SUSPEITOS

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Os olhos atentos e acusadores de todos olham a sala a uns os outros. Cada par de olhos acusam todos, na sala há um cadáver e cinco suspeitos e no quarto no segundo andar três crianças dormindo. O meu tapete perca egípcio está ensopado de sangue. A energia na sala é a pior possível, eu já matei muito mas nunca fiquei vendo os cadáveres esfriar.

Não temos nenhuma expressão em nossos rostos, o corpo do Enzo sem vida deixa a sala ainda mais sombria.
Eu não tenho a mínima ideia de quem seja o assassino e o silêncio que impera na sala é insustentável.

- O que vamos fazer com este corpo? - questionou Arthur se aproximando do cadáver e olhando com um certo desprezo. - Daqui a pouco amanhece e tanto a Débora quanto a Lulu pode acordar e dá de cara com cadáver.

- Temos que dar um jeito nisso antes que elas vejam e fiquem traumatizadas. - disse Martin.

- Só se for a Débora. Por que a Lulu não faz a linha traumatizada. - insistiu Leandro.

Eu e a Brittes estamos ainda caladas e sem nenhuma expressão facial e todos os cinco vivos da sala tem as mãos de sangue.

- Vamos chamar a polícia? - perguntou a Brittes totalmente assustada.

- Não. - se manifestou Leandro. - Vamos enterrar esse desgraçado numa cova rasa num lixão qualquer. Pra que algum urubu devore essa carne podre.

Em anos de convivência com o meu filho, nunca tinha visto ele falar palavras tão duras e com tantos desprezo.

- Alguma ideia? - perguntei.

- Eu posso ajudar. - disse Arthur. - Vamos jogá-lo no mar.

Martin olhou pro Leandro e em seguida olharam pro Arthur em concordância, a Brittes foi ao escritório e voltou entregando uma caixa a Martin.

- O que é isso? - perguntei.

- A chave do meu iate. - disse Martin.

Os três machos alfa pegaram o corpo do Enzo e enrolaram no tapete e ficou parecendo um rocombole ou algo do tipo.

- Eu vou com o Arthur e com o meu tio e a senhora e a Brittes irão ficar e vão apagar todas as imagens das câmeras de segurança e eliminar todos os vestígios de sangue. - falou Leandro numa forma ríspida.

Concordei com a cabeça e eles saíram segurando o  tapete, eu fui pro computador do escritório e coloquei a senha e comecei a zerar as imagens das câmeras. A Brittes do meu lado me ajudava pelo tablet, o sol já desponta no horizonte muito quente.
Na mesa o celular do Leandro começa a tocar freneticamente, eu olho a tela e vejo que a chamada é de Vovô.

- Pai? - falei muito feliz.

- Filha mais uma vez nos pregando peças. O Leandro me contou da sua segunda ressurreição.

- Pai estou morrendo de saudades de você seu velho coroco.

- E você não perdeu tempo e já me deu mais um neto. - ele debochou.

- Claro e como as notícias correm... Pai agora me diz quem é um tal de João Miguel Perez?

Como eu não me lembro desse tal João Miguel, eu vou apelar pro ancião da família que no caso específico é o meu pai.

- O João é filho da minha falecida irmã Luzia, ele morou conosco na adolescência e namorou com você por uns cinco anos. Era um garoto problemático que esteve preso por anos.

- Pai eu pensei que eu só tinha namorado o Bento.

- Você largou o João pra namorar o Bento e essa atitude o seu primo nunca perdoou.

Consequências do Abandono Onde histórias criam vida. Descubra agora