*Sem correção...
* Preparem-se para o último capitulo.
Alex,
- Então você insistiu e já tomou posse da casa de meu filho? – Só o que me faltava agora... Olivia com febre. Atrasada para levar a Carol na escola e receber a visita da mãe do Marcus agora não era o melhor que podia acontecer.
Ela caminhava pela sala olhando a desordem. De fato, o horário de almoço anda um tanto conturbado. Nesses quase trinta dias em que estamos aqui o Marcus tem vindo almoçar e a Olivia começa a dar sinais de que os dentes nascerão e todos os lugares para ela são perigosos. Ela rola da cama, chora no berço e tenta pegar tudo ao seu alcance.
O médico disse que é desenvolvimento, mas eu desconfio que ela será um tanto mais bagunceira que a Carol. Ao menos um pouco mais manhosa.
- Olha a senhora fique a vontade porque tenho que acabar de alimentar as crianças e...
- Se elas fossem filhas do Marcus como eu te disse, a criação seria diferenciada. Nesse momento você poderia ter uma ou duas babás. – Então eu parei...
- Acha que não temos babá por que elas não são filhas do Marcus?
- E não? Ele as trata como seu marido? Tem carinho como um pai deve ter? Não venha me enganar dizendo que sim, por que... Homem minha filha é tudo igual. Ou é deles ou não é. Simples assim... Preto no branco. – Como se dissesse algo proibido levou a mão à boca. – Desculpe, não quis ofender.
- Não me ofendeu. Na verdade eu não consigo me perturbar com as palavras vindas da senhora acredita?
- Não...
- Pois pode começar a acreditar. Tanto que... – Abri os braços. – Estou aqui.
- Está aqui porque é uma interesseira. Golpista. Fulaninha macumbeira que enfeitiçou meu filho. – A mulher gritava tanto que a Carol veio correndo ver do que se tratava.
- Mamãe?
- Calma filha. Volte para a mesa e termine seu almoço, vou acompanhar essa senhora até a porta. – Assim que ela obedeceu coloquei a Olivia de volta ao carrinho e me virei para ela.
Pelo meu olhar ela se encolheu. Pensei que sairia correndo, mas para meu espanto ela me afrontou ainda mais.
- O quê? Vai me espancar como fazem as pessoas de sua laia?
- É bem o que a senhora merece, mas não. Não vou sujar as minhas mãos com pessoas tão pequenas. Mas vai sair daqui...
- Não tem o direito de me fazer sair... – Dei dos passos em direção à ela.
- Só voltei quando seu filho estiver. – Segurei seu braço contra sua vontade e fui empurrando-a até que ela passasse pela porta a qual tinha entrado.
Quando atravessamos o batente da porta demos de cara com o Marcus.
- Pelo que vejo a intimidade entre vocês aumentou. – Sarcasmos não fazia parte da rotina dele.
- Viu só? Agora veja ao que me sujeita. Sendo expulsa de sua casa por essa fulana.
Ele não ficou contra mim. Nem a favor. Disse que queria muito que fossemos amigas, mas como não era possível, no momento, que cada uma vivesse em seu canto.
Depois que a mulher chorou todas as lágrimas dizendo que o filho era um ingrato e que para ela não fazia mais parte da família, se foi.
- Desculpa. Não queria ser grosseira com sua mãe, mas... Ela me faz perder a paciência. E tenho certeza de que ele também sentia o mesmo em relação a minha família.
Não tinha falado mais com eles depois do incidente, mas havia decido enviar um recado pelo Rick dizendo que todos os meses depositaria uma quantia para ajudar meus pais. Se eles quisessem dividir o dinheiro com minha irmã, que assim fosse, mas não me pedissem um centavo a mais do que o que seria depositado.
Com a ajuda do Marcus, levei as meninas para a escolha. Sim... As duas agora estavam estudando porque eu queria voltar aos estudos e também ao trabalho.
***
Naquela noite ele estava diferente. Não que estivesse mal-humorado ou algo assim... Apenas pensativo.
Brincou com a Olivia e a Carol, como de costume e antes que eu disse mais alguma coisa, subiu para o quarto dizendo-se cansado.
Uma última espiada pelo quarto e pronto... As meninas já descansavam tranquilamente. No quarto dele, quer dizer, (sorri comigo) em nosso quarto como ele vinha dizendo, ele se encontrava deitado em completa escuridão.
Um banho demorado poderia me ajudar a descansar o corpo e enfrentar fosse o que fosse que o preocupava.
- Marcus? – Tinha certeza que estava acordado. – Tudo bem se não quiser falar, mas...
- Vamos embora do Rio? – A pergunta dele me pegou de surpresa. – Algum tempo tenho esse desejo... E isso se agravou depois do acidente. Não me sinto mais o mesmo. E ainda sabendo que nossos problemas são como parte do nosso corpo e nos acompanharão por todos os caminhos por onde andarmos... Mesmo assim, sinto esse desejo de sair daqui. Talvez São Paulo. Tenho imóveis por lá e poderíamos não nos livrar de todos os nossos problemas, mas... Acredito que poderíamos ter um novo recomeço.
- Foi pelo que aconteceu mais cedo?
- Não. É por mim... Por nós! Pelas meninas e nossos filhos que ainda virão.
Não. Era minha vontade de gritar. Mesmo sabendo que seus motivos eram dignos. Sempre morei aqui. Aliás, nasci aqui e nunca havia pensando em uma possibilidade assim. Era toda minha vida, minha história. Os laços familiares de minhas filhas. E de repente, contrariando todos os meus pensamentos e medos, respondi:
- Sim.
- Sim? – Nem mesmo ele acreditava no que ouvia. Mas pensando melhor... Nossas famílias não queriam nossas presenças, só que poderíamos oferecer no momento e isso poderia ser feito a distância.
Ele se apoiou no braço e falou comigo como se partilhasse seu futuro com sua esposa, mesmo que não fôssemos casados.
- O Benício quer abrir uma sociedade... Ele permaneceria aqui e nós estaríamos em São Paulo. E não é longe daqui. Poderá visitar sua família sempre que quiser.
- Irei com você onde quer que vá. – Toquei seu rosto. – Mesmo que fosse do outro lado do mundo. – Ele sorriu e me beijou.
Cheio de planos...
- Levarei o Rick comigo... Assim ele terá a oportunidade de crescer na carreira, como o Bruno um dia queria ser engenheiro, ele também deseja, então... Não me custa ajuda-lo.
- Bonito gesto de sua parte.
- Não pense que isso é uma caridade. O Rick é um homem de visão e não tem medo do trabalho... Vai ser um grande profissional. Quer dizer: Ele já o é!
Por mais que ele dissesse, não tinha como não admirá-lo. Para muitas empresas, o funcionário não passa de um número. Mas ele cuidava dos seus.
Naquela noite fizemos amor e dormimos aconchegados. E em poucos minutos parecia que não havia mais nenhum receio das mudanças que viriam.
Czi