32 -Bruxa

2.2K 144 8
                                    

-Lucy fica calma por favor! -Elena disse pela terceira vez tentando me fazer parar de chorar.

Acaba de amanhecer e acabamos de chegar em New Orleans. A cada quilômetro percorrido pelo carro é uma dor imensa dentro de mim, é minha cidade, minha casa. E está completamente diferente do que eu estava acostumada. O céu azul que eu tanto amava estava cinzento e o tempo frio. As ruas que estavam sempre cheias de vida e alegria, estavam desertas. Não havia vida. Música. Magia. Não havia nada além de ruas de pedras e árvores balançando com o vento.
Paramos o carro no quarteirão das bruxas. Parecia ser o único lugar da cidade com vida. Antes de qualquer gesto dos quatro vampiros dentro do carro, abri a porta e sai correndo. Corri por toda aquela rua olhando tudo em volta, era como se eu estivesse sendo puxada para algum lugar, corri o mais rápido que pude. Parei em frente ao cemitério.

-Lucy?... Oh meu deus! -Bonnie correu até mim me abraçando, a envolvi o mais forte que pude -ta tudo bem minha menina.

-não tá não Bonnie! Eu sei de tudo... Eu sinto isso...

-calma Lu -ela passou a mão no meu cabelo -vem, vamos conversar com mais calma.

Entramos no cemitério. Como cemitérios são sagrados vampiros não podem entrar, então em todos os dezoito anos que eu vivi em New Orleans, nunca havia estado naquele lugar. E por mais estranho que pudesse ser, eu sentia algo diferente ali. Uma energia envolvia a névoa presente no lugar. Segui Bonnie por entre lápides e túmulos. As vezes passávamos por outras bruxas. O cemitério era o único lugar na cidade onde era permitido a prática de magia além do quarteirão das bruxas. Eram ordens antigas antes de papai reassumir o posto dele como rei, quando Marcel era o rebelde que roubou tudo o que minha família construiu.

-aonde estamos indo Bonnie?

-aqui, entre -ela abriu passagem para dentro de um antigo mausoléu.

Havia percebido outros vários muito parecidos durante nossa caminhada até ali. Por dentro estava iluminado com algumas velas e havia vários vidros e materiais usados por bruxas na maioria de suas poções e mágicas. Bonnie me olhava atentamente, se encostou em um dos balcões de pedras e apontou para uma cadeira aonde eu devia me sentar e assim fiz. Ela me observou por mais um tempo em silêncio e com expressão séria, mas logo deu um sorriso.

-o que faz na cidade Lucy? Você devia estar em Mystic Falls!

-não devia não! Eu devia estar com meu pai. Me leva pra casa, por favor.

-não posso te levar pra lá agora Lu...

-o que? Como não?! -me levantei.

-calma! Eu tenho que terminar o que vim fazer e talvez depois eu possa te levar pra casa.

-talvez? Será que você não entendeu Bonnie? Meu pai precisa de mim....

Ela andou até mim parando ao meu lado, botou uma das mãos no meu ombro e cochichou próxima ao meu ouvido.

-eu disse que vou terminar o que vim fazer. E por que o rei de New Orleans precisaria de uma mortal?

-porque eu sou a princesa. Eu sou filha dele. Por que esta fazendo isso? O que você tem que terminar?

-quero abrir seus olhos Lucy -ela continuou andando até fazer a volta em mim e parar na minha frente -só me escuta.

Assenti e voltei a me sentar, ela puxou um banco e se sentou na minha frente, respirou fundo umas três vezes e então começou a falar.

-antes de você nascer... houve uma guerra em New Orleans...

-entre meu pai e Marcel, eu sei.

-não apenas entre Marcel e Klaus. Mas sim toda a família Mikaelson. Nessa época Hayley estava grávida, uma gravidez de risco... Ela e Klaus não estavam juntos na época mas o filho era dele. Hayley e o bebê corriam perigo e Elijah estava desesperado para ajudar. Com toda a guerra pelo poder, e o amor entre Marcel e Rebekah estava cada vez mais difícil trazer a paz para a casa de Niklaus, várias bruxas tentaram matar Hayley e a criança, por acreditar que seria o bebê híbrido que traria o fim as bruxas... e conseguiram, Hope... A bebê que Hayley esperava morreu. A ira de Klaus e Elijah foi tanta que em menos de uma noite eles recuperaram todo o império da família. E Rebekah se tornou mais forte ao ponto de desistir do seu amor por sua família....

-minha mãe... Hayley teria uma filha... Uma menina...

-quando seus pais tiveram aqui com você a procura de segurança, Hayley enxergou em você uma nova chance de ter Hope de volta. Eles não te querem pela filha que você é, eles te querem pela filha que perderam. Seus pais são Caroline e Stefan. Eles sim sempre amaram você Lucynda! Eles aceitaram ficar longe por amor! Você é uma Salvatore Lucy!

-isso não é verdade -repetia para mim mesma -isso não é verdade!

-claro que é verdade! Por que eu mentiria pra você? Confia em mim, você é uma Salvatore Lucynda...

-MEU NOME É LUCY! -me levantei -Lucy Marshall Mikaelson! E nada vai me convencer do contrário! Nada!

-Lucy... Eu só quero te ajudar...

-não! Você quer me por contra minha família! Eles sim me amaram, sem Klaus e Hayley eu não seria nada! Sem Elijah e Rebekah eu não seria ninguém!

-você seria sim, porque nunca dependeu deles para nascer.

-mas dependi para crescer. Viver. Aprender.

-para de bobagem Lucy...

-PARA VOCÊ!  -gritei e as velas antes acesas se apagaram me assustando -eu sou  Lucy Mikaelson! Princesa de New Orleans, primogênita de Niklaus e Hayley... está gravado em mim. Essa sou eu. A filha híbrida que ainda não despertou seus poderes, aquela que todos temem e os poderosos amam! Essa sou eu -falei calmamente e sai dali deixando Bonnie pra trás.

-Lucy espera!  -ela gritou atrás de mim.

-me deixa em paz.

-você enteu errado -ela disse parando de andar atrás de mim.

-me deixa em paz! -falei séria.

-Lucy...

-eu disse pra me deixar em paz! -gritei e um som alto de vidro quebrando me assustou logo um silêncio reinou no cemitério.

Olhei ao meu redor, os vidros de todas as janelas dos mausoléus na volta estavam quebradas e Bonnie me olhava admirada.

-uma bruxa -foi a última coisa que ouvi ela falar antes de sair correndo do cemitério e acabei esbarrando em alguém.

-me descul... Davina?

-Lucy! Quanto tempo -ela me abraçou, nunca fiquei tão feliz por abraçar ela -o que faz aqui?

-na verdade nem eu sei -olhei para minhas mãos.

-quer conversar?

-quer saber... Quero -ela sorriu.

Meu celular tocou, Stefan estava me procurando, pedi para que eles fossem para a minha casa, eu iria tomar um café com Davina e depois iriamos para casa, e assim fizemos. Sentei junto dela em uma das mesas de um café ainda no quarteirão das bruxas e enquanto bebíamos uma xícara de café e comíamos torradas eu contei a ela tudo o que estava acontecendo. Admito que nunca fiquei tão feliz por ter Davina por perto. Além de poder desabafar ela também me cotou coisas sobre ela que eu nunca poderia imaginar. E me explicou coisas sobre bruxas que eu jamais poderia saber... Será que realmente sou uma bruxa?

-até que você é muito legal bruxinha -sorri.

-você também é princesa...

The Owners of True BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora