CAPÍTULO 26

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Gabriel ria como se tivesse ganhado algo que há muito queria. Eu ia saindo, mas ele me impede.

-Você não vai a lugar nenhum - ele segura o meu braço. As luzes se acendem e a sala está cheia de homens armados por todos os cantos.

-O que significa isso? - pergunto com medo.

-Significa que se você tentar alguma coisa, você vai para debaixo da terra - ele diz em tom ameaçador. - Agora senta na porcaria da cadeira e se comporta.

Ele praticamente me joga na cadeira, fazendo-me sentar. Ele fica me olhando por alguns segundos e faz sinal para um cara que estava na porta de entrada.

Débora

Eu acordo com dificuldade para abrir os olhos. Estou amarrada em uma cadeira e tudo ao meu redor está escuro, com apenas uma luz apontada para mim, iluminando apenas a mim.

Um homem se aproxima de mim.

-Ei, a donzela está acordando - o homem de voz grossa fala.

Ele se aproxima de mim, mas não consigo identificá-lo, minha visão ainda não está 100%.

-Acorda, donzela! - o homem a minha frente diz em tom sério.

-Pode ir, daqui eu me viro - escuto uma outra voz, essa voz era familiar.

Acho que o rapaz saiu da sala.

-Tome, beba isso - ele estende um copo em minha direção.

-Eu não vou beber nada vindo de vocês - digo com a cabeça baixa.

-Confia em mim, Débora! - o homem levanta meu rosto para que eu o olhe.

-Jared! - digo um pouco alto.

-Sim, sou eu! - ele sorri. - Agora beba isso, é apenas água, não tem veneno.

-Eu não quero! - digo em tom de recusa.

-Está bem, eu não vou te forçar. Se não quer, não beba - ele pega uma cadeira e senta à minha frente.

-Por que me amarrou? - pergunto com a cabeça baixa.

-Era necessário, se não os caras te apagavam - ele diz calmo.

-Como assim me apagavam? Que tipo de lugar é esse? - pergunto séria, mas com medo.

-Eu não posso te dizer, a única coisa que fazemos é nos divertir e facilitar o trabalho da polícia - ele me encara e apaga a luz. - E fazer isso que eu fiz com a luz, só que com pessoas - ele ri e acende a luz novamente.

Eu acho que entendi o que ele quis dizer, e tenho medo.

-Se essa cara aí está assustada - ele coloca a mão em meu queixo. - Não fique, não vai acontecer nada com você. Eu só quero te ajudar.

-Ajudar como? Me matando? - digo um pouco exaltada.

-Na verdade... Não - ele se cala por um momento. - Eu quero tirar Bruno da sua cola.

-O que você ganharia com isso? - falo desconfiada.

-Na verdade, isso eu não posso te dizer.

-Mas como você quer que eu acredite que você quer me ajudar mesmo? - falo baixo.

-Olha, Débora! A gente se conhece há tanto tempo, não tem motivo para você não acreditar em mim, certo? - ele me encara.

-Se nos conhecermos a tanto tempo não significa que eu tenha que acreditar em você - falo séria. - Eu não nasci ontem, você vai ganhar alguma coisa com isso. O que?

-É bem simples, se você quer minha ajuda, ótimo, se não... o problema é seu! - ele diz e dá de ombros.

-Tá, eu te dou um voto de confiança - digo e ele vira-se com um sorriso no rosto. - Agora bem, que você poderia me desamarrar.

Ele vem até mim e me desamarra. Coloco minha mão na cintura e não sinto a arma.

-Se está procurando seu "brinquedinho", saiba que não vai tê-lo de volta - ele ri ironicamente.

Eu bufo de raiva.

Tamara

Fui praticamente jogada naquela cadeira. Ele faz algum tipo de sinal para o cara que estava atrás de mim. Alguns instantes depois, minhas mãos são amarradas atrás da cadeira.

-Para que isso tudo? - pergunto já com raiva.

Ele não me responde, passa muito tempo em silêncio. Logo alguém entra na sala.

-Solta a garota - o cara que acabara de entrar ordena.

Um dos homens vem e me solta.

-Me siga - o cara fala comigo. - Vocês podem ficar aqui.

Eu o sigo até uma sala no final do corredor. Ele abre a porta e faz sinal para que eu entre.

-Tamara - Débora me abraça. - Você está bem?

-Isso sou eu que te pergunto - falo séria.

-Ela está bem, ninguém fez nada com ela - diz um homem entrando na sala. - Mas e você, como está?

-Isso não interessa a você - respondo de forma grosseira.

-Calma, Tamara! - Débora fala, tentando me acalmar. - Este é o Jared, ele só quer nos ajudar.

-Ajudar? Precisava colocar meu meio-irmão para ficar comigo enquanto os dois se entendiam? - digo enraivecida. - Ele é um cretino e se a intenção era me deixar em péssimas mãos, parabéns, conseguiram.

-Desculpe, senhorita! - Jared diz irônico. - Da próxima vez, traremos um "spa" e pesquisaremos a árvore genealógica dos nossos hóspedes.

-Eu praticamente fui sequestrada quando estávamos entrando, e me levaram para outro lugar onde Jared estava - Débora diz já impaciente. - Você poderia parar de pensar no próprio umbigo e perceber que eu também não sabia o que iria acontecer.

A sala fica em completo silêncio por alguns minutos.

-Meninas, vamos falar sobre algo do futuro, deixem de futilidades - eu e Débora olhamos para Jared com uma expressão de "quê?"

-Vou mandar alguns dos meus capangas com vocês...

-Mas espera aí, essa história está mal contada - digo desconfiada. - Você não trabalha para Bruno?

-Não, éramos parceiros, mas ele anda pisando muito na bola e eu preciso colocar um fim nisso. - ele diz calmamente. - Voltando ao assunto, alguns dos meus capangas vão com vocês, voltem para casa e eles cuidarão da segurança de vocês duas.

Eu olho para Débora e ela faz o mesmo para mim.

-Aqui! - ele entrega dois celulares, um para mim e outro para Débora. - Se precisarem de qualquer coisa, liguem no primeiro número da lista de contatos. Se Bruno aparecer por lá, deixem que ele se sinta no controle da situação, ele terá o que merece quando chegar a hora certa.

-Mas Bruno, ele quer... - Débora fica envergonhada.

-Ele quer levar Débora para a cama, é isso! - diz exaltada.

-Você não vai permitir que isso aconteça em hipótese alguma, está me ouvindo? - ele olha para mim.

-Eu sei o que tenho que fazer - digo.

Jared chama alguns seguranças, conversam por algum tempo e depois voltamos para casa. Alguns seguranças vieram em nosso carro e o restante em um carro logo atrás.


Minha Calmaria Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora