Capítulo Quatro

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Sem Correção...

*Algumas pistas para acalmar os ânimos...

Alex,

Um sentimento estranho permaneceu me perseguindo durante todo o dia. Quando o médico veio nos dar alta, eu pensava que diria que precisaríamos ficar um pouco mais. Quando minha filha dormiu durante todo o trajeto para casa eu pensava que ainda corria algum perigo, mesmo ouvindo o médico dizer que estava tudo bem. Ao pararmos diante de casa, achei que alguém pudesse estar dentro de casa. Estava paranoica.

- Está tudo bem mesmo Alex?

- Rick, não sei o que ouve comigo. Estou me sentindo estranha. Um sentimento estranho.

- Não fica assim vai. – Ele carregou a Carol para dentro e a colocou sobre a caminha dela, que agora ficava no meu quarto. Havia sido a única mudança que eu tinha realizado durante aquele tempo. Quando ele saiu do quarto e me encarou eu não tive outro caminho a não ser me abrir com ele.

- Ontem menti para você. – Ele arregalou os olhos. – Quer dizer... Omiti uma coisa de você. Não foi por mal. Na hora da ligação, era a Deby. Ela disse que o tal Marcus havia ligado. Nós o procuramos e ele retornou e... Eu pedi que ela fosse se encontrar com ele.

- Devia ter me dito. O que querem com ele Alex? Não acha que o dinheiro...

- É isso. O maldito dinheiro. Rick senta. – Apontei o sofá e ao vê-lo sentar-se fiz o mesmo. – Saiba que o que a advogada disse é que a defesa nunca aceitaria a proposta e que ela precisava de argumentos para negociar. Quer dizer, começaria com esse Um milhão e no fim ficaríamos com no mínimo duzentos mil.

- Entendo! – Ele cruzou as pernas como se examinasse cada palavra que eu dizia.

- Espero que entenda de verdade que eu não tinha intenção de ficar com esse dinheiro. Meus planos era pagar nossas dívidas e se tivesse como comprar uma casa para que as crianças e eu vivêssemos do aluguel, até que elas pudessem estar maiores e eu pudesse trabalhar para sustenta-las.

- Alex, quem te conhece, sabe como você é. Se tivesse a oportunidade de falar com o patrão iria entender.

- Eu queria explicar agora com a cabeça mais fria, isso que lhe expliquei agora.

- Ele irá entender.

- A Deby deve dizer isso à ele. E dizer também que não gastamos do dinheiro até ontem. E foi uma necessidade.

- Queria que tivesse a oportunidade de conhecê-lo. É uma ótima pessoa. – Fiquei de pé e fui até a cozinha. Acendi o fogo e coloquei água na chaleira para fazer um café. Como vi que ele havia me seguido, continuei.

- Rick...

- Eu sei Alex, você não quer dar uma chance a ele.

- Não tenho que ser simpática com ele. Só estou preocupada que ele talvez tenha se arrependido e queira o dinheiro de volta.

- Não irei insistir. Caso precise pode falar comigo. – Antes que ele fosse eu me arrisquei a uma última pergunta.

- Dizem que ele não está mais a frente da empresa. Sabe me dizer o que houve?

- Ao certo eu não sei. Sabe como é né? – Passei o café e entreguei uma xicara à ele. – Em obra nunca se sabe o que é verdade e o que não. Alguns dizem que ele abandonou a carreira, outros dizem que deu depressão. Mas o pai disse a mim e ao outros empreiteiros que é só uma licença até que ele se recupere totalmente, tanto físico como emocionalmente.

- E acha que isso é verdade?

- Espero, porque um profissional como ele abandonar a carreira seria uma pena. E se estiver depressivo, é lamentável, porque de fato não teve culpa do que ouve. – Vendo minha expressão de desgosto ele parou de falar, terminou seu café e me colocou a xícara sobre a mesa, se despediu e partiu.

- Mamãe. – Voltei para o quarto e sorri ao ver minha filha bem melhor.

- Está com fome?

- Sim.

- Vou fazer uma sopa. Depois iremos até a casa da vovó e na volta sabe o que faremos? – Pela empolgação da minha voz ela também ficou animada.

- O que?

- Iremos ao supermercado. – Embora eu estivesse cheia de dores nas costas e nos pés, não poderia passar mais um dia ignorando nossas necessidades.

Aproximadamente quatro horas depois estava tudo resolvido. Meu pai precisaria fazer a cirurgia, isso seria dez mil reais. Mais alguns medicamento. A companhia elétrica já havia religado a energia de minha mãe. E o advogado do meu irmão, que sutilmente me lembraram, seria em torno de três mil reais.

Depois disso fiz compras, e voltei com a Carol para casa. Conversamos com alguns vizinhos que estavam preocupados e estávamos guardando as compras quando a Deby entrou chamando por nós.

Deixei o que estava fazer e corri ao encontro de minha amiga.

- Então?

- Calma, não me convida para entrar ou para tomar uma água, minha boca está seca.

- É que pensei que fosse me ligar ontem ainda quando chegasse, ou hoje mais cedo.

- Precisei resolver algumas pendencias, mas agora estou aqui.

Ela entrou comigo pela porta da cozinha e me contou como foi o encontro com o tal Marcus. Disse que ele pareceu entender nossas necessidades e que não tem intensão de pedir o dinheiro de volta. É nosso.

- Só?

- Só!

- E o que achou? Estava sendo sincero?

- Amiga, na verdade o homem é um grosso.

- Como assim? Ele te ofendeu ou disse algo que...

- Não. Foi de pouquíssimas palavras inclusive. Nem perguntou por que você não foi pessoalmente, nem nada, só disse que poderia ficar despreocupada quanto a isso e pronto. Por isso eu o achei um grosso.

- Tudo bem então! Obrigada por ter ido. Não foi ficar abusando de nossa amizade.

- Que isso. Precisando é só chamar.

Eu olhava para a Deby e sentia que havia algo errado, acho que ele devia tê-la maltratado. Mas ela não me falaria com certeza com medo de que eu não pedisse mais ajuda para ela.

Não a faria passar por isso novamente.


Intenso - A Paixão avassaladora de Marcus Muller.Onde histórias criam vida. Descubra agora