Capítulo Vinte e Cinco

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Sem correção...

- Epílogo na Sexta feira.


Marcus

- Eu sei papai do céu que Filó chegou aí bem antes do papai, e sei também que ela era bem danadinha, talvez eles não tenha se encontrado tão rápido, porque o papai sempre tinha preguiça de procurar pela filó quando ela sumia, mas... Eu sei também que ela deve ter encontrado ele e dado um "Susto". – A menina que conversava com seu Deus particular diante da lápide do pai, estava somente emocionada como emocionava também a mim. Suas mãozinhas se juntavam como se fosse a oração mais poderosa, e até eu que não tinha muita fé, me senti tocado. – Agora... Papai do céu, a mamãe não acredita muito em você, mas se puder dizer ao papai que estamos bem e que estamos nos mudando de casa eu vou te agradecer. Sabe... Caso ele venha nos ver a noite, não vai nos encontrar mais aqui. Então vou mandar o endereço na oração da noite. – Então se levantou, foi até um arbusto próximo e pegou uns matinhos e colocou sobre a lápide. Talvez pensasse que aquelas eram flores caríssimas. Crianças... Aproximei-me e sentei-me ao seu lado em uma pedra. Ao ver-me tão próximo piscou várias vezes, como se eu invadisse seu momento ou sua privacidade, mas enganei-me, pelo que veio a seguir, queria era me envolver em sua história. Pegou uma das flores brancas, parecidas com margaridas, mas com um cheiro horrível e entregou a mim.

- Melhor fazer uma oração ao papai. A vovó Ana, disse que ele não gostaria de que a Oli e eu tivéssemos outro pai.

- A vovó disse isso? – Ela confirmou com a cabeça, mas prosseguiu. - Mas acho que se deixar sua flor, e disser a ele que cuidará de nós ele não se importará.

A flor continuava ali em minha mão e eu preferi não decepcioná-la. Coloquei a ramo ao lado dos seus e fiz um meio sinal da cruz. Era do que me lembrava.

- Fala. – Seus olhos me fuzilavam. – Se não disser, ele não vai ouvi. Está muito longe, lá em cima. – Olhou aos céus.

- Carol. – Como se explicava a uma criança que não tinha necessidades de falar com alguém que já havia falecido, principalmente em voz alta.

- Ele está ouvindo. Eu sei... – A vergonha tomou conta de mim. Não podia decepcioná-la e também não podia me prestar ao papel de conversar com alguém que não estava presente, mas entre as duas opções, preferi a primeira opção... Não decepcioná-la.

- Então...

- Bruno. Meu papai era o Bruno. – Como se esse nome, e seu rosto e suas ideias e objetivos não me perseguissem sempre.

- Isso. Então Bruno. Estou aqui hoje...- Olhei para trás certificando-me que não estava sendo observado nem mesmo pela Alex, que depois de fazer orações ao falecido marido tinha caminhado um pouco mais a frente para orar pelo irmão.

- Eu queria dizer a você, que...

- Dizer não Marcus, tem que prometer a ele que irá cuidar de nós e da mamãe. Se não ele não vai ficar feliz.

- Prometo. Prometo cuidar de suas filhas e da Alex, e assim formaremos uma nova família.

- Enquanto ele cuida da Filó não é?

- Sim. – Ela me abraçou com os olhos cheios de lágrimas.

- Mas eu sinto saudades do papai. Não quero ficar sem papai.

- Eu sei querida. E ele também sente de você. Mas precisamos agora viver uma nova vida. E poderá me chamar de pai quando se sentir melhor.

Secou as lágrimas e tentou sorrir. Depois voltou a arrumar as pequenas flores sobre a lápide. Ali estava escrito... "Morrer não é partir, pois quem está perto de Deus não está longe de nós."

- Sabe... – Ouvi a voz da Alex e me levantei. – Eu pensei há um tempo, quer dizer, no dia em que estive aqui para deixar o Bruno, que minha vida terminava aqui. Exatamente naquele momento. Nunca pensei que tão pouco tempo depois eu estaria aqui me despedindo para começar uma nova vida, em outro lugar, com outra pessoa. O mundo dá voltas e voltas não é? E naquele dia, eu pensava que o existia um nome que eu odiaria para sempre... Marcus Muller.

