Capítulo Nove

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Sem correção...


Marcus,

- Não presta mais. – De fato minha perna nunca mais teria a mesma mobilidade. Mas pobre criança que nada tinha haver com meu humor. Ela levou as mãos à boca parecendo perplexa. E quando eu pensei que isso a afugentaria, abaixou as mãos e se aproximou de mim.

- Posso ver? – Ela queria ver minha perna? Era isso? Não. Isso jamais aconteceria. E quando eu pensei que o assunto estivesse enterrado ela se aproximou mais ainda, me deixando petrificado.

Eu tinha um conceito de que, crianças e pernas machucadas não deviam estar no mesmo ambiente. As crianças sempre achavam uma forma de chutar, ou pisar, o mesmo jogar algum tipo de objeto no lugar mais doloroso. Esse foi um dos grandes motivos pelos quais deixei de ir até a fisioterapia. Por mais que fosse reservado, sempre haveria alguém por perto.

- Sua mãe se encontra? – Disse por fim.

- Não vai me deixar ver a perna que não presta? – Ela era insistente. Claro, tinha a quem sair.

- Não. Você pode se assustar e não dormir de noite. – Ela gargalhou.

- Não tenho medo. – Quando ela deu o ultimo passo em minha direção, eu me afastei. Encostei-me à parede prendi a respiração e depois soltei.

Dia de fisioterapia não é um dia bom para encontros, tenham eles o cunho que tiver.

- Acha que ainda sou bebê? Não sou mais. Tenho tudo isso. – Ela mostrou a mão como se fosse vantagem me mostrar aqueles cinco dedos.

- Tem certeza que só tem isso? – Não havia ninguém por perto e eu sentia uma necessidade imensa de me sentar em algum lugar.

- Sim. Ainda será meu aniversário, mas a mamãe disse que sou bem esperta.

Nisso eu tinha que concordar. Quando eu tinha de quatro para cinco anos, mal cumprimentava os amigos de meus pais ou os vizinhos. Até mesmo nas festas de família, minha mãe dizia que eu era o menino mais bobo da família Muller.

De repente a figura da mulher surgiu à entrada da casa. Segurava a criança menor nos braços e meus olhos foram direto ao seio que amamentava o bebê.

Ela devia ter notado, porque logo jogou a fralda da criança sobre o rosto, cobrindo assim também seu corpo.

- Agora estamos quites.

- Como assim? – Arrependi-me de ter dito aquilo imediatamente.

- Me viu praticamente nu e agora... – Apontei à a fralda.

- Vai me dizer que é contra as mulheres que amamentam. – Não. Eu não era, pelo contrário. Acreditava que era um direto da mãe e do filho. – Não vai me convidar à entrar?

Ela me deu passagem e a filha segui-nos e assim que indicou o sofá a criança sentou-se ao me lado. Eu via a hora que ela levantaria minha calça para ver a maldita perna.

Só vim mesmo porque o Rick me garantiu que colocaríamos um fim nesta história de uma vez por todas.

- Sabe que poderia trocar.

- Trocar? – Meu Deus, a garota não tinha limite. Do que falava agora. – Trocar o que?

- A perna que não presta. – Meu sangue gelou. É uma criança Marcus, não sabe o que diz. Repeti mentalmente. - Poderia ter igual ao do capitão gancho.

Sorri sem jeito. Era só o que me faltava. Capitão gancho.

- Melhor não!

- Quer ver minha irmã se amamentar? – Meu rosto queimou.

Intenso - A Paixão avassaladora de Marcus Muller.Onde histórias criam vida. Descubra agora