Sai pelas ruas escuras e frias, precisava encontrar Lucy.
Corri por todas as redondezas, quando estava prestes a desistir e pedir ajuda a Klaus, vi uma garota sentada na calçada com as mãos trêmulas, a cabeça abaixada e com os braços arranhados, como se tivesse passado por meio de árvores.
Olhei atento para a mesma e logo reconheci a roupa que usava correndo na direção dela.
— Lucy! — Chamei parando em sua frente.
Ela levantou a cabeça, seus olhos estavam negros como uma total escuridão completamente vasia, seu rosto estava molhado por lagrimas e uma de suas mãos foi até sua boca.
— Por que isso doi tanto? — Ela perguntou em meio ao choro.
— Porque não era para estar acontecendo.
— Eu... Eu escuto... escuto uns barulhos como batidas.
— Eu também, e preciso tirar você daqui.
— Por que?... O que são esses barulhos?
— Batimentos cardíacos, alguém vem vindo.
— Como assim?
— Não posso te explicar agora, vem comigo. — A levantei pela mão.
— Damon! Tá doendo! — Ela gemeu enquanto tentava a puxar para longe da pessoa que dobrava a esquina já nos lançando um olhar curioso, olhei para Lucy e percebi que suas presas estavam crescendo.
— Eu sei mais vai ficar tudo bem.
Ela olhou pra trás e já era tarde de mais, ela segurou forte a minha mão e fez menção de ir até a moça de mais ou menos uns 60 anos que ficou parada nos olhando, segurei ela pelos ombros e a levei rapidamente para o beco mais escuro daquela rua.
— Damon! Eu não quero fazer isso... Mas não consigo segurar.
— Isso é instinto, e até matar sua sede você vai querer atacar qualquer pessoa que tenha sangue pulsando nas veias.
— Como mato a sede... Sem matar ninguém?
— Vindo comigo e tentando aguentar.
Saímos os dois correndo, além de estar se transformando ela estava correndo rápido assim como eu, e isso era estranho já que ela era humana, ou deveria ser.
Fomos até o banco de sangue da cidade, deixei ela sentada em um canto enquanto conseguia "pegar" uma bolsa de sangue para ela.
Quando a entreguei ela me olhou com uma expressão do tipo você quer mesmo que eu beba esse treco? Então antes que ela pudesse perguntar disse.
— É a única forma de voltar ao normal.
— Damon...
— Sim?
— Se eu... Se eu não conseguisse... Se você não me trouxesse pra cá... Eu ia me transformar?
— Você já está transformada.
— Eu iria... ferir alguém?
— Com certeza.
— Iria... matar?
— Possivelmente.
Ela olhou para a bolsa em suas mãos, suas presas ainda estavam a vista, ela estava tentando conter a sede.
— Não force Lucy, é a única maneira de acabar com isso.
Ela levantou o rosto para mim e percebi que ela não fazia idéia do de fazer, então a ajudei. Vi ela beber até a última gota, vi seus olhos voltarem para o verde normal, vi suas presas sumirem, vi suas lágrimas cairem.
Se a dezoito anos atrás, alguém me dissesse que um dia eu estaria secando as lagrimas daquela coisinha, eu riria na cara da pessoa. Quem imaginaria que eu, Damon Salvatore, um dia estaria ajoelhado no chão, reconfortado uma menina doce como Lucy.
— Sabe Lucy, acho que agora... Não posso mais te chamar de coisinha.
— Por quê? — Ela parou de chorar e me olhou.
— Você não é mais uma coisinha, é uma garota.
— Eu gosto que me chame de coisinha, me faz sentir especial.
— Você... você é... Minha coisinha.
Ela me abraçou me pegando desprevenido mas correspondi ao seu abraço, logo após nos levantamos e fomos andando até a casa de Klaus.
//LUCY//
Aquela havia sido a pior experiência pela qual já passei, só de pensar que poderia matar uma pessoa inocente. Me pergunto como papai consegue conviver com isso todos os dias, como ele controla.
— Damon, quero que seja sincero com o que eu lhe perguntar agora.
— Tudo bem, o que quer?
— Que me diga a verdade.
— Que verdade?
— Por que meus pais tem poderes e eu não?
— Eu não sei, talvez seja a idade, hoje você se transformou.
— Porque Bonnie me enfeitiçou.
— Bonnie fez o que?
— Eu estava cansada Dam, cansada de ser a única diferente na família.
— Eu sei como é ser diferente, mas nunca mais peça isso para Bonnie, é perigoso.
— Então o que faço?
— Espera.
— Esperar o que?
— O dia em que será imortal.
Quando ele disse isso chegamos na frente da minha casa, tia Rebekah que estava parada na porta veio correndo em minha direção enquanto chamava pelo papai, ela me abraçou e depois me examinou com os olhos, talvez para se certificar de que estava tudo bem.
Logo tio Elijah fez a mesma coisa que sua irmã, depois foi a vez de meu pai, pela primeira vez o vi com os olhos marejados, o abracei forte, sabia que em seus braços era o único lugar aonde estaria segura de verdade, minha mãe se juntou ao abraço.
Assim que separamos Bonnie pedio desculpas, mas a convenci de que ela não teve culpa, agradeci a Stefan, Elena e Caroline que foram ótimos comigo e por fim parei em frente a Damon, sabia que ele não gostava de demonstrações de afeto em público, então apenas agradeci, meu pai logo se pôs ao meu lado esticando a mão para Damon.
— Obrigada por cuidar da minha filha. — Damon apertou mão do meu pai e foi para o carro, antes de entrar piscou o olho pra mim e foram embora.
Fui para o meu quarto acompanhada da tia Bekah, tomei um banho e vesti um pijama preto, ela penteou me cabelo cuidadosamente enquanto repetia diversas vezes que estava feliz por eu estar bem.
Assim que ela saiu, apaguei a luz e fechei a porta do quarto, fui até a janela, olhei para a lua cheia no céu.
— Aonde quer que esteja agora, estará sob a mesma lua, e quero que saiba... que te amo muito, obrigada por sempre cuidar de mim tio Dam.
Minha avó dizia que falar com a lua cheia era como mandar uma carta, a pessoa sentiria o que transmitia na mensagem. Se é verdade eu não sei, mas precisava contar isso para alguém, nem que fosse para a lua.
Me deitei e peguei no sono rapidamente.
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The Owners of True Blood
RandomQuem imaginária que Damon Salvatore iria se apaixonar. Que alguém conseguiria amolecer seu coração de pedra. Porém, essa paixão não será nada fácil. Principalmente quando sua paixão se trata de Lucy Mikaelson, a garota que foi escondida dele ainda...