Primeiro, eu estava numa completa escuridão, intensa e sufocante. E então, despertei.
Eu não sabia onde estava, nem como havia chegado ali. Eu me sentia dentro de um filme de terror. Conseguia ouvir os gritos, mesmo sem saber de onde vinham, a trilha de sangue no chão, talvez deixada por um animal.
-Olá? Tem alguém aqui?- sussurrei.
A única porta visível era no final do corredor escuro. Era a minha chance de escapar, ou de acabar morrendo.
Klaus me encontraria, tenho certeza que ele estava procurando por mim. Logo ele chegaria e me salvaria.
Assisti, completamente aterrorizada, a garota ensangüentada descer as escadas correndo. Seus olhar era de puro medo, ela estava fugindo de alguma coisa.
-Vai há algum lugar, Sweetheart? –aquela era voz incrivelmente familiar.
Klaus estava no topo da escada, os olhos escuros, o rosto sujo de sangue.
-Por favor, por favor, não – a garota implorou.
Numa velocidade inumana, ele se pôs a frente dela e sorriu. Como um animal que ataca sua presa, ele a matou. Sugou todo o sangue da pobre garota, deixando seu corpo sem vida no chão.
Estava em choque, não conseguia me mover. Eu não conhecia aquela criatura sádica na minha frente.
Seu olhar finalmente encontrou o meu. Ele não parecia saber quem eu era, sabia o que eu era. Uma presa.
Sem pensar duas vezes, parti a toda velocidade pelo corredor, deixando tudo aquilo para trás.
Irrompi pela porta com tanta força, que acabei caindo no chão. A grama era macia, a luz do sol estava iluminando tudo a minha volta. Não havia mais casa, apenas arvores.
Segui a trilha, ouvindo os sons dos pássaros, tentando acalmar meu coração.
-Me ajude, por favor, me ajude – uma voz infantil gritava.
O garotinho chorava, assistindo sua casa em chamas.
-Esta tudo bem – segurei sua pequena mão- vai ficar tudo bem.
-Mamãe ainda está lá dentro- ele soluçava- ajude-a.
Apesar das chamas e da fumaça, eu consegui entrar na casa. O choro feminino vinha do quarto, ela não estava sozinha.
Eu sabia o que ele ia fazer, mas não ficaria parada assistindo dessa vez. Peguei na mão da mulher e a puxei pra longe dele.
Sai da casa, meio tonta pela fumaça. O menino e sua mãe se abraçaram felizes, mas então ele surgiu atrás dela.
A mão de Klaus atravessou o corpo da mulher, arrancando seu coração do peito. O menino gritava apavorado.
-Porque você fez isso, por quê?- gritei.
Em silencio, ele se aproximou. E como se eu eu não fosse nada, quebrou meu pescoço.
...
Despertei assustada, com a sensação das mãos de Klaus no meu pescoço.
Eu estava em casa, ou melhor, na mansão dos Mikaelson's.
Elijah com toda certeza me ajudaria a entender o que estava acontecendo.
-Elijah? Kol? – chamei, andando pela casa.
-Sweetheart - Klaus veio até mim.
Ele não parecia com um monstro dessa vez, era apenas o Klaus que eu conhecia.
-Você me deixou assustada – murmurei, fitando seus olhos.
-Você está bem agora, está comigo - ele me abraçou.
Tinha algo de muito errado com sua voz, me afastei dele, só então percebendo os corpos minha volta.
-O que você fez com elas?
-Ela me traíram, me deixaram – ele sorriu, mostrando suas presas ensangüentadas.
-Você é um monstro – sussurrei.
'Acorde, Sweetheart'
-Todo esse sangue inocente nas suas mãos...
'Acorde, April. Vamos lá meu amor, sei que você pode me ouvir.'
Fitei Klaus, confusa, havia dois deles. Uma besta cruel. E o outro era apenas.... ele, com um olhar preocupado.
-O que está acontecendo?
-Minha mãe te enfeitiçou -ele disse, seu olhar fixo no meu – você precisa acordar, Sweetheart.
A besta se aproximava cada vez mais, pronta pra me atacar.
-Ele vai me matar- disse, sentindo todo o meu corpo paralisar.
-Você é mais forte do que ele –Klaus se pôs ao meu lado, segurando minha mão- Toda essa escuridão não é nada comparado a sua luz. Não tenha medo.
Fechei meus olhos quando a criatura avançou em mim. Não senti dor, nem medo, apenas meu coração pulsando acelerado contra o meu peito.
'Acorde, meu amor. Sei que você consegue'
Eu estava ofegante e suada, mas estava segura. Me sentei na cama, me acalmando aos poucos.
Klaus me olhava temeroso, esperando que eu dissesse algo.
-Aquilo foi real?- perguntei.
-Você teve um vislumbre de um dos meus lados mais obscuros – ele disse, se sentando na beirada da cama- cortesia de Esther.
-Foi...aterrorizante- me levantei, era estranho ficar tão perto dele.
-Eu não sei o que você viu- ele também se levantou, mas manteve uma certa distancia – mas pelo jeito que você está olhando pra mim...algo está diferente.
-Eu só...não estava preparada – disse, tomando coragem e me aproximando dele.
-Você está com medo de mim – ele disse, reconheci a dor em sua voz.
-Você é tão terrível- acariciei seu rosto- tão letal.
-Eu não posso perder você, April.
Ele não me perderia. No fundo eu já sabia do que ele capaz, sabia das monstruosidades que ele fez no passado, só estava surpresa por ver tudo assim, tão de perto. Eu sabia quem ele era, agora, comigo. Eu o amava tanto, nem mesmo todas aquelas visões seriam capazes de mudar isso.
-Você não vai - disse, vendo alivio em seus olhos – todos nós temos lados obscuros, desde do começo eu fui atraída pelo seu. Seja sua mãe, seus demônios, sua paranóia, ninguém será capaz de me afastar você. Eu te amo, Nik.
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DarkSide ♦ The Originals
VampireElijah, cansado de buscar a redenção de seu irmão, resolve tentar algo diferente. Enquanto ele resolve a guerra que Klaus iniciou em New Orleans, deixa seu irmão nas mãos de uma velha amiga formada em psicologia. A ideia era tentar trazer clareza à...