Sem correção...
* Agora chega viu meninas. Até sexta.
Alex,
Enquanto minha filha era atendida, minha mãe chegou e também o Rick.
- Que bom que vieram.
- O que houve Alex?
- Rick foi muito rápido. Ela colocou vários chicletes na boca e começou a pular, acabou engastando. Mas não vimos que ela estava com o chiclete na boca, só vimos quando um vizinho chegou e tinha curso de primeiro socorros.
- E como você está minha filha? – Minha mãe acariciou minha barriga.
- Estou bem mãe!
- Graças a Deus! Podemos ver nossa menina?
- Ela está ainda em atendimento mãe. – Andava sem parar.
A Deby voltou, vinda da lanchonete e me entregou um pouco de café com leite. Enquanto tomava fiquei pensando no que seria de mim se não fosse meu vizinho chegar e nos ajudar.
Dei um salto ao ver o médico vindo em nossa direção.
- Mamãe... Por enquanto está tudo bem, mas ficará em observação.
- Tudo bem!
- Só tem um problema...
- Ai meu Deus. O que é agora? – Minha mãe já começou a se desesperar.
- O hospital não faz essa internação pelo sistema único de saúde. Desculpe. É só particular.
- Podemos leva-la para outro hospital? – O Rick sugeriu e eu pensei que talvez desse certo.
- Podem sim. Não é o correto a fazer. Seria melhor que ela ficasse aqui onde foi atendida no hospital onde deu entrada, mas se não tiverem como pagar.
- Não. – Já que a droga do dinheiro estava em minha conta e agora era sério, minha filha precisava eu não titubeei em usar. – Vamos ficar. – Olhei para a Deby e ela sorriu.
Quando entramos no quarto entendi porque o lugar era pago. Mas não tivemos escolha, no caminho meu vizinho procurou o lugar mais perto. Não tivemos como esperar pelos bombeiros ou pelo socorro. Talvez se tivéssemos esperado, eles tivessem nos levado para um lugar público. Mas agora estava feito. Ela dormia tranquilamente.
Peguei minha bolsa e retirei a carteira. O cartão estava dentro de minha bolsa. E fui até a recepção.
- Precisa que eu traga algo? – A Deby se dispôs.
- Não sei o que faria sem você. – A abracei. – Se puder trazer-nos roupas e toalha... – Comecei a querer chorar. – Se o Bruno estivesse aqui.
- Mas ele não está amiga! E estamos aqui com você, para o que precisar.
- Claro. Se eu levo a Deby até lá e a trago de volta. – O Rick também era um bom amigo.
Eles se foram e depois de passar o cartão fui com minha mãe para o quarto. Passei a mão sobre o rosto da Carol tirando todos os cabelos que estavam esparramados.
- Veja o que o dinheiro não pode fazer. – Minha mãe olhou em volta.
- É mãe! Dinheiro! – Tudo agora girava em torno disso.
- Seu pai precisa fazer uma cirurgia a mais de quatro anos e está lá, na fila do SUS. Vence o encaminhamento a gente pega outro, então este vence também. Mas como não temos como pagar.
- Mãe... – Eles agora me culpavam por todos os problemas financeiros da família.
- Ainda bem que minha neta ficou amparada.
- O que quer dizer mãe?
- Nada filha. Acho que já vou indo! Preciso chegar cedo a casa para fazer janta antes que escureça. – Me lembrei que estavam sem energia elétrica.
- Mãe... – Ela fez com que não me ouviu. Beijou minha filha e sorriu.
- Se precisar de algo é só chamar. Somos sua família filha, não está sozinha.
- Mãe. – As lágrimas vieram até meus olhos e eu não segurei. – Amanhã quando eu sair daqui passo em casa e resolvo tudo isso, te prometo. Veja quanto é a cirurgia do pai e vou pedir a Deby que ainda hoje pague sua energia para que eles religuem.
- Sabe que eu não falaria com você se não estivéssemos muito apertados.
- Eu sei mãe! Eu sei!
Ela se foi e depois que ela partiu, liguei a TV e comecei a ver os benefícios do dinheiro.
Uma mulher vestida de azul entrou empurrando um carrinho com o lanche da tarde. Só então lembrei que não havia almoçado.
E quantas vezes passamos fome nas filhas dos hospitais públicos e muitas vezes quando minha filha ou algum de nós ficou internado a refeição era só para o interno.
O Rick votou com a Deby e as roupas e nossos objetos pessoais que havia pedido.
Pedi a ela que fizesse o pagamento para mim das contas de luz de minha mãe. Confiava nela para dar meu cartão e minha senha. Mas ela não aceitou. Disse que pagaria as contas e amanhã quando eu estivesse em casa, transferisse o dinheiro para sua conta.
Agradeci e ela se foi. O Rick ainda ficou comigo.
- Não sei o que seria de mim sem ela. – Dei a ele um trêmulo sorriso.
- Fica tranquila. Esteja onde estiver o Bruno está olhando por vocês.
- Sabe que não acredito nessas baboseiras.
- Sei. Só quis te dizer que... – Não teve como ele dizer. O telefone do quarto começou a tocar eu não sabia se devia atender. Mas como a interna era minha filha, acabei atendendo.
- Alex, sou eu a Deby. – Meu coração gelou. O que teria acontecido agora?
- Como...?
- Eu liguei para o hospital e pedi para te chamarem eles disseram que não seria necessário e que iriam transferir.
- O que ouve Deby?
- Você deixou seu celular e voltei para confirmar se a casa estava bem fechada, estava tocando eu atendi achando que era urgente e...
- Quem era?
- Marcus. Marcus Muller.
Fiquei em silêncio.
- Alex, ele disse que está na cidade até as vinte duas horas e se quiser falar com ele.
- Agora não posso sair daqui, como eu faço?
- Ele foi categórico. Disse que só estará até as vinte duas horas.
Pedi a ela que ficasse com meu celular e que eu ligaria de volta, assim que tivesse uma solução de como falar com o homem.
- O que foi agora? – O Rick continuava ali. Continuava me observando.
Não quis entrar em detalhe com ele, sabia sua opinião sobre o tal Marcus Muller. Disfarcei e disse que era sobre minha família. E assim que ele se foi retornei do quarto para a Deby.
- Poderia ir até ele por mim? Te juro... Não pedirei mais nada.
- Claro. Eu irei!