QUATRO

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Abro os olhos pesados com muita dificuldades e vejo pessoas estranhas me olhando, todos de branco provavelmente enfermeiras e médicos e eles me olhavam como se eu fosse um extraterrestre que acabou de pousar na frente deles. Alguns choravam, outros batiam palmas, outros riam e levavam a mão até a boca e uma enfermeira baixinha e loira se aproximou de mim.

- Oi você tá conseguindo entender o que eu falo?

Eu continuei calada pois não sabia o que falar, essas pessoas parecem tão estranha e eu só tenho certeza de uma coisa: estou num hospital. Mas por que estou aqui nesse lugar tão frio e rodeada de pessoas.

- Qual o seu nome? - questionou a enfermeira.

Eu fui tentar falar mais meu corpo inteiro doía e minha cabeça parece que vai explodir, parece que tinha um trio elétrico dentro do meu cérebro e cantando a metralhadora.

- Eu não sei. - eu não me lembro de nada. - Quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui nesse hospital?

Eu comecei a me agitar e percebi que eu estava cheia de aparelhos por mais que eu tentasse eu não me lembrava.

- Calma senhora... Doutor por favor. - a enfermeira chamou e um jovem, muito jovem por sinal entrou na sala. - Doutor ela acordou.

O jovem era moreno, alto, cabelos negros, olhos tão castanho, os músculos escondidos pelo jaleco, as mãos largas e os dedos sedosos passaram pelo meu braço e começou a medir minha pressão arterial e um monte de médicos se aglomeraram perto de mim e me aplicaram um sedativo.

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Quando eu abro os olhos ainda sonolenta vejo o jovem médico me olhando com um largo sorriso no rosto e olhando fixamente pra mim.

- Oi... Como está a minha paciente preferida?

- Como eu vir parar aqui? E quem eu sou? - eu não queria papo, apenas saber o que eu faço nesse quarto de hospital.

- Ontem fez quatro anos que você deu entrada aqui no hospital, estava sem documentos. - ele se sentou na minha cama ao meu lado. - Você tomou uma porrada na cabeça num acidente de carro e na queda foi arremessada pra fora do carro.

- Qual o meu nome? - perguntei.

- Por você ter vindo parar aqui sem identificação nós colocamos seu nome de Babi.

- E no carro que eu estava não tinha nada que lembre meu passado?

- O carro estava carbonizado e a polícia não encontrou identificações. E o maior milagre é você ter saído do coma depois de quatro anos.

- E nesses quatro anos ninguém me procurou?

- Não. - ele respondeu friamente.

Quanto mais eu fazia esforço pra lembrar quem eu era, a minha cabeça doía intensamente e nenhum flash passava por minha cabeça.

- Então doutor, como eu cheguei aqui? Qual era meu estado?

- Você tava desacordada e bastante machucada, a cabeça estava bastante danificada e você tinha um coágulo de sangue próximo ao cérebro retirado numa cirurgia daí pode ter vindo a falta de memória e uma fratura na perna esquerda e enquanto você esteve sedada fizemos testes e não há 100% de movimento na perna esquerda.

Além de desmemoriada eu tenho uma perna imóvel.

- Qual o seu nome doutor? - perguntei.

- Sou Arthur médico da cidade de Nove Joia, uma cidade no interior do Rio de Janeiro.

- E eu sou a Babi? - eu não me lembrava direito o que o doutor tinha falado.

- Foi esse nome que nós médicos te demos já que não sabemos o seu de verdade. - ele colocou algo no meu soro. - Agora durma que já são quase dez da noite.

Consequências do Abandono Onde histórias criam vida. Descubra agora