Depois de trocar de roupa e tomar um banho, fui a cantina do hospital comer algo. Estava comendo quando Guto se aproxima e senta-se à mesa. Sua expressão é triste e séria. Guto queria me dizer alguma coisa, mas não sabia como.
― Eu não sei se quero mais casar com a Bárbara. ― desabafou.
― Por quê? O que houve? ― falei assustado.
― Faz quase dois dias que o nosso pai está internado e Bárbara nem se quer veio ou ligou pra saber do sogro dela.
― Mais você avisou sobre o acidente? ― perguntei comendo um pedaço de pão.
― Avisei. Liguei por inúmeras vezes e ela não atende ao telefone. ― disse colocando a mão na cabeça.
― Peça um tempo não sei. Adia este casamento até nosso pai sair do hospital e estiver tudo ok com ele. ― aconselhei. Eu não conhecia minha futura cunhada, mas meu irmão ama muito ela. Subimos para o andar da UTI e ficamos conversando. Avistei Giovani conversando com uma enfermeira e ele veio em nossa direção.
― Nosso pai acordou. ― falou dando um abraço em mim e no Guto.
― Podemos ver ele? ― perguntei.
― Sim, podemos. Ele está um pouco sonolento por causa dos medicamentos. ― avisou. ― A enfermeira me disse que o pai só pergunta de você Guilherme. ― completou.
Ouvir aquilo foi como enfiar uma faca em meu peito. O coração acelerou, as pernas bambearam e a garganta secou. Não disse nada e caminhei até o quarto. No corredor indo para o quarto, minhas mãos começaram a suar e veio em minha memória de meu pai me expulsando. "O que é isso Guilherme! Você precisa se livrar dessas lembranças já" repreendia meu consciente. Cheguei ao quarto 435 – quarto que meu pai estava internado – e adentrei o quarto. As lágrimas saíram sem eu controlar. Fiquei perto da cama e toquei sua mão. Ao sentir o toque de minha mão, meu pai abriu os olhos.
― Filho. ― disse esboçando um sorriso. ― Me perdoa pelo sofrimento que te causei durante todos esses anos. ― chorou.
― Pai. ― segurei sua mão e encostei sua cabeça sobre meu peito. ― Eu só quero lembrar-se das coisas boas que vamos passar daqui pra frente. E o passado quero deixar pra trás. ― pedi beijando sua testa. Minha mãe e meus irmãos entraram no quarto e nos viramos abraçados. Nós todos se abraçaram.
― Agora sim minha família está completa. ― disse minha mãe abraçando eu, Guto e Giovani. ― Meus três filhos reunidos. ― nos beijou.
― Quase completa.― sussurrou meu pai.
Não entendi o porque dele ter dito isso.
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[Gustavo]
A reconciliação de Gui e meus pais foram como se a tempestade de areia foi embora. A nova etapa de nossa família se iniciava e eu queria um tempo só pra mim. A distância de Bárbara e o acidente de meu pai tinham me deixado sentimental. A recuperação de meu pai ia durar meses e não podia casar sem a presença dele. Adentrei meu carro e segui para a casa de Barbie. Tinha certeza que Bárbara ia surtar, mas ela tinha que entender que meu pai é a prioridade no momento.
― Olá meu amor, que bom te ver. ― cumprimentei-a.
― Também digo o mesmo meu amor. ― respondeu retribuindo o beijo.
― Vim até aqui amor pra te pedir uma coisa. ― pausei.
― O que quiser meu lindo. ― disse com cara de preocupada.
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O Chefe (Romance Gay)
Romance(Esta História foi revisada tendo início de 03/06/2018 e o seu término em 24/08/2018) Recém chegado de Londres e roubado pelo seu ex-companheiro, Guilherme está decido a construir sua vida no Brasil. Depois de um casamento conturbado na capital ing...