Capítulo Oito

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Sem correção...


Alex,

- Se quiser voltar amanhã. Como o doutor Marcus não a esperava, está cheio de reuniões e compromisso.

- Não sairei daqui até que ele me receba. Disse quem eu era?

- Sim senhora. Ele recebê-la pode levar horas. Se quiser, poderemos marcar um horário para a segunda feira e então...

- Não. Eu não quero. Se ele atendesse ao telefone que deixou como contato, não estaria me vendo aqui sem marcar hora.

Devia haver várias ligações minhas no celular desse homem, mas ele não atendia e nem mesmo retornava.

Voltei ao lugar onde estava sentada até poucos minutos e me sentei novamente.

Não tinha o dia todo, mas só sairia dali quando tivesse falado com ele.

As pessoas entravam e saíam da sala, e eu começava a pensar comigo que talvez aquilo fosse somente uma artimanha. Ele não queria me atender, ou estava me fazendo esperar de propósito.

Minha bateria do celular estava chegando ao fim, então fiz uma ultima ligação pedindo a minha mãe que caso eu não chegasse a tempo, pegasse a Carol na escola.

- E a Olivia, como está? – Eu tinha certeza que aquela tarde com minha filha me custaria alguma coisa. Ela se dispusera muito fácil em ficar com a menina para que eu viesse. E mesmo que minha filha estivesse dando trabalho, ela não diria, na esperança de que eu a deixasse mais vezes e assim pudessem extorquir mais dinheiro sempre. Quando ela terminou o relato de como tinha sido a aceitação de minha filha pela minha ausência, observei alguns homens saindo da sala e ninguém entrando. Tive pressa em desligar o aparelho me despedindo de minha mãe. Mas tudo foi em vão.

Assim que me aproximei da mesa da secretária ela informou-me que ainda estava em reunião impossibilitado assim de me receber por enquanto.

- Tem certeza? Eu vi algumas pessoas saindo e...

- Infelizmente acho que melhor que a senhora volte outro dia. – A moça era a antipatia em pessoa. E olhava para mim, como se eu fosse assalta-la a qualquer momento. – Mas eu já adianto que se for por alguma vaga de emprego, seria no RH.

Dei um sorriso falso, dando a ela o mesmo tratamento que me oferecia e estava voltando ao meu lugar quando me decidi que aquele homem falaria comigo, e ele me receberia agora.

Passei pelo balcão e quando caminhei para a sala a moça saiu de trás e percebendo minha intenção tentou me impedir.

- Senhora não pode entrar aí. – Ela até que tentou segurar meu braço, mas não conseguiu. Fui mais rápida e abri a porta ficando totalmente em choque.

Marcus Muller... Estava diante para ele. Não. Estava quase sobre ele. Ele estava deitado ao chão praticamente só de cueca e uma moça vestida como enfermeira, segurava sua perna.

- Desculpe doutor eu disse a essa senhora que ela não tinha hora marcada e não podia entrar. Pedi que esperasse mas ela...

- Devia ter chamado à segurança. – Disse impaciente. – Mas sem se mover de onde estava. – Seria cega se não tivesse reparado no corpo do homem. Meu Deus, havia menos de um ano da morte de meu marido e eu estava ali de pé observando o corpo de outro homem. O que estava acontecendo comigo?

- Não deu tempo doutor.

- Me... Desculpe-me. Eu não sabia, eu pensei que... – Não sabia onde colocar minhas mãos, nem onde enfiar minha cara. E ele também não parecia muito interessado em saber sobre minha vergonha e muito mesmo sobre meu pedido de desculpas.

- Poliana, marque outro horário assim que sair. – A moça levou a perna dele até ficar alinhada ao chão, então vi em sua blusa a descrição pequena: "Fisioterapeuta". Ficou de pé estendendo sua mão para ele. Assim que ficou de pé a moça saiu sala. – E ele cresceu diante dos meus olhos, parecendo até um pouco assustador. Seus olhos eram cortantes e eu começava a me arrepender amargamente por meus impulsos.

- E as duas de certo ficarão aí me olhando? Saíam agora! – Ele gritou e eu mais que depressa segui a secretária quase tropeçando em minhas próprias pernas.

Agora que ele nunca mais iria querer me ver. Fiquei desnorteada e saí de lá sem me dar ao gosto de sequer olhar para trás. Era como se os olhos dele me fuzilassem.

Entrei no primeiro ônibus que passou e senti uma vontade enorme de chorar.

Eu sempre brincava com o Bruno que o nosso casamento funcionava porque eu era o cérebro e ele a ação. Ele nunca poderia ter me deixado com as duas partes. Me conhecia o suficiente para saber o quanto eu era desastrada. Eu não conseguiria fazer isso dar certo.

Se eu pensasse muito com certeza não agia e na maioria das vezes quando eu tomava alguma decisão, sempre se mostrava precipitada.

Não deveria ter vindo. Foi meu milésimo murmúrio em dez minutos.

Peguei a Olívia e como daria tempo, fui até a escola buscar a Carol.

- Mamãe. – Ela correu para meus braços e senti não poder carrega-la. Mas era esses os dois motivos que me faziam continuar acordando todos os dias com vontade de viver.

Caminhamos conversado até em casa. Quatro quadras da escola.

- Podemos brincar com as bonecas hoje mamãe? – Ela correu até o quarto, assim que entramos, e voltou com todas as que pode carregar.

- Filha. Preciso só colocar a Olívia para se alimentar e então...

- Posso ver?

Sentei-me e deixei que Olivia enchesse sua barriguinha. Era linda! A cara do Bruno. Acariciei seu rosto e também o da Carol que observava a pequena sugar meu peito.

- Que nojo.

- Por quê? Você fez isso por dois anos. – Brinquei com ela. – E saiba que se não fosse o leite da mamãe, vocês não conseguiriam se preparar para outro tipo de alimento. Todos os bebês precisam disso e você, mocinha, não foi diferente. Foi um bebê.

- Mas agora não sou mais bebê.

- Não. Agora você cresceu.

Ouvimos o portão e pelo horário seria a Deby vindo do serviço. Ela passava todos os dias quando estava voltando. Até a Carol já sabia disso, tanto que pulou do sofá e foi abrir a porta.

A recepção não foi bem a que eu esperava ouvir sentada no sofá. Geralmente ela gritava "Tia Deby". Mas dessa vez ouvi dizer:

- O que aconteceu com sua perna?


Intenso - A Paixão avassaladora de Marcus Muller.Onde histórias criam vida. Descubra agora