QUEM RIR POR ÚLTIMO (parte III)

78 7 16
                                    

- Você matou a Vitória? - a Bárbara se aproximou e me empurrou contra o chão. - Você acabou com a Vitória, justo agora que ela iria fazer um grande favor pra mim.

Me levantei do chão com a ferocidade de um felino e empurrei a Bárbara contra a parede, apertei o pescoço dela numa força que eu não imaginava ter.

- Onde está a minha família? O que você fez com todos eles?

- A essa hora eles devem estar sendo enterrados numa cova rasa de um cemitério chifrin e sem direito a coroa de flores.

Dei um tapa na cara dela pelas blasfêmias que ela falava, eu não posso aceitar que os meus filhos, o Martin e a Débora estejam mortos. Eu não sou mais nenhuma adolescentes pra refazer a minha vida novamente, eu não imagino a minha existência sem eles.

- Você foi capaz de matar os seus sobrinhos? - apesar da Bárbara não ter convívio com os meus Leandros, ela é tia deles e tem o mesmo sangue correndo nas veias.

- Eu vou matar você que é a minha irmã gêmea e que está comigo desde o útero da mamãe. - ela deu um sorriso de deboche. - Imagino o que eu não fiz com o seus filhos.

Ao ouvir esses desaforos eu me joguei pra cima dela e comecei a esbofeteia-la de uma forma feroz, ela tentava se defender dos socos que eu deferia contra ela mas eu não dava espaço pra defesa. Ela deva varias risadas enquanto apanhava, passei a minha unha na cara dela e vi o sangue escorrer pela face da minha irmã.

- Você tirou sangue do meu rosto. - ela percebeu quando passou a mão no rosto e os dedos ficaram cheios de sangue. -  Eu te mato vadia.

Ela me empurrou com toda a força e eu por estar fraca e quase debilitada, eu cair no chão e bati a minha cabeça na mesa de centro que estava perto do corpo da Vitória. Ao bater a cabeça eu comecei a ficar tonta e com a visão escurecida, vi a Bárbara saindo pela porta do quarto e tentei me levantar pra sair mas a minha cabeça doía muito. Me equilíbrei na mesa de centro e me levantei rapidamente e fui atrás da Bárbara.

Eu fui em direção a sala e vi a Bárbara jogando uma caixa no chão e em seguida saiu pela porta em direção ao elevador, eu corri e peguei a caixa e dentro só havia uma chave de carro e é lógico que eu peguei a chave e fui atrás dela. Quando cheguei no elevador ele já estava se fechando mas ainda conseguir entrar a tempo, quando entrei eu apertei o pescoço da Bárbara.

- Eu sou super a favor da causa gay mas tudo tem um limite. - disse uma velhinha que estava no elevador ao nosso lado, a anciã pensou que eu e a Bárbara estivéssemos namorando. - Espere chegar em casa pra se pegarem.

- Eu e a minha parceira vamos nos comportar. - disse Bárbara de forma sinica. -  Desculpa qualquer coisa senhora.

- Claro minhas filhas e parem com essas coisas de sexo selvagem, o estado físico de vocês é pavoroso. - ela pensou que o machucado do meu corpo era resultado de uma noite de amor.

- Vamos ser mais cautelosas. - falei pra senhorinha, entrando na onda. - Isso não vai se repetir.

- Assim espero. - disse a velha e saiu do elevador, andou um pouco e olhou pra trás. - Juízo viu.

- Sim senhora. - eu e a Bárbara respondemos em coro e demos um tchau forçado pra aquele velhinha maldosa.

Quando o elevador se fechou novamente eu e a Bárbara começamos a nossa sessão de MMA, ela me acertou um chute na coxa e eu desequilíbrei mas parti pra cima dela dando vários socos na cabeça dela. Depois de um tempo o elevador chegou ao primeiro andar e a porta se abriu.

- Vai se ferrar Lucrécia. - a Bárbara me empurrou outra vez e dessa vez eu cair.

Ela saiu correndo em direção ao estacionamento do prédio e eu fui atrás dela, ela entrou num sedan preto e deu a partida no carro, eu tentei abrir a porta mas não consegui. Eu imaginei que a chave de carro que eu achei no apartamento da Bárbara seria de um daquela carros, eu apertei o botão e um carro destravou e acendeu os faróis bem na minha frente. Eu um HB20  branco e super lindo, eu não perdi tempo e entrei no carro e seguir Bárbara.

Eu vi o carro dela indo no fim da rua e eu continuei a seguir-lá, passamos direto por uma blitz policial e passamos reto. O meu velocímetro marcava 160 km/h e a Bárbara deve estar nessa velocidade também, um barulho imenso começou a se aproximar do meu carro(no que eu peguei), olhei pelo retrovisor e vi uma carro de polícia me seguindo com aquela sirene ensurdecedora.

Eu acelerei mais ainda em direção a qualquer caminho que a Bárbara seguisse, o estágio de cansaço do meu corpo era imenso e fazendo uma retrospectiva eu lembro que não durmo desde o dia que acidentalmente o meu pai se envenenou com aquele peixe. Depois eu seguir a Sandra Rosa Madalena, vi ela e o João Miguel morrerem queimados, fui sequestrada pela Bárbara, acabei com o Cícero, vi a Vitória morrer e agora estou seguindo a Bárbara. Eu não sou muito boa de medir o tempo mas eu posso afirmar com quase absoluta certeza que eu não durmo a uns quatro dias (os desmaios não contam).

Continuando a seguir o carro da Bárbara, ela começou a passar por ruas estranhas e que eu nunca lembrei de ter visto, o carro da polícia ainda continuava atrás de mim e nos aproximamos da favela. A Bárbara não entrou na favela e nem na entrada da zona rural, nem na entrada que vai em direção ao litoral, depois de uns quarenta minutos de perseguição ela entrou no parque estadual da cidade.

Passamos pela parte do parque e entramos na trilha da mata fechada, a qual eu conheço muito bem. Essa trilha da diretamente no penhasco, penhasco no qual eu queria me jogar na noite chuvosa em que fui abandonada no altar pelo Bento, mas só não entendi o porquê da Bárbara está me levando pro penhasco.

Penhasco é tão clichê, sempre tem um filme ou novela que o vilão despenca de cima de um penhasco. Mas a frente o carro da Bárbara desapareceu numa curva, eu continuei o caminho e mas a frente vi o carro parado. Eu acelerei mais ainda e dei um tombo no carro que caiu penhasco a baixo.

Sair do meu carro (do que peguei) rapidamente e vi o carro da Bárbara incendiado lá no meio do parque.

- Tá me procurando lá em baixo? - questionou Bárbara atrás de mim.

Imaginei que ela estivesse carbonizada no carro lá no chão, a esperta saiu do quarto e com certeza imaginou que eu ia jogar o carro dela pra baixo e saiu antes.

- Eu deveria ter imaginado que você não estava no carro. - falei. - Você tem vários defeitos mas não é 100% burra.

- Nossa guerra acaba aqui Lucrécia e a vitoriosa com certeza será eu. - a Bárbara retirou uma faca do bolso do colete e começou a se aproximar de mim. - Se sabe rezar irmã, comece agora mesmo e quem sabe garantirá seu lugar no paraíso.

Eu comecei a me afastar da Bárbara e ficar mais próximo da queda do penhasco.

- Bárbara eu não tenho medo de você. - me abaixe e peguei uma pedra e acertei na perna direita dela.

Ela titubeou e se desequilibrou, dando espaço pra eu poder acertar um pontapé na mão dela e a faca caiu no chão. Eu empurrei ela pro chão e comecei a espanca-lá com muita força, acertei um chute na boca dela e um dos dentes caiu no chão junto com um pouco de sangue.

- Você quebrou o meu dente. - ela me empurrou e eu me bati no carro.

- Quebrei o dente e agora vou quebrar o seu pescoço. - me levantei e fui pra cima dela mas ela veio pra cima de mim com a faca.

Eu estava caída no chão e a Bárbara por cima de mim pronta pra enfiar aquela faca no meu pescoço.

- Aqui acaba sua jornada nesse mundo irmãozinha. - ela levantou a faca acima da cabeça e estava prestes a me matar.

- Parada ou eu atiro. - gritou um homem vestido de policial com um revólver em punho.

- Alegrias de pobre duram pouco né Bárbara. - debochei.

A Bárbara me pegou pelos cabelos e me levantou do chão me fazendo de escudo humano.

- Se vocês se aproximarem eu mato ela. - gritou a Bárbara.

Consequências do Abandono Onde histórias criam vida. Descubra agora