- Sinto muito!

- E esse ódio tornou-se de repente um amor que chega a doer. – Ela passou a mão por meu rosto, a barba ainda por fazer e sorriu. – Não sinto mais que traí o Bruno ou que fui desonesta e sei que tão pouco você foi o culpado. Nosso tempo era para ter sido pouco e foi lindo enquanto ele viveu. Só Deus sabe o quanto fomos felizes. Mas eu sei que ao seu lado também tenho descoberto a felicidade de forma totalmente diferente. E não quero me privar disso. – Beijei seus lábios, porque não precisava mais ouvir nenhuma palavra de sua boca. Seus olhos e suas atitudes eram o suficiente.

Ela estava ao meu lado dias a trás, quando decidi não mais fazer a cirurgia. Estava começando a frequentar o psiquiatra e a entender que a maior dor que eu sentia era culpa. Tanto que quando estava ao lado da Alex, a dor não me incomodava. A Alex havia libertado meu coração, e agora minha mente começava a libertar o meu corpo. Eu precisava daquela família, minha família. Elas me faziam feliz. E não era pouco, era intenso, era abundante a felicidade que emanava de minha alma.

Eu me sentia tão bem que não me preocupei quando minha mãe disse que odiava a Alex estar me levando para longe dela. Até fui rude quando disse que ela, tão somente ela, poderia estar me afastando de si, com todos os sentimentos mesquinhos que estava cuspindo para fora de si. Nem me preocupei quando meu pai quis sua metade do investimento. Isso não me tornaria dois por cento, mais pobre. Ainda mais agora que nosso empreendimento estava indo muito além do esperado em tão pouco tempo de ter surgido. Nem me desesperei quando no coquetel de inauguração fui visitado por Lisa Zimmermann que prometeu que por onde ela fosse contaria a história de eu a ter deixado por uma qualquer. Como se isso fosse afetar mais a mim, que a ela. Se quer passar vergonha... Que seja.

Quanto a Alex, eu também estava ao seu lado. Estava quando recebeu um abraço da mãe diante a entrada da casa de seus pais, quando fomos nos despedir. Pensei que fosse até mesmo desistir. Mas ela sorriu entrou no carro e não chorou... Nem ao passarmos de carro e recebermos um aceno de sua "melhor amiga".

- Quer que pare? – Talvez quisesse dar um abraço na garota.

- Não. Ainda não é nosso tempo de reconciliação. – Apenas devolveu o aceno e não chorou... Ao menos não em minha presença.

E vamos estar ao lado do outro sempre! Cruzamos os portões do cemitério deixando ali grande parte de nossas lamentações e choros.

A vida ainda proporcionaria muitas lágrimas com certeza. Algumas de dor e outras de alegria. Mas se estivéssemos juntos seria bem mais fácil de resolver. Afinal... Viver a dois é para isso... Dividir a vida.

- Espera! – A Carol gritou assim que coloquei o carro em movimento.

- O que foi filha!

- Não podemos deixar a Sarita. – Eu sorri... E voltei a dirigir.

- Meu amor... A Sarita já está esperando na casa nova para nos dar as boas vindas. O tio Rick a levou ontem quando ele foi para São Paulo.

- Êhhhh tio Rick e nem me contou.

Nós rimos do jeito dela colocar a mão no rosto e se acomodar para a viagem. A Alex colocou a mão sobre a minha e sorriu.

- Obrigada pelo que faz por mim, por minhas filhas e por meu amigo! Amo você!

Não quis entrar em discursão... Afinal, o Rick não era simplesmente um amigo em nossa história, ele tinha seu próprio caminho a seguir. Sua própria trajetória.

Enquanto minha vida se ajeitava no lugar, e eu viveria intensamente o que ela me proporcionava, aventura para o Rick estava apenas começando. Apenas começando!

Olhei para ela e sorri:

- Também amo você!


Intenso - A Paixão avassaladora de Marcus Muller.Onde histórias criam vida. Descubra agora