34 -A Carta

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-você precisa comer Lucy - tio Elijah disse se sentando ao meu lado.

Todos já haviam saído da mesa, eu era a única que continuava com o prato cheio, não havia comido nada o dia todo, meu estômago estava revirado e eu só queria ter minha mãe comigo.

-Lucy, esta me ouvindo? -assenti.

Tio Elijah estava já fazia alguns minutos tentando me convencer de comer a comida que provavelmente já estaria fria por conta do tempo ali parada. Ele falava mas eu não prestava atenção, sentia um vazio imenso que não seria preenchido creio eu, afinal, ninguém poderia ocupar o lugar que minha mãe ocupava.

-eu só preciso descansar -disse me levantando.

-durma um pouco, mais tarde pedirei a Rebekah que leve algo para você comer -assenti e fui para o meu quarto.

Era estranho estar de volta em casa, estar de volta no meu quarto e ao mesmo tempo saber que eu não iria mais receber o boa noite dela, nem a ver preparar o café da manhã quando eu acordava cedo, nem mesmo ouviria suas broncas por eu sujar alguma roupa, chegar atrasada ou sair sem avisar. Sentei na cama e passei a mão pelo cobertor, me lembrando de todas as vezes que no meio da noite eu não conseguia dormir, e ela vinha, me abraçava e contava quantas histórias fosse preciso até eu pegar no sono. Não pude evitar uma lágrima de escorrer em meu rosto, doía saber que lembranças tão boas me farão  chorar pela falta que minha mãe fará. Me deitei devagar logo me cobrindo, enquanto milhares de lembranças passavam na minha cabeça, lembranças vividas nesse quarto. Fechei os olhos e chorei, chorei até me sentir fraca, até ser tomada por todo o cansaço e dor. Chorei por ela. Chorei por mim. Sentia meu corpo tão pesado quanto uma rocha. Sabia que essa dor, esse peso não iria passar tão cedo. Então teria que conviver com ele. Então peguei no sono, com a dor. Enquanto chorava. E a última coisa que me lembrei fui daquela maldita flecha.

-você vai pagar pelo que fez Katherine, na mesma moeda -sussurrei entrei dentes logo adormecendo.

Algumas horas se passaram até que fui acordada por Bekah, ela me fez comer uma salada de frutas que havia preparado, reparou que eu estava pálida e fria, e não tardou a chamar meu pai que ainda atordoado pelas notícias da manhã, se mostrou ainda mais preocupado. Admiti estar bem, pedi para que acreditassem, não deveria ser mais uma preocupação, mais uma notícia ruim para um dia tão triste. O que quer que eu tinha podia esperar por mais tempo, contanto que meu pai estivesse bem.

Depois que comi e tomei um banho quente para tentar tirar um pouco do peso nos ombros e o pó que ficou nas minhas roupas e pele depois de praticamente passar uma manhã toda deitada no chão de um velho salão, depois de um acontecimento estranho no cemitério. Assim que me vesti, me juntei ao papai no lado de fora de casa, sentado na grama. Ficamos ali por um tempo, conversamos um pouco. Ele fez perguntas sobre Mystic Falls e como estava sendo minha estadia lá, perguntou se eu ficaria ou voltaria, e se eu pretendia voltar para a escola.
A tarde logo passou, rápida e nostálgica. Sem cor e sem som como os filmes antigos da TV. E quando dei por mim novamente estava sentada no chão do quarto, encostada na cama como já era de costume meu fazer, mas diferentes dos outros dias, eu não lia e nem ouvia músicas em meus fones de ouvidos. Eu rezava. Eu que nunca fui de acreditar em forças superiores, Deus e essas coisas me vi pedindo para que onde quer que minha mãe estivesse, ela estivesse bem, sem dor. Sem angústias. Sem medo.

-posso entrar? -Stefan perguntou batendo na porta entre aberta.

-claro -me levantei sentando na cama.

Ele entrou sorrindo fraco, carregando consigo um caderno de coro e uma caneta normal. Sentou na minha frente e estendeu o caderno para mim.

-o que é isso?

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