Nem eu nem Tamara dormimos. Era madrugada. Tamara vai ao quarto dela e volta vestida com uma calça, um moletom por cima de uma camiseta, um par de tênis. Carregava consigo uma mochila e uma mala pequena contendo quatro pistolas e muitas munições.
-Vai se trocar - disse ela, e eu a olhei confusa. - A roupa está em cima da minha cama, e pega a outra mochila em cima da cama.
-A gente vai pra onde? - perguntei.
-Apenas vai se trocar e não faz perguntas - afirmou ela, séria.
Fui até o quarto dela e vesti uma calça jeans, uma camiseta, um moletom e um par de tênis preto que ela havia deixado lá.
Passei pelo "meu" quarto, peguei meu caderno de desabafos e voltei para a sala.
Ela me entregou a outra mochila e fomos até o carro. Colocamos tudo no porta-malas, mas Tamara colocou uma das pistolas na cintura e me entregou outra.
-Eu não sei usar isso - disse enquanto olhava para a pistola.
-Você vai aprender! Agora, coloque isso na cintura e entre no carro - ordenou ela, e obedeci, entrando no carro.
Ela ligou para alguém e depois para Victor. Sem entender muito bem, passamos por uma esquina e Victor entrou no carro. Paramos em uma casa e um homem pediu que entrássemos, mas Tamara achou melhor que eu ficasse no carro com Victor, pelo perigo.
-Se notarem algo estranho, entrem e já sabem o que fazer - avisou ela, antes de entrar na casa. Mais tarde, saiu de lá com uma mochila ao lado. Parecia ter corrido tudo bem. Colocou a mochila no banco de trás e seguimos para uma casa dentro de uma mata, distante da cidade. Tanto eu quanto Victor estávamos confusos.
-O que estamos fazendo aqui? - perguntei.
-Vamos passar alguns dias aqui - disse ela, retirando as coisas do carro.
-Mas aqui é perigoso, Tamara! - reclamou Victor.
-É mais seguro do que em casa. Primeiro, Bruno não sabe onde é, e segundo: a área de treinamento para tiros é logo ali - apontou para a escuridão, mas não conseguíamos ver nada.
Ajudei a levar tudo para dentro, a casa era mobiliada e bem organizada, com provisões de alimentos.
-Aqui são apenas dois quartos, então você e Victor terão que dormir juntos - anunciou ela. Eu e Victor nos olhamos.
-Por mim, tudo bem! - disse ele, indo para o quarto.
Olhei para Tamara, sabendo que era de propósito, e segui para o quarto também.
-Leva a mochila! Coloquei algumas roupas, acho que você vai precisar - sugeriu ela.
Peguei a mochila e a coloquei em cima de uma cômoda velha que havia no quarto, enquanto Victor fez o mesmo com a mochila dele.
Com Tamara dormindo, o silêncio dominou e as velas estavam apagadas, exceto as do nosso quarto que estavam acesas.
Deitei na cama com as velas acesas, sabendo que não conseguiria dormir. Victor se deitou ao meu lado, ficando de frente.
-Se quiser dormir, pode apagar. - propus.
-Não consigo dormir! - disse ele. - Mas você deveria descansar um pouco.
-Eu não consigo! - respondi, encarando o rosto de Victor.
Nos olhamos nos olhos e nos aproximamos lentamente, sentindo a respiração um do outro. Nos beijamos, um beijo calmo e doce. No meio do beijo, parei ao ter um flash de Bruno.
-Desculpa, Victor! - falei.
-Tudo bem! Mas o que foi? - perguntou ele confuso.
-Lembrei de Bruno, de quando ele me ameaçou e tive que beijá-lo - disse, constrangida.
Victor me abraçou e acariciou minha cabeça, me trazendo segurança. Acabei cochilando ao seu lado, sentindo-me protegida.
(...)
O dia amanheceu, mas ainda era cedo. Victor dormia tranquilamente me abraçando. Fiquei ali, sem querer acordá-lo e sem querer me afastar do seu abraço.
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Minha Calmaria Em Meio Ao Caos
RomanceUma mulher de 24 anos, que nunca amou verdadeiramente, se vê em uma situação complicada ao descobrir a má índole de um amigo com quem ficou. Enquanto tenta se afastar dele, uma pessoa especial surge em sua vida, trazendo a possibilidade de um novo c...