O desembarque em Dubai aconteceu depois de 14 horas de voo. O fuso horário era terrível e estava exausto. Liguei para o Gui avisando que a viagem foi uma bênção. Fui para o Hotel Hilton descansar e dormi por quase nove horas. Escuto o barulho do telefone do hotel tocando lá no fundo. A recepcionista disse que o serviço de quarto estava subindo. Desliguei o telefone e levantei. Dez minutos depois, o serviço de quarto bate na minha suíte e vou atender - só de cueca -. Abro a porta e quase morro do coração.
― Meu Deus, é você. ― foi a única coisa que consegui falar antes de desmaiar. Eu sempre achei que ele estava morto e agora, do nada, eu reencontro aqui em Dubai. A lembrança de meus pais vieram a minha mente. Eu me recusava a lembrar deles em qualquer hipótese, mas agora eu não me controlava. Ainda estava desmaiado, mas podia sentir a presença de meus pais perto de mim. Eu não acreditava que ao invés de ficarmos juntos, ele preferiu fugir e não dar notícias.
Faz 11 anos que meu irmão fugiu e não deu notícias. Sempre procurei por ele pelo Brasil inteiro e nunca o encontrei. Na época que ele fugiu, ele tinha 18 anos ficou por vários dias sumidos e encontraram o um corpo boiando de um adolescente na Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois da confirmação da "morte" do meu irmão, parei as buscas para encontrá-lo e sempre vivi sofrendo por ser sozinho no mundo. Nossos pais morreram quando eu tinha 19 anos e meu irmão, 16 anos. Assumi a pequena empresa que meu pai tinha no fundo de casa - que é o Grupo Van Der Benzi -. Em poucos anos, consegui transformar aquela pequena empresa em uma das empresas de arquitetura e empreendedorismo mais famosa do Brasil. Queria ter crescido junto com meu irmão no comando das empresas, mas aquele imbecil tinha "morrido" até então. Os meus sentidos estavam voltando e abri os olhos. Minha vista estava embaçada. Minutos depois, minha visão volta ao normal. Acreditava estar diante de um espírito.
― Você não é real. ― falei relutando contra a verdade.―Meu irmão está morto. ― disse eu com os olhos fechados. Abri os olhos e ele não estava na sala. Fiquei procurando ele e de repente, ele surge com um copo de água.
― Beba este copo de água. ― entregou-me.
― Você é real. ― sentei no sofá.
― Me perdoe.― disse Yago olhando em meus olhos.―Eu não queria ter feito você me encontrar desta maneira, Yuri. ― Disse.
― Eu te procurei por dias e quando encontraram o corpo daquele jovem no lago e veio a confirmação que era você, meu mundo desabou. ― Chorei. ― Eu queria ter cuidado de você, ter te dado carinho como um pai. Mas você tinha morrido. ― virei o copo de água.
― Mil desculpas, irmão. ― chorou. ― Aquele corpo do menino no lago arrastei até a margem. Tirei a roupa que ele estava e vesti a minha. ― contou chorando. ― Depois, entrei escondido no IML e troquei os frascos de sangue. ― concluiu.
― Por que fez isso? ― perguntei querendo respostas.
― Porquê eu achava que você não me queria por perto. Eu achava que seria um estorvo pra ti. ― chorou compulsivamente.
― Como eu não te queria? ― perguntei incrédulo.―Se você era minha única família, Yago? ― falei. ― Tudo que eu mais queria era ter te criado e juntos poderíamos ter comandado a empresa de nosso pai. ― disse sorrindo.
― Por muitas vezes eu queria ter voltado ao Brasil e ter te contado a verdade. ― falou olhando pro nada.―Mas não sabia sua reação. ― sorriu.
― Me dá um abraço? ― pedi.
― Todos que você quiser. ― sorriu Yago e me abraçou forte.
― Você trabalha como serviço de quarto em Dubai sabendo que é herdeiro de uma grande fortuna também. ― falei sem acreditar.
― Não se preocupe.― falou Yago enxugando as lágrimas.―Amanhã mesmo vou pedir demissão. ― contou decidido.
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O Chefe (Romance Gay)
Romance(Esta História foi revisada tendo início de 03/06/2018 e o seu término em 24/08/2018) Recém chegado de Londres e roubado pelo seu ex-companheiro, Guilherme está decido a construir sua vida no Brasil. Depois de um casamento conturbado na capital ing...