CAPÍTULO 3

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O despertador toca e me apresso em fazer as mesmas coisas de todas as manhãs: tomar um banho, fazer a higiene matinal e por aí vai.Vou para a cozinha e tomo um café caprichado, daqueles sem deixar brecha para reclamações e arrependimentos de não ter comido o suficiente. Já no quarto, coloco uma calça jeans preta, uma blusa social, um blazer e um tênis branco. Faço um coque no cabelo e uma maquiagem básica do dia a dia. Pego minhas pastas, o notebook e vou para a empresa.Chegando lá, vou direto ver a minha agenda do dia com Luiza.- Bom dia, Luiza! - Digo sorrindo simpática.- Bom dia! Está de bom humor? - Ela observa retribuindo o sorriso.- É, talvez! Como está minha agenda hoje? - Pergunto.Ela fixa sua atenção alguns instantes na tela do computador, mas logo volta para mim.- Hoje a senhorita tem duas reuniões! Uma daqui há duas horas, e a outra em seguida. Ambas com o senhor Arthur, mas não vão ser aqui na empresa. E Dona Andreia marcou na tarde de hoje para vocês irem ver o hotel.- Obrigada! - Digo balançando a cabeça positivamente, e aceno para ela enquanto sigo para a minha sala. Para a minha surpresa, os pedidos que eu precisava para finalizar algumas decorações já haviam chegado, então ligo para a recepção.- Luiza, tem como você falar com o senhor André e a senhorita Jaqueline e dizer que os pedidos chegaram? Marque cada um para um dia. Preciso terminar as decorações. - Desligo e volto minha atenção ao notebook.Meu celular toca.- Débora, bom dia! - A voz do outro lado diz formalmente.- Eu sei que é você! - Digo soltando o ar dos meus pulmões derrotada. Ouço um riso vindo da pessoa.- Quem está falando? - Pergunto séria, mesmo sabendo de quem e do que se trata.- Aqui é o Victor. Esqueceu de mim tão rápido assim? - Sinto o sarcasmo em sua voz, e isso faz a raiva subir de uma vez em meu sangue.- É que pessoas insignificantes não valem a pena lembrar, entende? - Falo irônica.- Rum, Tá. - Ouço uma respiração afetada pelo o que acabei de dizer. -Eu só queria ver contigo qual o dia que ficaria melhor para você vir olhar o apartamento e decidir a decoração comigo. Anje disse que sua agenda é bem corrida, então...- Pode ser na sexta ou na segunda? É que esses últimos dias estão cheios de trabalhos a serem finalizados, bem como Anje lhe disse.- Está sendo muito disputada, em?! Fico até... - Ele para e solta um riso fraco do que quase disse a pouco, então interrompo o papo furado.- Diz aí: sexta ou segunda? - Pergunto impaciente.- Na sexta. - Ele responde quase que imediatamente.- Tchau! Tenha um mau dia! - Desligo.Escolho algumas tintas para os ambientes dos meus últimos trabalhos que irei finalizar. Mando um e-mail para todos os meus funcionários da equipe, e por hora, estava tudo indo bem.Ouço batidas na porta.- Pode entrar. - Digo.Luiza entra com um caderninho em mãos.- O senhor André marcou para amanhã e a dona Jaqueline para sexta-feira. - Ela me entrega um papel anotado.- Obrigado! - Digo em agradecimento.Luiza ia saindo...- Luiza, eu tenho um cliente também para sexta-feira, será que tem como você ligar para ele e avisar que ficará para segunda?- Claro! - Entrego-lhe um papel com o número anotado.Ouço batidas na minha porta novamente.- Entre, por favor! - Digo concentrada no que estava fazendo.O senhor Arthur entra na minha sala.- Te esperei lá na minha sala e você não foi, então resolvi ver se tinha acontecido algo terrível contigo.- Desculpa, senhor Arthur! É que hoje está uma correria só, e acabei me esquecendo. - Falo com cara de preocupação e vergonha, mas ele sorri reconfortante.- Tudo bem, acontece nos melhores casos. Mas podemos ir agora? - Ele pergunta tranquilamente.- Sim, claro! Só vou pegar minha bolsa e já desço. - Respondo me apressando em me organizar para ir, e ele me olha pacientemente.- Te espero na recepção, senhorita! - Ele sai me deixando sozinha novamente.Arrumo algumas coisas rapidamente, pego minha bolsa e desço para encontrá-lo. Chegando ao estacionamento, Arthur pede para irmos em seu carro, pois seria mais rápido irmos juntos.Chegamos a um grande prédio espelhado, e ao sairmos do veículo, o senhor Arthur me olha e faz sinal para que eu o seguisse. Passamos pela recepção e fomos a uma sala enorme. Entramos e tinha um rapaz... E se eu o conheço bem... Diria com toda a certeza da minha existência que é o Jared. Tinham mais duas mulheres, e uma delas eu já conhecia, era a irmã do senhor Arthur, a Ana, enquanto a outra ainda não a conheço.- Bom dia! - Digo em cumprimento, e eles respondem retribuindo. Jared fica me observando sem nem ao menos disfarçar.Alguns instantes depois, o Senhor Arthur começa a reunião e não demora muito até que uma surpresa caia em meu colo.- Essa é uma das poucas funcionárias que eu confio em deixar a empresa nas mãos, então eu queria saber se você, Senhorita Débora, aceita ser a minha representante em reuniões como estas, claro que não definitivamente. - Ele conforta. Faço tal pedido porque preciso de férias e pensamos em você para me representar enquanto estiver fora. - Diz ele olhando para Ana e em seguida para mim.- Pensamos em você, para ficar no lugar do meu irmão enquanto ele vai a essa viajem de descanso porque não enxergamos ninguém melhor que você para cuidar da empresa. Além de esforçada, responsável, você é uma pessoa de bastante confiança e está conosco há tanto tempo que já faz parte da família. - Fala Ana me olhando. - Só dependemos da sua resposta para bater o martelo dessa decisão.Eu estou sobrecarregada de tanto trabalho e quem precisa de férias é o senhor Arthur... E ainda mais esse puxa-saquismo do cara... Se eu dissesse NÃO me achariam rude?- Tudo bem. - Respiro fundo nervosa. - Eu aceito representar o senhor Arthur por esse curto período. - Todos que estavam ali sorriram, menos Jared. Que bicho mordeu ele? Eu, em...- Claro que, quando eu voltar, você poderá tirar férias também. Afinal, somos humanos. - Todos riram por educação, era óbvio. Menos quem? Pois é!Fomos para a outra bendita reunião e só me arranjaram uma pilha de papel que necessitavam ser assinados. Olha, tem horas que eu acho que eu sou a única a trabalhar naquela bendita empresa. Senhor Arthur até que foi educado e me chamou para almoçar com ele. 

