CAPÍTULO 07 - Perdoar?

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Ter encontrado com Gustavo depois de muitos anos sem notícias dele, foi como um baque pra mim. Não estava preparado para encarar meu passado cheio de mágoas e feridas ainda aberto. Era questão de tempo pra eu ficar frente a frente com meus pais. Não queria isso, não estava preparado para rever eles depois de anos sem vê-los. A minha atração pelo meu chefe e a aproximação com meus pais estava me deixando louco. Parei no corredor da empresa e as lembranças de quando fui expulso pelos meus pais veio em minha memória. Coloquei a mão na cabeça e comecei a chorar compulsivamente. Estava encostado na parede e fui deslizando até sentar no chão. Não ouvia e não enxergava ninguém. Só ouvia as palavras de "aberração" e "lixo". Yuri afastou todos os outros funcionários em minha volta, abaixou e me abraçou. Pediu pra todos voltarem ao trabalho e continuarem seus afazeres. Eu estava em choque por ter que enfrentar esse trauma que achei que tinha superado, mas tudo não passava de uma mera ilusão. Me apoiei na parede e levantei, mas tudo a minha volta ficou escuro e desmaiei.

— Os sentidos dele está voltando. — pude ouvir uma voz lá no fundo. Abri os olhos. Vi Yuri e Gustavo ao meu lado.

— O que aconteceu? — perguntei sem me lembrar.

— Você teve uma crise nervosa e desmaiou. — respondeu Yuri me entregando um copo de água.

— Obrigado. — agradeci tomando a água. — Desculpe estar trazendo transtorno para você, Yuri. — justifiquei.

— Não precisa se justificar, amor. — disse sentado-se ao meu lado. É isso mesmo? Yuri me chamou de amor? Ele só podia estar mais atordoado que eu. Ou eu ouvi outra coisa? Não, não ele deve ter falado pra me confortar só pode.

— Você precisa ser forte e enfrentar esse seu passado. — alertou.

— Não é fácil pra mim. — falei olhando pro nada. — As palavras, a rejeição dos meus pais ainda estão martelando na minha cabeça. — bebi o último gole de água.

— Gui. — chamou Guto e pegou na minha mão. — Yuri tem razão. Você precisa enfrentar isso de uma vez por todas. Você não pode ficar se escondendo a vida toda. — acariciou meu rosto.

— Guto, por favor. Eu te peço. Não conta para nossos pais que você me encontrou. Eu preciso de um tempo pra semelhar tudo isso. — pedi.

— Tudo bem, eu não vou falar nada. Mas o Giovani quer muito te ver. — sorriu.

— Ai, Giovani.— falei colocando a mão na cabeça lembrando do que ele havia presenciado.— Ele presenciou tudo. Leve ele ao meu apartamento esta noite. Podemos jantar nós três e conversarmos. — pedi e sorri. — Vou te passar o endereço.

Passei o endereço para Guto e o abracei. Sempre sonhei em dar um abraço no meu irmão mais velho. Não pude conter as lágrimas, chorei de emoção por ter encontrado Guto e, a noite, verei o caçula que sempre nos alegrou, Giovani.

• • • • • • • • •

[Gustavo]

A crise nervosa de Gui me deixou muito tenso. Eu imaginava que ele sempre levaria com ele o trauma de ter sido expulso e rejeitado fosse tão grave. A preocupação de Yuri com meu irmão me deixou intrigado. Será que o Van Der Benzi está gostando do meu irmão? Ele nunca foi de demonstrar afeto por ninguém e com o Guilherme, ele ficou o tempo todo do lado dele. Isso tava muito estranho. Até por que percebi Yuri e Gui se olhavam com outro de jeito. Um jeito de ambos se gostavam. Bom, isso deve ser coisa da minha cabeça.

Sai do Grupo  Van Der Benzi  por volta das 18hrs. Combinei com Gui de estar em seu apartamento com o Giovani ás 20hrs. Cheguei em casa, não havia ninguém. Subi para meu quarto e tomei um banho. Descendo as escadas, me encontro com Vilma.

O Chefe  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora