GRAND FINNALE

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- Esposa? - ele se levantou bruscamente e ficou de pé em minha frente. - Do que a senhora está falando?

- Você não se lembra de mim? - perguntei me aproximando cada vez mais.

- Eu não me lembro de nada, só sei o que os médicos e enfermeiros me contaram. Eu cheguei nessa clínica aqui a oito anos atrás sem saber andar, falar, e sem memória.

- Que tragédia. - me fiz de desesperada levando a mão ao peito de forma teatral. - Eu estou aqui pra te ajudar meu querido.

- O que você sabe do meu passado? - ele perguntou e voltou a sentar-se novamente no banco.

Essa era a chance que eu preciso pra contar uma história triste e dramática pro Arthur, ele não tem memória e qualquer coisa que eu contar no jeito certo ele irá acreditar. Eu sou uma gênia e tenho uma boa e mirabolante história pra contar pra ele.

- Seu nome é Arthur Paiva, o meu esposo. - fiz uma pausa e peguei um lencinho na bolsa pra secar as minhas lágrimas que caía. - Eu te conheci a quase dez anos atrás numa festa aqui na cidade, você  era um jovem da alta sociedade que adorava desenhar e eu uma bailarina.

- E qual o seu nome? - Arthur me interrompeu.

- Eu me chamo Lucrécia. - voltei a contar a "história" pra ele. - Passamos aquele noite juntos, estávamos felizes e sob efeito de álcool... Transamos e não nos protegemos.

- O que isso quer dizer? - ele perguntou se assustando com a história.

- Algumas semanas depois eu tive a melhor notícia da minha vida: Eu estava grávida.

- Então... Eu tenho filho?

- Tivemos o Leandrinho, um garoto lindo e tem esses seus olhos. - botei o meu dom de atriz em ação e comecei a chorar. - Depois do nascimento do nosso filho, éramos o casal mais feliz do mundo... Até que você sumiu sem deixar pistas, e até hoje eu procurava desesperadamente por você.

- Eu sumi do nada e sem deixar pistas?

- Sim Arthur. - me sentei ao lado dele e enxuguei nossas lágrimas. - Você só viu o nosso filho uma única vez antes de sumir.

- Isso não pode ser verdade, eu não me lembro de nada. - segurei a mão dele. - Lucrécia e a quantos anos eu sumir?

- A oito anos, três meses e vinte dias. - peguei na maleta do Martin todos os papéis que comprovavam o nosso casamento e a certidão de nascimento do Leandrinho. - Essas são as provas de que tudo que eu te falei é a mais pura verdade. - entreguei os documentos a ele.

Ele examinou os papéis minuciosamente e parecia ter dificuldades pra ler o que estava escrito, ele virou os documentos de cabeça pra baixo e colocou quase em cima dos olhos.

- Tá com alguma dificuldade? - questionei me aproximando. - Não está conseguindo ler?

- É que eu reaprendi a ler e escrever recentemente, com a ajuda dos médicos e estou cursando a sétima série do ensino fundamental.

Aí que dó dele, ele perdeu a memória e todo o conhecimento adquirido com o tempo. Então ele não é médico.

- Arthur meu amor eu irei lhe tirar desse lugar e te levar pra nossa casa, pra ficarmos juntos com a nossa família e dar muito amor ao nosso filho.

- Quando você se refere a nossa família, a quem você se refere?

- Eu tenho o Martin que é meu filho adotivo, o Leandro meu filho mais velho, a Débora que é filha de uma falecida amiga e a Brittes que é a minha nora. E o nosso Leandrinho.

Consequências do Abandono Onde histórias criam vida. Descubra agora