Ao retornarmos à empresa, coloco aquela pilha de papéis na minha mesa e começo a ler e assinar alguns.

Ouço batidas na minha porta. - Entre! - Andreia entra na minha sala.- Vamos indo? - Andreia fala animada.- Pra ond... Eita, é mesmo. - Digo passando as mãos no rosto frustrada, e Andreia ri disso.- Muita coisa para fazer, né? - Ela pergunta olhando aquela pilha de papéis na minha mesa.- Demais. E só piora a cada dia. - Respondo soltando ar pela boca. Andreia me olha pensativa.- Podemos marcar com o cliente para amanhã e eu te ajudo, o que acha? - Ela diz simpática.- Seria uma boa... - Penso por alguns rápidos segundos. - Mas esses dias, até a sexta-feira, já estão cheios. - Falo sem empolgação.- Mas... Tive uma ideia sensacional. - Falo pegando no braço de Andreia e puxando para a sala do senhor Arthur. Sei que ela deve estar com um rosto preocupado, mas preciso que ela confie em mim.- Com licença, Senhor Arthur. - Digo entrando com Andreia ao lado.- O que desejam? - Diz ele assinando uns papéis que estavam espalhados por sua mesa.- Eu estava pensando... Se eu e Andreia somos as melhores funcionárias da empresa, e ambas estamos com muitos trabalhos se acumulando... - Andreia me olha com uma cara de "O que tu vai fazer, maluca?" - Que tal, na sua ausência, ficarmos as duas lhe representando?Arthur me olha pensativo.- Você não dá conta do trabalho? É isso? - Ele pergunta sério fazendo um calafrio percorrer toda a minha espinha e depois se apossar da minha garganta.- Não é isso! É que mesmo antes eu já estava com trabalho acumulado e eu não tenho ninguém para me ajudar. - Olho para ele sem jeito, mas certa do que estou fazendo.- Tudo bem! Pode ser uma boa mesmo. Gostei da ideia. - Ele diz, e eu respiro aliviada. Por um instante pensei que iria ser despedida.Conversamos um pouco com ele para que a minha colega entenda a situação louca que puxei ela para dentro.Eu e Andreia voltamos para a minha sala depois da montanha russa na sala do chefe.- Você é louca? - Pergunta Andreia com a boca aberta em descrença do que acabou de acontecer.- Não, porque? - Falo rindo.- Eu não faço a mínima ideia do que fazer e você me enfia nisso? - Ela senta no sofá da minha sala, na real, ela praticamente se joga.- Não se preocupa. Basicamente é assinar papéis, ir a reuniões e o nosso trabalho. De resto, a gente ajuda uma a outra, vai ser até mais rápido. - Olho para ela animadamente.- É. Por esse lado vai ser bom! - Ela sorri, e relaxa um pouco. - Mas eu ainda devia te matar. Você nem para me avisar... - Rio de toda a situação, mas ela tem razão. Agi igual a Anje.Logo em seguida fomos ver o Hotel, mas o dono não estava na cidade, e marcou para que fossemos na terça-feira.- Nem para avisar, cara... - Resmungo enquanto retornamos ao carro.Depois de um dia longo desse, finalmente chego em casa. Eu nem como, só tomo um banho, visto meu pijama e me jogo na cama. Estava exausta demais para pensar em qualquer outra coisa que não fosse dormir.

Minha Calmaria Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora