Vulnerável

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Eu ajudo as pessoas a lidarem com seus problemas, não deveria ser tão difícil lidar com os meus.

Todas aquelas coisas ainda estão aqui na minha mente, me impedindo de dormir.

Algumas bruxas estão muito irritadas comigo, é bem provável que algumas delas queiram vingança, mas não é isso que esta me incomodando.

Klaus Mikaelson. Gostaria de culpa-lo, de ter raiva, de querer me vingar, faze-lo pagar. Não queria estar sentindo isso.

Todo o tempo que passei com ele, me fez sentir compaixão. De um jeito estranho, eu gostava dele.

Bem, ele me usou pra conseguir o que queria, nada mais. Mas apesar disso ele foi...gentil e me manteve firme em seus braços enquanto eu chorava feito uma garotinha assustada.

Eu nunca deveria ter aceitado a proposta de Elijah. 

Nunca deveria ter tido esperança em Klaus, mas eu ainda tinha, neste aspecto eu entendia Elijah perfeitamente.

Eu preciso de uma bebida.

Procuro minhas roupas em meio ao apartamento bagunçado, e me visto rapidamente. Coloco meus óculos escuros e saiu pelas ruas agitadas de Nova Orleans.

Entro no bar, sem me importar com os olhares que recebo. É, os vampiros não vão muito com minha cara, não depois de eu ter matado seus amigos.

Eu só preciso organizar esses sentimentos, e depois eu vou pra bem longe daqui.

-Meio cedo pra beber, não é?- ele diz, se setando ao meu lado.

Sorrio irônica e bebo um pouco mais do meu uísque.

-O que você quer, Klaus?- perguntei, sem olhar pra ele.

Ele ficou em silencio, encarei ele. Interessante, Klaus Mikaelson sem saber o que dizer.

-Saber como você esta- ele deu de ombros.

-Bem. Agora se você não se importa, eu prefiro ficar sozinha- disse, pedindo outra dose pro barman.

-Isso significa que que não teremos mais nossas seções?-seu tom bem humorado me irritou.

Respira. Inspira. Se acalme, não vale a pena explodir com ele.

-Ah não, já compreendi você perfeitamente- virei o copo de uma vez, deixei o dinheiro sobre o balcão, e sai.

-É mesmo? e você pretende me dizer ou...?- ele disse, me seguindo.

-Porque você não me deixa em paz? Esse seu jogo idiota terminou, você não pode me usar mais- disse, me alterando um pouco- o que você quer, afinal?

E novamente, ele estava sem palavras. Ele abriu a boca tentando dizer algo, mas nada saiu.

-Eu sei a verdade sobre você, Klaus Mikaelson - disse séria, fitando seus olhos- você não passa de um garotinho assustado, com medo de ficar sozinho. Você usa sua força pra manter seus irmãos por perto, por que sabe que eles não suportam você e essa sua paranoia. Você se esconde por trás dessa mascara de monstro e machuca todos que tentam se aproximar. Eu tenho pena de você. No final, você vai acabar sozinho e infeliz, tudo por culpa sua.

Pela primeira vez, lá estava ele, com uma expressão vulnerável, cenho franzido, olhar ferido. Eu havia acertado num ponto doloroso. Ele levou alguns segundos pra se recuperar, logo sua expressão irônica estava de volta.

-Até logo, April- ele sorriu amargo, então se foi.

Mas que merda, o que foi que eu fiz?

...

-Ele é o vilão da história, não eu- resmunguei, enquanto jogava minhas roupas na mala.

-Já está de partida?- dei um pulo, ao ver o original de terno ao meu lado.

-A porta fica bem ali, Elijah- resmunguei- sim, acho que já esta na hora de ir.

-Imaginei que você não iria sem antes encerrar seu trabalho- ele disse, me analisando- você raramente deixa seus pacientes.

-Nenhum deles reviveu a assassina louca dentro de mim- disse, jogando as roupas de qualquer jeito- e Klaus não é um dos meus pacientes habituais, as coisas saíram do controle.

-Suponho que vocês tenham conversado, bem, Niklaus estava muito calado e pensativo, parecia até...

-Eu posso ter dito algumas coisas que não deveria- admiti, me sentindo culpada- eu estava irritada, fui dura demais.

-Sei que você não tem motivos pra perdoar os atos de Niklaus - Elijah sorriu- mas também te conheço o suficiente pra saber que você se importa com ele, me arrisco a dizer que tem esperança nele, assim como eu.

-Não me peça pra ficar, Elijah- murmurei, incapaz de encara-lo e provar que ele estava certo.

-Apenas converse com ele antes de partir - ele disse, erguendo meu rosto de modo gentil- sei que esta se sentindo culpada, e que não deveria. Lembre-se dos conselhos que me deu, April.

-Tudo bem- sorri- agora por favor, me ajude a fechar essa mala.

Ele sorriu e me ajudou. Elijah havia evoluído muito, gostava do que meu velho amigo havia se tornado.

Agora era minha vez de ouvi-lo, e tirar essa sensação de culpa dos meus ombros.

Tudo que eu tenho que fazer é me certificar que essa sensação vá embora e me despedir, o que pode dar errado?








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