Capítulo 1

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Desde que cresci fui criada pra ser forte, madura e independente. E sabe, acho que lido bem com isso, porém algo que me faz perder totalmente a cabeça é falar mal de uma pessoa pelo que ela aparenta.

Um exemplo disso sou eu... Perdi a conta de quantas vezes implicaram comigo na escola por me vestir assim (de forma "caprichada") , ou quantas vezes me falaram: " Eu achava que você era metida", "Te achava fresca", "Você é muito patricinha".

Não gosto disso, e duvido que tenha alguém que gosta de ser chamado do que não é (excluindo alguns hipócritas).

Deixe-me apresentar quem eu sou: Me chamo Lua Alonso Borges, tenho vinte e um anos, 1,65 de altura, um corpo ao meu ver bonito, cabelos loiros médios, olhos azuis, curso engenharia mecânica, minha única paixão é por rosa e não pretendo arrumar outra paixão por enquanto.

Apertei, repetidamente, o botão do elevador e aguardei. Lua Alonso, amanhã você faz mais um ano, e ainda não descobriu que apertar várias vezes o botão do elevador não vai fazer ele subir mais rápido.

Cheguei no meu andar e vi a vizinha (Branca) com seu filho (Murilo) carregando vasos de planta.

- Oi gente.- Cumprimentei os vizinhos que responderam com um sorriso.

Entrei no apartamento e quase caí ao tropeçar em uma bolsa. Está na hora de arrumar esse lugar.

Foi o que eu comecei a fazer. Após dar uma arrumada na cozinha, porque minha amiga conseguiu tirar tudo do lugar, fui para a sala tirar poeira dos móveis e enquanto fazia isso estava ouvindo e cantando a música Tempos Modernos do Lulu Santos:

"Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa..."

- CHEGOU UM PACOTE.

Fui interrompida por algum entregador e quando abri a porta o porteiro me deu uma caixa acompanhada de uma folha e uma caneta.

Esqueci de contar um detalhe, tenho meu próprio apartamento, não são meus pais que me bancam, pois como eu disse sou bem independente.

Depois de passar no vestibular fiz as malas e fui pro apartamento que tinha em vista alguns meses antes. Trabalho em um escritório pequeno (aqui no centro da cidade) onde as pessoas costumam ir pra financiar imóveis e essas coisas. Moro nesse apartamento desde os dezoito, e é bem confortável, nunca precisei de um centavo dos meus pais e eles se orgulham disso mas ao mesmo tempo se sentem mal por acharem que eu não via a hora de sair casa para viver sem eles no meu pé (o que, em partes, é verdade). Ser filha única é complicado quando você toma essas decisões.

- Não vai assinar!?- Perguntou com ignorância.

Não respondi, apenas assinei e peguei meu pacote, a síndica já recebe reclamações o suficiente a respeito desse porteiro (acho que ele só não foi substituído por ser tão bonito), não vou ficar aqui discutindo se não vai me levar a nada.

Abri a caixa e nela estavam todos os meus pertences do escritório. Comecei a me desesperar e então vi a carta:

"Senhorita Alonso, infelizmente estamos cortando gastos e essa manhã percebemos o quão desnecessário é o seu cargo no escritório já que ninguém te leva a sério. Não menosprezo seus serviços, apenas acredito que eles não são tão relevantes no momento e por isso resolvi deixar todas as coisas em seu apartamento pra que não tenha o trabalho de voltar aqui amanhã. Seu salário será depositado no fim do mês, obrigado pela compreensão."

Hipocrisia Cor de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora