CAPÍTULO 20 - Yago está vivo!

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O desembarque em Dubai aconteceu depois de 14 horas de voo. O fuso horário era terrível e estava exausto. Liguei para o Gui avisando que a viagem foi uma bênção. Fui para o Hotel Hilton descansar e dormi por quase nove horas. Escuto o barulho do telefone do hotel tocando lá no fundo. A recepcionista disse que o serviço de quarto estava subindo. Desliguei o telefone e levantei. Dez minutos depois, o serviço de quarto bate na minha suíte e vou atender - só de cueca -. Abro a porta e quase morro do coração.

― Meu Deus, é você. ―  foi a única coisa que consegui falar antes de desmaiar. Eu sempre achei que ele estava morto e agora, do nada, eu reencontro aqui em Dubai. A lembrança de meus pais vieram a minha mente. Eu me recusava a lembrar deles em qualquer hipótese, mas agora eu não me controlava. Ainda estava desmaiado, mas podia sentir a presença de meus pais perto de mim. Eu não acreditava que ao invés de ficarmos juntos, ele preferiu fugir e não dar notícias.

Faz 11 anos que meu irmão fugiu e não deu notícias. Sempre procurei por ele pelo Brasil inteiro e nunca o encontrei. Na época que ele fugiu, ele tinha 18 anos ficou por vários dias sumidos e encontraram o um corpo boiando de um adolescente na Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois da confirmação da "morte" do meu irmão, parei as buscas para encontrá-lo e sempre vivi sofrendo por ser sozinho no mundo. Nossos pais morreram quando eu tinha 19 anos e meu irmão, 16 anos. Assumi a pequena empresa que meu pai tinha no fundo de casa - que é o Grupo Van Der Benzi -. Em poucos anos, consegui transformar aquela pequena empresa em uma das empresas de arquitetura e empreendedorismo mais famosa do Brasil. Queria ter crescido junto com meu irmão no comando das empresas, mas aquele imbecil tinha "morrido" até então. Os meus sentidos estavam voltando e  abri os olhos. Minha vista estava embaçada. Minutos depois, minha visão volta ao normal. Acreditava estar diante de um espírito.

― Você não é real. ― falei relutando contra a verdade.―Meu irmão está morto. ― disse eu com os olhos fechados. Abri os olhos e ele não estava na sala. Fiquei procurando ele e de repente, ele surge com um copo de água.

― Beba este copo de água. ― entregou-me.

― Você é real. ― sentei no sofá.

― Me perdoe.― disse Yago olhando em meus olhos.―Eu não queria ter feito você me encontrar desta maneira, Yuri. ― Disse.

― Eu te procurei por dias e quando encontraram o corpo daquele jovem no lago e veio a confirmação que era você, meu mundo desabou. ― Chorei. ― Eu queria ter cuidado de você, ter te dado carinho como um pai. Mas você tinha morrido. ― virei o copo de água.

― Mil desculpas, irmão. ― chorou. ― Aquele corpo do menino no lago  arrastei até a margem. Tirei a roupa que ele estava e vesti a minha. ― contou chorando. ― Depois, entrei escondido no IML e troquei os frascos de sangue. ― concluiu.

― Por que fez isso? ― perguntei querendo respostas.

― Porquê eu achava que você não me queria por perto. Eu achava que seria um estorvo pra ti. ― chorou compulsivamente.

― Como eu não te queria? ―  perguntei incrédulo.―Se você era minha única família, Yago? ― falei. ― Tudo que eu mais queria era ter te criado e juntos poderíamos ter comandado a empresa de nosso pai. ― disse sorrindo.

― Por muitas vezes eu queria ter voltado ao Brasil e ter te contado a verdade. ― falou olhando pro nada.―Mas não sabia sua reação. ― sorriu.

― Me dá um abraço? ― pedi.

― Todos que você quiser. ― sorriu Yago e me abraçou forte.

― Você trabalha como serviço de quarto em Dubai sabendo que é herdeiro de uma grande fortuna também. ― falei sem acreditar. 

― Não se preocupe.― falou Yago enxugando as lágrimas.―Amanhã mesmo vou pedir demissão. ― contou decidido.

O Chefe  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora