CAPÍTULO 7

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- Ananda, o que você está fazendo aqui?- Pergunto.

-Oi, primeiro, Débora! - Ela fala com aquele sorriso falso nos lábios.

-Acho que você esqueceu que não cumprimento pessoas falsas. - Falo revirando os olhos.

-Para que isso, irmãzinha? Para que tanto rancor no seu peito? - Ela fala sorrindo falsamente.

-Eu não vou te responder devidamente por causa do meu ambiente de trabalho. - Me levanto da cadeira. - O que você faz aqui? Veio infernizar minha vida mais uma vez?

-Não, irmãzinha. - Ela pega uma revista que havia em minha mesa e começa a folhear. - Acabei comprando uma casa naquele bairro luxuoso, sabe? E fiquei pensando... Por que não contratar minha querida irmã para decorá-lo?!

-Você só pode estar de sacanagem com a minha cara. Você acha mesmo que depois de tudo que você fez para arruinar minha carreira, ainda acha que eu vou trabalhar para você? - pergunto irônica. - Você está muito enganada, Ananda.

-Recusando trabalho, irmãzinha! - Ela fica com aquela cara de escrota me olhando. - A vida está tão boa assim para você fazer isso?

-Eu não sei se você percebeu, mas aqui é uma empresa, existem muitos outros profissionais aqui. Fale com a recepcionista que te garanto que você acha um ótimo decorador.

-Mas eu pensei em você. Queria o seu toque. - Ela ri.

-Então pensou errado. - Abro a porta e dou sinal para que ela saísse. - Agora saia da minha sala, por favor!

Ela joga a revista na mesa.

-Ok, eu saio. Mas nossa mãe não vai gostar do que você está fazendo. - Diz ela com a mão em meu ombro.

-Sai daqui! Que inferno. - Grito e ela sai.

Sento no sofá e passo uma das minhas mãos no meu cabelo.

-Nossa, que sexta-feira maravilhosa. - Digo segurando o choro. - Essa jararaca na cidade. Que ótimo!

(...)

Luiza entra na sala.

-Desculpe, dona Débora! - Luiza diz.

-Tudo bem! Em que posso te ajudar? - Pergunto.-

-É que tem uma cliente querendo seus serviços. E ela queria que a senhora a visitasse hoje. - Ela diz.

-Tem que ser eu mesmo? - Pergunto desanimada.

-Sim. Ela pediu por seus serviços, ela se chama Franciny. - Diz ela me entregando um papel com o endereço.

-Ok. Mais tarde eu vou vê-la. - Dou um sorriso forçado. - Obrigado, Luiza.

Ela sai da minha sala e eu coloco algumas pastas na minha bolsa e meu notebook.

Desço para a recepção.

-Luiza, se aquela moça que veio mais cedo aqui me procurar, não a deixe ir à minha sala e invente alguma desculpa, mas diga que eu não estou.

-Desculpe a curiosidade, mas por quê? - Luiza pergunta.

-Por nada!... Nada de mais! Agora eu vou indo, tchau! - Digo andando para a saída.

(...)

Coloco minhas coisas no banco de trás do carro e dirijo até um parque que eu costumava ir para pensar.

Deixo o carro no "estacionamento" e vou até um banco que tinha embaixo de uma árvore.

Me sento e começo a pensar e tentar entender a bagunça que eu e minha vida estávamos nos tornando.

Talvez seja o trabalho que esteja me deixando sobrecarregada, talvez seja a preocupação para deixar tudo perfeitinho. É a preocupação do que os outros vão falar. É as pessoas simplesmente sumindo e aparecendo do nada.

Anje some e não me fala nada. A jararaca da minha irmã resolveu aparecer e ela só pode estar querendo jogar na minha cara que eu sou uma fracassada.

-Pai, preciso do senhor aqui comigo! - Falo baixinho e uma lágrima escorre.

Fico observando aquelas pessoas que passeavam naquele parque e algumas lágrimas dançavam em meu rosto.

-Débora? - Ouço uma voz atrás de mim.

Me viro rapidamente e vejo Anje com uma senhorinha.

-Anje? - Digo limpando minhas lágrimas. - O que você faz aqui?

-Desculpa não ter te falado nada. - Ela diz olhando a senhorinha que estava com ela. - Essa é a minha avó Maria das Dores e eu estou cuidando dela esses dias que minha mãe está fora.

- Oi, dona Maria! Me chamo Débora, prazer em te conhecer - Digo estendendo uma das minhas mãos.

- Oi, querida! - Ela pega a minha mão com as duas dela. - Estava chorando?

- Só um pouquinho - Digo sorrindo.

- Mas por quê? Uma moça tão bonita chorando - Diz ela docemente.

- Muitos e muitos problemas. A senhora não imagina quantos - Digo com voz de choro.

- Quer desabafar, Débora? - Anje pergunta preocupada.

- Acho que depois, agora ainda não é o momento. - Digo.

- Tem certeza? - Anje insiste.

- Sim, tenho! Também tenho muito o que conversar com você, mocinha. Então vamos deixar para depois. - Digo convincente.

- Eu não sei vocês minhas queridas, mas eu estou com fome. - Diz dona Maria nos olhando.

- Então vamos a um restaurante que tem aqui perto, por minha conta - Digo sorrindo.

Chegamos a esse "restaurante". Era simples, mas bem organizado e limpinho.

Todas nós nos sentamos.

- Desculpa de novo, Débora! - Anje diz baixinho.

- Não precisa se desculpar, só que eu fiquei muito preocupada com você - Digo.

- A amizade de vocês é forte, não é? É bonita de se ver. - Diz dona Maria nos observando.

Eu sorrio para Anje.

- Essa sua neta dá muito trabalho a essa amiga aqui - Digo dando risada. - Mas ela é minha melhor amiga e eu não consigo viver sem ela.

(...)

Nesse dia eu nem fui visitar a minha cliente, passei o resto da tarde com minha melhor amiga e aquela senhorinha fofa, a dona Maria.

Chego em casa às seis da tarde e vou direto para o banho.

Visto uma roupa folgada qualquer e fui comer sorvete enquanto assistia um filme de comédia romântica qualquer.

(...)

Recebo uma mensagem.

"Já cheguei! Já está pronta?"

"Eita, preula! Victor, eu esqueci! O dia foi um fiasco total. Um dia péssimo para mim."

"O que aconteceu?"

"Minha irmã está na cidade e ela foi me infernizar lá no trabalho. Depois eu fui ao parque e encontrei com Anje, porém ainda não conversei direito com ela..."

"Daí você não vai mais?"

"Isso, quero pensar um pouco. E pensar o que vou dizer à Luiza que estava esperando os documentos assinados para hoje."

"Ok. Boa sorte aí!"-Desliga.

- Por... Victor, não fica com raiva. - Falo para mim mesma.

Uns vinte minutos depois, ouço a campainha tocar. Adivinhem?






Minha Calmaria Em Meio Ao CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora