com as fisioterapias e cirurgias eu nunca mais teria a mobilidade. Levou as roupas que eu havia comprado. As joias, o carro, e vários moveis que eram meus. Mas ela achava que tinha direito por termos namorado mais de dois anos. Disse que era um bônus por eu ter "desistido" do acordo de sermos um casal perfeito. Como se eu tivesse me acidentado por querer.

Havia um misto de sentimentos dentro de mim. Assim que soube sobre minha condição física, eu me isolei. Não consegui lidar com tantas informações. Era a morte do Bruno, minha perna que não melhorava. E agora me encontro diante de uma mulher que perdeu o Marido, suportou uma gravidez sozinha, tendo outra filha para criar e uma família mesquinha. E ainda assim, mantém seu caráter. Mas o que ela esperava de mim?

Intenso - A Paixão avassaladora de Marcus Muller.Onde histórias criam vida. Descubra agora